Correio de Carajás

Pets vão entrar na pauta de candidatos em Marabá

Cobrança de entidades que lutam pelos direitos dos animais deve influenciar na agenda dos candidatos. Município não tem Hospital Veterinário

Marabá tem mais de 33 mil animais de estimação. Número de pais de pet só aumenta no município/ Foto: Freepik

O famoso “vira-lata caramelo”, além de ser um personagem animal muito conhecido no País, é uma alegoria para as características do povo brasileiro, que transita por diversas esferas. Ele é “gente” boa, tem presença confirmada em diferentes eventos, desde um “de costa para a rua”, até na “biqueira” de um casamento. Como todo político durante a corrida eleitoral.

A figura pitoresca representa, ainda, uma parcela da população animal que é incluída na pauta política, principalmente em ano eleitoral. Para muitos esses efeitos podem parecer secundários, mas para aqueles que lutam pela causa, o candidato que inclui em suas propostas políticas públicas direcionadas aos bichinhos ganha uma atenção especial, principalmente para ter a real intenção de suas ações apuradas.

Em Marabá, o assunto é discutido vez ou outra, principalmente em períodos que movimentam uma parcela significativa da população animal, como a Expoama. É lembrada quando ocorrem acidentes de trânsito envolvendo cavalos, comumente encontrados nas rotatórias e canteiros da cidade. Não é incomum, ainda, que o Correio de Carajás noticie casos de maus tratos a animais ou crimes ambientais.

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São situações como esta que demonstram que o tema está sempre em alta no município, independente se é durante o período eleitoral ou não.

Um histórico recente do município, expõe que em março de 2022 foi sancionada a lei nº 18.091, em Marabá, que versa sobre a criação da “Semana da Virada Animal”, evento que teria o intuito de divulgar informações, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre a causa dos bichinhos. Em outubro do mesmo ano foi a vez da lei nº 18.157, que instituiu o “Projeto Alimentação”, que estabeleceu a instalação de comedouros e bebedouros para animais em situação de abandono em Marabá.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Uma das ações com foco na causa animal foi discutida no início deste ano. Vista como relevante para uma parte significativa da população marabaense, a pauta foi levantada em abril de 2024 durante uma audiência pública na Câmara Municipal. A primeira sobre esse tema.

A proposta partiu do vereador Ilker Moraes (MDB) e teve como propósito elaborar um plano de ação em defesa da causa animal e do combate aos maus tratos no município de Marabá.

O vereador entende que a pauta é sensível à sociedade em geral, uma vez que abrange toda a comunidade. Naquele momento Ilker apontou que o debate precisava direcionar um caminho a ser indicado pelo poder público municipal, pensando na educação da população sobre os cuidados com os animais e também oferecendo uma estrutura adequada para os grandes problemas que existem atualmente na localidade.

Na mesma oportunidade, Thiago Carvalho, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), destacou que a audiência levanta uma discussão importante sobre os problemas que reverberam na causa animal. Ele aproveitou o momento para pedir que discussões desse porte se tornem permanentes, uma maneira de o tema não ser esquecido.

Ao final da audiência, Ilker Moraes afirmou que a Câmara se compromete com algumas propostas sugeridas e quanto a outras, buscará o diálogo com o Executivo para discutir a implementação.

ANIMAIS E POLÍTICA

Haiuly Viana, coordenadora técnica do Fórum Animal (instituição com mais de 20 anos na luta pela proteção animal), em uma entrevista para o jornal O Povo, alerta para a maneira que os políticos têm aderido à causa de cães e gatos. Ainda que apresente alguns resultados, a aderência tem acontecido apenas em momentos de grande pressão social e muitos dos projetos prioritários seguem amontoados nas casas legislativas.

“No ponto de vista da questão dos cães e gatos, a gente pode ver já algumas conquistas, alguns debates importantes. O que acontece é que, muitas vezes, você tem o parlamentar, mas não tem em si o avanço numa proposta. Infelizmente, (é preciso) que aconteça uma tragédia, algum evento pontual para que isso suscite um debate maior ou uma intensificação das discussões”, ressalta Haiuly. Ela aproveita para levantar o questionamento sobre o tempo na espera para que projetos sejam aprovados.

Ao complementar, ela avalia que esses animais, por estarem mais próximos das pessoas, são envolvidos em debates mais acalorados. “Mas a gente entende que ainda precisa avançar mais nos outros grupos de animais, especialmente os explorados para consumo, o que a gente chama de animais em situação de fazenda”, avalia ainda.

Como um recurso para conscientizar a população, o grupo tem organizado, para as eleições, campanhas para incentivar que o eleitor procure eleger nomes que defendem a causa. Paralelo a isso, eles devem identificar os candidatos que se aproximaram da pauta exclusivamente para fins eleitoreiros.

Foi em 2012 que a força da causa animal, como uma pauta eleitoral, começou a ganhar mais repercussão. Naquele período, Roberto Tripoli foi eleito o vereador mais votado da história do Brasil até então. Com a façanha ele garantiu o sétimo mandato na Câmara de São Paulo, com aproximadamente 132 mil votos.

Tripoli é um dos fundadores do Partido Verde no Brasil, com sua vida política baseada não só na causa animal, mas na defesa de questões ambientais como um todo. A atuação era voltada para ações e propostas ligadas ao ativismo ambiental, à proteção e defesa da vida animal. (Luciana Araujo, com informações da Câmara Municipal de Marabá e O POVO)

 

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO EM NÚMEROS

  • 21 mil cães estimados em Marabá
  • 12 mil gatos estimados em Marabá
  • 149,6 milhões é a população de animais de estimação no Brasil
  • 41 milhões é a população de aves canoras