Correio de Carajás

Pesquisadores cearenses desenvolvem técnica de extração de metais em lixo eletrônico

Lixo eletrônico no Estado muitas vezes é destinado a outros estados para extração de metais. A ideia é que técnicas possam ser utilizadas no futuro por catadores

Alunos da graduação e pós-graduação fazem parte do projeto que vem estudando a recuperação de metais em placas de computadores

Pesquisadores do Núcleo de tecnologia do Estado do Ceará (Nutec) e da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão desenvolvendo técnicas para recuperação de metais em placas de computadores. O objetivo é reduzir a necessidade de extração e possibilitar uma alternativa viável para ser utilizada por catadores de lixo no Estado.

Atualmente, não há empresas no Ceará que prestem o serviço de recuperação de metais do lixo eletrônico, como coloca o professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFC, Mauro Andres Cerra Florez, que faz parte do projeto.

Segundo o professor, o lixo eletrônico muitas vezes precisa ser destinado a outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo para que seja realizada a extração.

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Para ele, é importante que a tecnologia seja desenvolvida e esteja disponível no Ceará. Além disso, o projeto busca tornar essa recuperação mais simples, para que ela possa ser realizada também por catadores de lixo como uma forma de beneficiar financeiramente as atividades deles.

O projeto-piloto, que teve início no segundo semestre de 2022, conta com seis pesquisadores e está trabalhando na quantificação de metais no lixo eletrônico de computadores para definir as técnicas de recuperação viáveis.

Os profissionais são os professores Walney Silva Araújo e Mauro Andres Cerra Florez, os pesquisadores Ari Clecius Alves de Lima e Daniel de Castro Girão, e Gabriel Saraiva e Alex Mesquita, mestrando e graduando da UFC, respectivamente.

“A gente está utilizando algumas técnicas hidrometalúrgicas para tentar dissolver toda essa placa e poder separar o material, os polímeros e outros materiais que a gente não quer, e deixar somente um licor rico nesses metais. Com esse licor, a gente pode tomar uma alíquota, uma parte dessa solução, e analisar qual é a composição química e concentração dos metais e, com isso, determinar qual o melhor processo para então separar o ouro ou então os metais”, explica Mauro.

No momento, seis pesquisadores trabalham no projeto, dois professores da UFC, dois estudantes e dois pesquisadores do Nutec. Os pesquisadores buscam angariar investimentos que possibilitem a disponibilização de bolsas para que mais estudantes possam trabalhar na pesquisa.

O estudante da graduação de Engenharia Metalúrgica da UFC, Alex Mesquita, começou a trabalhar no projeto em março deste ano e conta que tem estudado mais sobre o assunto e sobre possibilidades de aplicação disso no dia a dia das pessoas e na indústria.

Ele acredita que a participação no projeto deve engrandecer a experiência dele na graduação, pois além do âmbito acadêmico teórico, poderá aplicar na prática o conhecimento adquirido nas disciplinas do curso de Engenharia.

Para Alex, a mudança de visão do descarte incorreto de materiais eletrônicos é fundamental. “É uma área que, com o incentivo certo, irá trazer excelentes resultados em um futuro próximo”, opina.

No âmbito da indústria, o Nutec já esteve em contato com empresas interessadas na transferência de tecnologia dos processos de extração dos metais.

“Gosto de pensar que o projeto é uma porta que se abre para um universo de possibilidades, sejam elas em pesquisas acadêmicas, em novos métodos de reciclagem para a indústria ou, até mesmo, em novas fontes de renda para recicladores autônomos, de modo a trazer um impacto positivo no âmbito ambiental, social e econômico”, afirma Alex.

(Fonte: O Povo)