Pesquisadores da Universidade de Brasília estudam o impacto do Sars-CoV-2 — causador do novo coronavírus — no cérebro dos infectados. O objetivo é analisar se o vírus tem a capacidade de causar doenças neurológicas nos pacientes.
A pesquisa nasceu a partir de observações feitas na China e na Itália, países mais afetados pela Covid-19 no início da pandemia. Segundo os pesquisadores, estudos realizados nesses locais mostraram que entre 30% e 40% dos pacientes com o novo coronavírus desenvolveram doenças neurológicas.
Segundo o médico neurologista e coordenador da pesquisa, Felipe Von Glehn, o objetivo é entender como o vírus age no sistema nervoso central. “Se é o vírus que prejudica o neurônio, causando as doenças no cérebro, ou se são as células do próprio organismo se defendendo do vírus que acabam destruindo o neurônio”, afirma o médico.
Leia mais:“Quero identificar se o vírus também é capaz de causar uma doença neurológica. Identificando o mecanismo de ação do vírus no cérebro, será possível investigar, em outros estudos, medicamentos para tratamento das doenças neurológicas associadas ao novo coronavírus”, afirma.
A análise é realizada pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB) em conjunto com o Hospital Sírio Libanês, o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o Hospital Israelita Albert Einstein o Hospital Geral de Fortaleza. O foco são pacientes diagnosticados com a Covid-19 associada a problemas neurológicos como:
- Encefalite,
- Mielite (doença neurológica causada por um processo inflamatório das substâncias cinzenta e branca da medula espinhal),
- Anosmia (perda do olfato),
- AVC (acidente vascular cerebral) e
- Poliradiculopatia (Síndrome de Guillain Barré).
De acordo com o coordenador do projeto, o estudo está em fase de coleta de dados. Os pacientes que participarem da pesquisa terão o material biológico colhido do nariz, do sangue e do líquido cefalorraquidiano (medula espinhal). No caso de pacientes que forem a óbito, também será pedida autorização da família para retirada do material.
O grupo será acompanhado ao longo de um ano para coleta do material biológico e análise clínica, o que deve permitir verificar a atuação do vírus nas células neurológicas. Os pacientes também serão submetidos a exames como ressonância do cérebro, eletroneuromiografia e eletroencefalograma, a depender da doença.
Entre os profissionais que participam da pesquisa estão médicos neurologistas, neurocirurgiões, otorrinolaringologistas, pesquisadores de anatomia patológica, hematologia e pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (IB/UnB). A previsão é de que os primeiros resultados do estudo saiam em três meses. (Fonte:G1)