As plantas, quando estão sob algum estresse, não costumam sofrer sozinhas. Na verdade, elas emitem sons no ambiente que podem ser captados por criaturas que estão próximas, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, publicado na revista científica Cell.
A transmissão de sinais ultrassônicos acontecem em situações em que as plantas estão precisando de água, com feridas ou algum outro tipo de dano em suas estruturas. De acordo com os cientistas, os sons são emitidos em uma frequência entre 20 a 100 kilohertz, tão agudos que não podem ser identificados por humanos.
No entanto, insetos, como mariposa, e pequenos mamíferos, como morcegos e ratos, são capazes de captar os sinais. “Quando essas plantas estão em boa forma, elas produzem menos de um som por hora, mas quando estressadas emitem muito mais, às vezes de 30 a 50 por hora”, explica Lilach Hadany, biólogo evolucionista da Universidade de Tel Aviv, em entrevista ao The Guardian.
Leia mais:Em experimentos, Hadany e seus colegas gravaram sons produzidos por plantas de tomate e tabaco cultivadas em estufas. Plantas saudáveis emitiam cliques e estalos, mas os sons vinham em rajadas muito mais rápidas quando elas eram privadas de água ou tinham seus caules cortados.
Descoberta “emocionante”
De acordo com o estudo, a emissão dos sons atinge o pico entre o quinto e sexto dia. A frequência, então, diminui até que a planta morre. Ainda não está claro, no entanto, por onde as plantas criam os sons. A suspeita dos pesquisadores é que eles surjam de um processo chamado cavitação, onde as colunas de água em caules de plantas desidratadas se quebram, gerando bolhas de ar.
“Isso é emocionante e instigante: plantas que falam sobre seu nível de estresse”, disse Marc Holderie, professor de biologia sensorial na Universidade de Bristol, ao jornal britânico. “Embora isso pareça ser um subproduto do estresse fisiológico e não da comunicação intencional, nada impede que organismos próximos de explorarem essa informação”.
“Ninguém ainda descobriu uma orelha em uma planta, mas as plantas com certeza respondem a muitos estímulos mecânicos, então os cientistas podem querer procurar detectores de ultrassom nessas plantas”, acrescentou.
(Fonte: Época Negócios/Juliana Causin)
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