A Petrobras lançou hoje (7) o Programa Integrado de Proteção de Dutos (Pró-Dutos), para prevenir furtos de combustível na malha de oleodutos da Transpetro, que vem crescendo muito nos últimos dois anos. Segundo a estatal, em 2015 foram 14 casos, em 2016 foram registrados 72 furtos, chegando a 227 em 2017 e subindo para 261 no ano passado.
A medida foi tomada depois da morte da menina Ana Cristina Pacheco, de 9 anos, no dia 23 de maio. Ela foi internada em estado gravíssimo no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, na Baixada Fluminense, no dia 26 de abril, após cair em uma poça de gasolina pura que vazou de um duto em Duque de Caxias, em uma tentativa de furto. A menina teve 80% do corpo queimado no acidente.
Na apresentação, também foram citados casos ocorridos no México recentemente, como a explosão em janeiro que deixou 125 mortos, com muitos óbitos ocorridos entre as vítimas levadas para os hospitais. Na cerimônia de lançamento do programa, a Petrobras assinou dois protocolos de intenções, com os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro, para reforçar a cooperação estratégica nas ações de inteligência e segurança. Os dois estados concentram 83% dos dutos da estatal.
Leia mais:O coordenador do Pró-Dutos, Marcos Valério Gonçalves Galvão, destacou que o transporte de combustível por dutos é uma atividade utilizada no mundo inteiro e é segura, quando não exposta a ações ilegais.
No Brasil, segundo ele, são transportados por dia 820 milhões de litros pela malha de 14 mil quilômetros de dutos em área urbana e rural, em 14 unidades da federação, o que retira das rodovias 20 mil caminhões-tanques diariamente. Galvão informou que foram furtados nos últimos quatro anos 42 milhões de litros, causando prejuízos de R$ 600 milhões e a indisponibilidade dos dutos por um total de 8.600 horas, além do risco à vida das pessoas e ao meio ambiente.
“É nas regiões metropolitanas, onde é grande a densidade demográfica, que a ação ilícita, deliberada e não autorizada de terceiros, voltada para o furto de petróleo e derivados, expõe a população e o meio ambiente aos riscos mais severos, uma vez que o vazamento de combustíveis decorrentes dessas ações criminosas pode provocar incêndios e explosões, como nós vimos”, disse.
Segundo o coordenador, cerca de 44 milhões de pessoas estão expostas a esses riscos nas maiores regiões metropolitanas do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, destacou os prejuízos que o furto em dutos causa ao abastecimento das cidades, que causou interrupção do fornecimento de combustível de aviação por dois dias para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o maior do país, e também em Brasília por três dias. Para ele, é preciso melhorar a legislação punitiva para o crime.
“Sozinhos nós somos impotentes para combater o crime, nós precisamos da cooperação das autoridades estaduais e federais e do arcabouço legal do país, para caracterizar especificamente o crime de furto de duto de combustível. A meu ver, deve ter uma pena pesada, para tornar esse tipo de atividade pouco atraente para os criminosos, de maneira que nós consigamos minimizar o risco de furto de combustíveis, com repercussões muito amplas, materiais, humanas, para o meio ambiente, para o investimento no Brasil”, explicou.
Denúncias
A Transpetro solicita que as populações vizinhas aos dutos colaborem com a fiscalização, denunciando atitudes suspeitas como uso de máquinas pesadas próximas aos dutos ou sentir cheiro forte de combustíveis. O contato pode ser feito pelo telefone 168.
Na página Roubo de Combustíveis, lançada hoje, a subsidiária reuniu informações sobre as ações de prevenção e canais de denúncia.
(Agência Brasil)