Correio de Carajás

PJ Agrária realiza escuta em comunidade ribeirinha

Promotoria Agrária foi ouvir comunidade da Vila Tauari, no município de Itupiranga

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) realizou, nesta segunda-feira (22), uma escuta social com os moradores da Vila Tauiry, comunidade ribeirinha localizada na zona rural de Itupiranga, sudeste do estado. A ação foi conduzida pela promotora de Justiça Agrária, Alexssandra Muniz Mardegan; e contou com a participação da gerente do IDEFLOR-Bio da Região Administrativa do Mosaico Lago de Tucuruí, Keylah Borges, e do secretário municipal de Agricultura, Aguiberto Rodrigues Alves.

O encontro teve como objetivo ouvir os moradores sobre os impactos da derrocagem do Pedral do Lourenção, obra que, segundo os próprios ribeirinhos, pode trazer consequências irreversíveis à pesca artesanal, principal fonte de subsistência e renda das cerca de 130 famílias da comunidade.

“Todos nós sabemos que o impacto será direto e para sempre em nós ribeirinhos, nos peixes do rio, de onde vem nossa subsistência. O rio é nossa rua, dependemos dele pra tudo”, afirmou Ronaldo Barros Macena, presidente da Associação da Comunidade Ribeirinha Extrativista da Vila Tauiry (ACREVITA). Sua fala refletiu a preocupação de toda a comunidade com as alterações no ecossistema provocadas pela obra.

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Durante a escuta social, a promotora Alexssandra Mardegan destacou o compromisso do MPPA em monitorar continuamente a qualidade da água e buscar alternativas para a preservação da pesca artesanal. Entre as medidas estudadas estão projetos de criação de peixes em tanques, que podem compensar a perda de biodiversidade.

 “O mais importante é que, por meio desse diálogo, conseguiremos construir junto à comunidade condicionantes que atendam aos seus anseios, de modo que suas atividades tradicionais não sejam integralmente inviabilizadas”, defendeu a promotora. Ela também enfatizou a necessidade de desenvolver projetos comunitários que diversifiquem a renda e aumentem a autonomia econômica da população.

A gerente do IDEFLOR-Bio, Keylah Borges, reforçou a importância da parceria entre órgãos para o monitoramento ambiental da região. Ela chamou atenção para o fenômeno de peixes mortos de forma repentina, sem causa natural aparente, e destacou que a compensação ambiental precisa considerar o modo de vida das comunidades ribeirinhas. Durante a visita, também foram discutidas medidas de controle sobre a pesca e estratégias para minimizar as perdas econômicas da população.

A escuta social evidenciou que a participação direta da comunidade é fundamental na definição de soluções que conciliem preservação ambiental e segurança econômica. Para os órgãos públicos presentes, a construção de alternativas sustentáveis só será possível por meio do diálogo contínuo com os moradores, garantindo que as tradições e a subsistência da Vila Tauiry sejam preservadas.