Após uma análise detalhada da água do Rio Itacaiunas, em Marabá, realizada por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC) no mês de outubro de 2024, ficou comprovada que a água possui, em alguns pontos, concentrações acima do valor permitido para alumínio e ferro. A pesquisa, liderada pelo químico Kelson do Carmo Freitas Faial, vice-chefe da Seção de Meio Ambiente e responsável pelo Laboratório de Geoquímica e Saúde do IEC, faz parte de um estudo multidisciplinar que visa avaliar a qualidade da água dos rios da região.
A equipe, composta por químicos, biólogos, engenheiros sanitaristas, biomédicos e técnicos, esteve na região durante a “Operação água limpa”, como foi batizada, que tinha por objetivo coletar as amostras de pontos estratégicos do Rio Itacaiunas, do Lago Vermelho e da região do Pedral do Lourenção. Essa ação foi uma solicitação do Ministério Público do Estado do Pará, por meio das promotoras Alexssandra Mardegan e Josélia Leontina Barros, da Promotoria Agrária e Promotoria do Meio Ambiente, respectivamente.

O principal foco da investigação era determinar a qualidade da água através da análise de diversos parâmetros, incluindo físico-químicos, a comunidade planctônica (microrganismos e cianobactérias) e a concentração de metais.
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Segundo Kelson Faial, a análise da comunidade planctônica é crucial para entender a base da cadeia alimentar aquática e como alterações na qualidade da água podem impactar a biodiversidade e, consequentemente, a atividade pesqueira. A equipe também investigou a parte microbiológica da água.
“Do que a gente analisou, dentro daquilo que foi encontrado em relação a metais, a gente verificou que a grande maioria dos elementos químicos encontrados estão dentro daquilo que preconiza a legislação. No Rio Itacaiunas, as únicas exceções foram os metais: o ferro e o alumínio, que tiveram uma concentração um pouco mais alta. Mas isso é em decorrência da característica da região. Nossa região tem a característica de ter essa presença maior de alumínio e ferro. Vale ressaltar que não foram em todos os pontos, foram em alguns pontos que nós obtivemos uma concentração acima do valor máximo permitido para alumínio e ferro”, revela o pesquisador.

Apesar da constatação, o químico ressalta que é necessário realizar um monitoramento periódico e contínuo para verificar se essa concentração se mantém, aumenta ou diminui, especialmente considerando a variação do nível do rio em diferentes períodos.
O pesquisador finaliza, reforçando que é preciso estar em alerta para a qualidade da água do Rio Itacaiunas, monitorando constantemente para garantir a saúde do ecossistema e das comunidades que dependem do rio. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)