Após o hiato de dois anos devido à pandemia, o maior debate de ciência do mundo fora das universidades volta a acontecer presencialmente em Marabá e a fazer jus ao nome Ciência de Boteco, ou Pint of Science, como é orginalmente chamado. O festival, originado na Inglaterra em 2012 e iniciado em 2018 no município paraense, visa fazer uma extensão de conteúdos acadêmicos a ambientes não formais de maneira descontraída.
O Correio de Carajás entrevistou o coordenador do evento, professor Danilo Oliveira, biólogo e professor de Zoologia na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e ele confirmou que a quarta edição do festival irá ocorrer nos dias 8 e 9 deste mês entre 18h e 20h, no Bar Araguaia, situado na Avenida Marechal Deodoro (orla), Velha Marabá. O plus é que os participantes terão 20% de desconto no chopp do local até às 20h30.
“A ideia do evento é que os marabaenses interessados em discutir trabalhos científicos da rotina acadêmica de maneira divertida e fora das universidades e auditórios possam fazer isso com uma caneca de cerveja”, explica Danilo, completando que em sua opinião, quando a comunidade leiga fica de fora de temas tão importantes como os que serão debatidos, a sociedade como um todo tem a perder com isso.
Leia mais:Segundo o coordenador do evento, a proposta dele combate de frente a divisão entre academia e povo e o conceito prevê que o palestrante não fique preso ao palco e projetor, mas sim destrinche um assunto com uma fala curta e acessível, despertando a interação das pessoas que estiverem participando, e assim, iniciar um bate-papo desconstruído recheado de informações imprescindíveis.
PROGRAMAÇÃO
Na terça-feira (8), o festival se iniciará às 18h com a professora Priscilla Castro sobre introdução alimentar para famílias de bebês e crianças com o tema: “O bebê vai começar a comer, e agora?”. Às 19h, o professor Ronaldo Ripardo traz a discussão: “Ler e aprender… o que tem a ver?”, e para encerrar com chave de ouro, os professores Walber Christiano e Maria Francisca Cerqueira dividirão o palco para falarem sobre os 20 anos da Lei de Libras e sua importância para a educação de surdos.
Na quarta-feira (9), seguindo a temática: “A ciência da ficção científica”, o professor Diógenes Henrique iniciará a programação do dia falando sobre o efeito do jambu e João Brandinho sobre o comportamento dos peixes, às 18h. Em seguida, “A representação do espaço em obras de ficção: entre erros e acertos” será o tema do debate levantado pelo professor Mateus Lima. Para finalizar, o dia e o festival, Danilo Oliveira, o coordenador, trará a discussão: “Animais Fantásticos: Será que existem?”
HISTÓRIA
Em 2012, o Dr. Michael Motskin e o Dr. Praveen Paul, dois neurocientistas do Imperial College London, no Reino Unido, começaram e organizaram um evento chamado ‘Meet the Researchers’. A ideia era convidar pessoas afetadas por Parkinson, Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas para conhecer o laboratório em que eles trabalhavam e mostrar estas pessoas o tipo de pesquisa que estavam sendo realizadas.
Foi uma inspiração para visitantes e pesquisadores. Eles pensaram que se as pessoas querem ir aos laboratórios encontrar cientistas, por que não levar os cientistas para as pessoas? E assim nasceu Pint of Science. Em maio de 2013, eles realizaram o primeiro festival Pint of Science em apenas três cidades do Reino Unido. Ele rapidamente decolou em todo o mundo e agora acontece em mais de 400 cidades.
POR TRÁS DO NOME
A palavra Pint nada mais é do que um tradicional caneco de cerveja muito comum em países europeus e nos Estados Unidos. O formato simples do copo barateia a fabricação e facilita a sua armazenagem e sua capacidade varia de país pra país. Na Inglaterra, por exemplo, existe uma lei que obriga os Pints a terem 568ml, ou 20oz.
Por isso, e com a intenção de misturar a cultura abrasileirada e mundial de boteco com conhecimento, o tema do Pint of Science é: “Um Brinde à ciência Nacional!”
(Thays Araujo)