📅 Publicado em 16/10/2025 15h58
O comandante do Comando de Policiamento Regional XIV (CPR-XIV), coronel Dayvid Sara Lima, informou que uma sindicância para apurar os fatos envolvendo integrantes da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Parauapebas será aberta ainda nesta quinta-feira (16).
Na noite de segunda-feira (13), após um acidente de trânsito, policiais militares foram até a sede da Guarda Municipal e conduziram sete agentes à Delegacia de Polícia Civil.
O anúncio foi feito pelo coronel durante uma coletiva de imprensa realizada na noite de quarta-feira (15), com a presença do secretário Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi), Hipólito Gomes, que reforçou o compromisso de manter a integração entre as forças de segurança do município.
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De acordo com o coronel Dayvid, o objetivo da apuração é esclarecer o que aconteceu durante a ocorrência que resultou em desentendimento entre agentes das duas instituições. “O fato em si vai ser, de forma bem detalhada, apurado na sindicância que está em abertura agora. Qualquer atitude ou desinteligência que tenha ocorrido ali precisa ser analisada para que a gente possa garantir uma resposta verdadeira, ouvindo ambas as partes e dando ampla defesa e contraditório a quem quer que seja”, afirmou o comandante.
Ele reforçou que, neste momento, há muita especulação circulando sobre o caso e que a apuração será fundamental para trazer esclarecimentos e transparência. “Existem muitas pessoas falando e até observando algumas coisas de forma irresponsável. Isso acaba, em efeito manada, fazendo outras pessoas tomarem como verdade. Nada melhor do que a apuração para esclarecer isso”, destacou.
O secretário municipal de Segurança, por sua vez, ressaltou que a prioridade é garantir a tranquilidade da população e reafirmar a união entre os órgãos de segurança. “A nossa preocupação prioritária é a segurança do município. Desde a primeira vez que fui secretário, sempre defendi a integração entre as forças. De forma alguma queremos que nada crie uma cisão entre Polícia Militar e Guarda Municipal”, declarou.
Durante a coletiva, tanto o secretário quanto o comandante reforçaram que o trabalho conjunto entre as instituições continua e que o episódio não deve abalar a parceria construída ao longo dos anos. “As instituições trabalham de forma integrada, e isso não deve acabar. Se a integração se enfraquecer, o outro lado, o crime, se fortalece. Não pode haver vaidade. As instituições são mais fortes do que qualquer pensamento contrário”, afirmou o coronel Dayvid.
Ele acrescentou que já conversou com os policiais militares envolvidos e que novas reuniões serão realizadas com representantes da Guarda Municipal. “Me coloco à disposição para conversar com o comandante da Guarda e com os agentes, para ouvir as dúvidas e esclarecer pessoalmente o que for necessário”, finalizou.
A Guarda Municipal de Parauapebas recebeu, na manhã de quarta, a visita do diretor do Conselho Nacional das Guardas Municipais (CNGM), Eliel Miranda, que saiu de São Paulo para acompanhar de perto os desdobramentos do conflito entre guardas municipais e policiais militares ocorrido na cidade.
Durante a visita, Eliel Miranda afirmou que o Conselho Nacional acompanhará o caso até o final e classificou a ação da Polícia Militar como “uma invasão” à sede. “Não há nada mais caro para a gente do que a proteção da nossa casa. O que fizeram aqui foi invadir a casa da Guarda Municipal”, declarou.
Segundo o diretor, a entidade pedirá que os policiais militares envolvidos no caso não atuem mais em Parauapebas. “O desafio agora é fazer com que os ânimos se acalmem. Isso não é sobre instituição, as instituições estão bem. Não podemos transformar isso em polícia contra guarda”, acrescentou.
TENSÃO ENTRE AS FORÇAS
Na segunda-feira, foi registrado um acidente de trânsito na Rodovia Faruk Salmen, no Bairro Vila Rica, envolvendo um Chevrolet Onix prata e uma moto Honda Fan preta.
Segundo informações colhidas pelo Correio de Carajás, o Chevrolet Onix teria invadido a via principal e colidido frontalmente com a motocicleta, que era conduzida por Isac dos Santos Oliveira, que seria irmão de um policial militar.
Outro policial militar, que prestava apoio à ocorrência, relatou que o condutor do carro fugiu sem ser identificado. Posteriormente, o guarda municipal identificado como Jhon se apresentou no local, como pai do motorista e acompanhado do filho, e justificou o acidente alegando que a via não possuía sinalização e que não havia preferência definida.
Em meio a isso, segundo registrado em boletim policial, o guarda teria chamado o militar de “queda de trânsito” e impedido a execução de procedimentos, como o teste do etilômetro no filho. O policial chegou a dar voz de prisão ao guarda, que teria colocado a mão na arma, mas não a sacou. A prisão, porém, não foi concluída porque outros quatro guardas, identificados como Ferreira, Matias, Monteiro e o inspetor Menezes, formaram uma barreira e impediram a ação.
Após o impasse, os guardas entraram na viatura do órgão municipal e deixaram o local, enquanto Jhon teria saído do local com o filho. Mais tarde, policiais militares foram até a sede da Guarda Municipal e conduzido os sete agentes à delegacia.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento da chegada das viaturas da PM à base da corporação, no Bairro Cidade Jardim. Nas imagens, o comandante da GM, Carvalho, tenta negociar com os militares: “Tenente, nós pedimos um tempo só para verificação”, diz. O policial responde: “Se o senhor impedir, o senhor também está em flagrante. Eu vou dar voz de prisão para o senhor.”