Correio de Carajás

Pequenos produtores participarão de projeto

Teve início nesta quarta-feira (12), e encerra nesta quinta (13), em Marabá, a oficina que marca o início das ações do Projeto Integrado da Embrapa no Fundo Amazônia, com atuação em todo o território do sudeste paraense, que teve aprovado 19 projetos para os quais serão destinados recursos provenientes do BNDS. Para toda a Amazônia Legal serão disponibilizados R$ 30 milhões, divididos entre projetos em todos os estados da região, com o objetivo de reduzir o desmatamento e promover a preservação e o uso sustentável dos recursos naturais do bioma amazônico, a partir de boas práticas de produção no campo.

De acordo com Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, a ação foi discutida longamente nos últimos cinco anos e, após a elaboração dos projetos, alguns foram aprovados para serem executados nessa região que compreende os municípios situados no Araguaia-Tocantins.

“Agora, estamos na fase final de seleção de cada produtor para que a gente comece a trabalhar na região”

“Essa oficina que está sendo realizada marca o início dos trabalhos. É a apresentação de quais projetos foram selecionados e o que será feito em cada um. A proposta é trabalharmos com alguns produtores, não temos ainda o número exato, mas as propriedades receberão as tecnologias aprovadas pela Embrapa e o investimento para que se tornem propriedades de referência em cada tema trabalhado. Haverá uma série de capacitações em várias tecnologias”, explica.

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As ações de pesquisa e transferência de tecnologias abordam, entre outros temas, a recuperação de áreas degradadas e áreas de preservação permanente, sistemas agroflorestais, integração lavoura-pecuária-floresta, criação de abelhas, mandiocultura, produção de hortaliças, frutas e piscicultura.

“As propriedades estão espalhadas na região e servirão de vitrine para que os produtores depois possam vir e aprender na prática como se usa essas tecnologias. Foi definido um grande número de parceiros. Haverá ainda refinamento e ajustes. Agora, estamos na fase final de seleção de cada produtor para que a gente comece a trabalhar na região”, acrescenta, destacando que cada produtor qualificado pelo projeto será um multiplicador do que aprendeu e assume a responsabilidade em repassar o conhecimento a outros produtores.

PROJETOS

Michelliny Bentes, pesquisadora e coordenadora do projeto, explica que o fundo é destinado ao investimento para redução do desmatamento e contenção e redução da degradação da paisagem nos territórios definidos pelo BNDS. Desde o início da elaboração do projeto, vários critérios de participação e prerrogativas para que a Embrapa pudesse receber os recursos e investi-los na região foram estabelecidos. Os parceiros institucionais aceitaram participar de forma colaborativa, sem receber o repasse de recursos.

“São pequenos produtores que foram selecionados, da agricultura familiar”, comenta a pesquisadora, destacando a importância dessa faixa da sociedade na produção de alimentos que abastece o país. “Existem critérios técnicos e específicos para que eles possam participar nas oficinas de trabalho. Um deles, por exemplo, é o Cadastro Ambiental Rural (CAR)”.

Passo a passo

De acordo com a pesquisadora, muitos produtores ainda não têm informação sobre o passo a passo a seguir neste sentido. “Então também estamos aqui para orientar que eles possam finalizar os cadastros para colocarem em prática o que querem no plano de uso da terra com a tecnologia que a Embrapa gera e coloca à disposição deles”

Dentre as exigências, acrescenta, consta que os agricultores tenham o título de posse do imóvel e autorização de órgãos em determinadas áreas, como assentamentos rurais, por exemplo. “Faremos um trabalho direcionado a grupos que serão definidos e vamos implantar as unidades de referência para em uma nova etapa possamos prosseguir e ter a adesão de outros agricultores da região”.

A proposta principal é para que haja, a partir da oficina em Marabá, o surgimento de uma agenda de trabalho oficial da região. “Queremos definir quando será a próxima reunião e com qual grupo de agricultor para podermos tratar de qual tema. São 30 meses para trabalhar aqui no território neste período”.

Ela explica que os projetos estão organizados em dois eixos de grandes ação, sendo um deles legislação e adequação ambiental para recuperação de áreas degradadas. A pesquisadora destaca, por exemplo, que há ações de inovação do trabalho para promoção e adequação ambiental.

“Onde está a inovação? Na participação com o produtor, na construção do conhecimento para que possamos juntos estabelecer prioridades para, por exemplo, o planejamento do uso da terra em determinada propriedade. Como ele vai recuperar? Sozinho? Não! Como técnicos vamos dar suporte e vamos ouvir de que forma ele quer trabalhar”, diz. (Luciana Marschall – Com informações de Adilson Poltronieri)