Correio de Carajás

Pesquisa inédita em Marabá vai mapear condições de vida da população

O estudo é conduzido pela Faculdade de Economia da Unifesspa com apoio da Fapespa e do governo do Estado do Pará

Os resultados da pesquisa poderão impactar na implementação de políticas públicas para o município de Marabá / Foto: Jordão Nunes

Um estudo inovador, que pretende traçar um panorama abrangente da realidade socioeconômica e da qualidade de vida em Marabá, será realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). A pesquisa conta com o apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e do governo do Estado do Pará.

Inédito no município, o estudo tem como diferencial a análise da segurança alimentar e da sensação de segurança da população. Esses pilares são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade marabaense.

Para entender as nuances do projeto, a reportagem do Correio de Carajás conversou com Dyeggo Rocha Guedes, professor do curso de economia da Unifesspa e coordenador administrativo do Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá (Lainc).

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“Essa pesquisa vai trazer bastante informação, suficiente para uma década de estudo. Ela vai servir para fazermos discussões de políticas públicas durante um bom tempo”, prevê Dyeggo.

Dyeggo Guedes pede à população marabaense para que receba os pesquisadores em suas residências / Foto: Evangelista Rocha

Os resultados da pesquisa, previstos para serem divulgados no próximo ano, podem ser utilizados para subsidiar políticas públicas mais eficientes e direcionadas às reais necessidades da população do município. A expectativa é que as informações coletadas contribuam para o desenvolvimento de ações mais eficazes em áreas como segurança pública, saúde, educação e saneamento básico.

Além disso, os dados da pesquisa também estarão disponíveis para a comunidade acadêmica, que poderá utilizá-los em estudos e debates sobre a realidade de Marabá.

ENTENDENDO A PESQUISA

O estudo, denominado “Pesquisa de Orçamento Familiar e Variação da Despesa e do Consumo em Função da Renda”, será realizado entre os dias 2 de setembro e 2 de novembro deste ano. A equipe envolvida no projeto pretende divulgar os resultados a partir de 2025 de maneira acessível, clara e compreensível para a comunidade de Marabá.

Durante os dois meses, os pesquisadores irão visitar o máximo de domicílios possíveis, dentro de uma amostra de 1.057 residências. A distribuição foi realizada de maneira proporcional ao tamanho de cada área da cidade, para garantir a representatividade em relação à população da cidade.

Os cinco núcleos de área urbana de Marabá foram incluídos no estudo, inclusive a área de expansão do núcleo Cidade Nova, o Setor Industrial e o Cidade Jardim. Os domicílios abrangidos pela amostragem são distribuídos de acordo com o tamanho de cada área e o espaço com mais domicílios a serem pesquisados é o Núcleo Cidade Nova.

As residências foram selecionadas de forma aleatória a partir da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

METODOLOGIA

As equipes de pesquisa serão compostas por 16 estudantes bolsistas (de diversos cursos da Unifesspa) e dois voluntários. Eles serão os responsáveis por visitar os domicílios selecionados para aplicar os questionários. A estimativa é de que cada entrevista dure em média uma hora. Além deles, a equipe conta com alguns professores que demonstraram interesse em participar.

Após o lançamento da pesquisa, na terça-feira (20), vai acontecer o treinamento da equipe. Para Dyeggo, este passo é crucial e será oferecido para 30 pessoas, incluindo os pesquisadores e possíveis substitutos.

“A gente vai contar com quatro professores que serão supervisores e na coordenação geral de campo nós teremos uma ex-aluna da Unifesspa que trabalhou no IBGE e tem bastante experiência nessa área”, aprofunda Dyeggo.

No que tange a metodologia da pesquisa, ela será dividida em duas etapas principais. Primeiramente, será feito um mapeamento das condições socioeconômicas da população, incluindo aspectos como educação, renda, trabalho e migração. Em seguida, a pesquisa se concentra na avaliação da qualidade de vida, com ênfase na segurança alimentar e na sensação de segurança dos moradores.

Para isso, serão utilizados dois formulários: um coletando informações individuais dos moradores e outro voltado para as características da residência.

IMPACTOS

O estudo da Unifesspa promete gerar um impacto significativo para a população marabaense.

A coleta de dados sobre a segurança alimentar, por exemplo, permitirá que seja traçado um panorama detalhado sobre a condição nutricional dos moradores, ajudando a identificar áreas com maior vulnerabilidade e subsidiando a implementação de políticas públicas voltadas para o combate à fome e à insegurança alimentar.

As informações sobre a sensação de segurança, por sua vez, podem contribuir na elaboração de estratégias mais eficazes de combate à violência e à criminalidade. A partir dos dados coletados, será possível identificar os locais onde a população se sente mais insegura e as principais causas dessa sensação.

Outro impacto importante da pesquisa será a produção de conhecimento científico sobre a realidade de Marabá. Os dados coletados serão disponibilizados para a comunidade acadêmica, que poderá utilizá-los em estudos e debates sobre os desafios enfrentados pelo município.

(Luciana Araújo)