Correio de Carajás

Petrúcio Ferreira é tricampeão paralímpico nos 100m em Paris

Ricardo Gomes de Mendonça é ouro nos 100m na classe T37 em "baile" do Brasil em Paris

Petrúcio Ferreira comemora o ouro dos 100m em Paris — Foto: Douglas Magno/CPB

O paraibano Petrúcio Ferreira, de 27 anos, é tricampeão paralímpico dos 100 metros. Em uma prova de recuperação na tarde desta sexta-feira no Estádio Olímpico de Paris, Petrúcio conquistou o ouro com o tempo de 10s68, melhor marca dele na temporada, na classe T47 (deficiência nos membros superiores).

– É muita emoção. Estar vivendo tudo isso. Estou muito grato por tudo e por todos. Petrúcio está aí conquistando o mundo – disse Petrúcio ao Sportv.

– Este ano estou numa briga interna com meu corpo. Muita cobrança no meu dia a dia. Estou mostrando de onde o Petrúcio veio. Minha esposa, que está em casa me assistindo, sabe de tudo. Essa pessoa é maravilhosa para mim – emendou Petrúcio.

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Ricardo Mendonça e Petrúcio comemoram ouro em Paris — Foto: Lorena Dillon
Ricardo Mendonça e Petrúcio comemoram ouro em Paris — Foto: Lorena Dillon

Minutos antes, na prova dos 100 metros na classe T37, o fluminense Ricardo Gomes de Mendonça, de 34 anos, foi ouro também, o primeiro dele em Paralimpíadas –tinha um bronze em Tóquio 2020. Ricardo fechou a prova com 11s07. Outros dois brasileiros também foram bem: Christian Gabriel Luiz ficou em quarto e Edson Cavalcante, em quinto.

– O Brasil veio para mostrar que Paris vai virar baile – disse Ricardo ao Sportv.

Ricardo Gomes comemora o ouro nas Paralimpíadas de Paris 2024 — Foto: Ezra Shaw/Getty Images
Ricardo Gomes comemora o ouro nas Paralimpíadas de Paris 2024 — Foto: Ezra Shaw/Getty Images

– Depois de um acidente que mudou minha vida, sou campeão paralímpico – emendou antes de assistir ao ouro de Petrúcio e ambos comemorarem e dançarem juntos na pista do Stade de France.

Ricardo sofreu um acidente em 2014 que deixou sequelas no braço e perna direitos. Ele começou no esporte paralímpico apenas em 2019 e, em 2021, passou a treinar no CT Paralímpico, em São Paulo. A classe T37 é para atletas com transtorno do movimento e falta de coordenação motora de grau moderado em um dos lados do corpo.

OURO DE PETRÚCIO

Atleta da classe T47, antes do terceiro ouro em Paris, Petrúcio foi campeão nos 100m das Paralimpíadas do Rio 2016 e Tóquio 2020, além de ter uma prata e um bronze nestas edições na prova dos 400 metros e outra prata no revezamento 4x100m misto no Rio. O paraibano ainda é tetracampeão mundial e recordista mundial nos 100m (10s29). Em 2019, tornou-se o atleta paralímpico mais rápido do mundo com 10s42. Além de ser tricampeão em Jogos ParaPanamericanos. A Classe T47 é para atletas com transtorno do movimento de baixo grau a grau moderado em um dos braços ou com ausência de membros.

– A gente está aqui para mostrar tudo isso, a transformação que o esporte proporciona – afirma Petrúcio.

QUEM É PETRUCIO

Petrúcio sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos e perdeu parte do braço esquerdo, abaixo do cotovelo. O paraibano gostava de jogar futsal e sempre foi muito rápido, e a velocidade chamou a atenção de um treinador.

CONQUISTAS

Ouro nos 100m no Mundial de Kobe 2024; ouro nos 100m e prata no revezamento 4x100m nos Jogos ParapanAmericanos de Santiago 2023; ouro nos 100m no Mundial Paris 2023; ouro nos 100m e bronze nos 400m nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; ouro nos 100m e nos 400m nos Mundial Dubai 2019; ouro nos 100m, nos 400m e prata no revezamento 4x100m no Parapan de Lima 2019; ouro nos 100m e 200m no Mundial Londres 2017; ouro nos 100m, prata nos 400m e prata no revezamento 4x100m nos Jogos do Rio 2016 atual recordista mundial nos 100m e nos 200m; ouro nos 100m e nos 200m no Parapan de Toronto 2015.

Julio Cesar exibe recorde mundial nas Paralimpíadas de Paris — Foto: REUTERS/Stephanie Lecocq
Julio Cesar exibe recorde mundial nas Paralimpíadas de Paris — Foto: REUTERS/Stephanie Lecocq

Outros brasileiros no atletismo

 

Acostumado a superar as estatísticas, Julio Cesar se tornou campeão dos 5000m do atletismo nas Paralimpíadas de Paris com “muita força de vontade”. Criado no interior de São Paulo, o velocista teve uma origem humilde e evidenciou a falta de incentivo ao esporte após a prova. Com muito orgulho de onde veio, Julio também dedicou a conquista à periferia onde cresceu e mostrou que “é possível sofrer com tantas dificuldades na vida e ser campeão paralímpico”.

Nesta sexta-feira, também foi disputada a final feminina do salto em distância, com brasileiras competindo. Alice Corrêa terminou na sexta colocação, com a marca de 4,38m. Lorena Spoladore também não conseguiu um lugar no pódio, ficando em décimo primeiro e último lugar, anotando 3,67m no seu melhor salto. A uzbeque Asila Mirzayorova foi campeã ao saltar 5,24m e bater o recorde paralímpico.

Alice de Oliveira Corrêa no salto em distância — Foto: REUTERS/Umit Bektas
Alice de Oliveira Corrêa no salto em distância — Foto: REUTERS/Umit Bektas

Outras provas tiveram eliminatórias para a final. Lucas Pereira, Washington Júnior e Petrucio Ferreira conquistaram a vaga na decisão dos 100m rasos, na classe T47. Edson Pinheiro venceu a bateria na classe T37, anotando 11.33s, e vai à decisão da categoria. Christian Costa e Ricardo Mendonça também vão competir. Pela categoria T12 da prova, Joeferson Oliveira e Kesley Teodoro estão na final.

Jhulia Fonseca, dos 400m rasos na categoria T11, que havia garantido vaga na final, foi desclassificada por uma irregularidade identificada na prova. A razão foi um erro do guia, que acabou empurrando a atleta no fim. O Brasil pediu revisão, mas a interferência foi comprovada no vídeo. Thalita Silva está na final.

(Fonte:G1)