A Comunidade Ribeirinha Extrativista Vila Tauiry, em Itupiranga (PA), sediou o Seminário Pedral do Lourenção na Terra da COP30, que teve início no último dia 5 de abril. O evento reuniu comunidades tradicionais, pesquisadores, representantes da sociedade civil e movimentos sociais em um momento de escuta, articulação e resistência contra os impactos da instalação da Hidrovia Araguaia-Tocantins na região do Rio Tocantins.
O seminário teve como foco central os efeitos socioambientais do Derrocamento do Pedral do Lourenção, formação rochosa de 43 km situada entre os municípios de Marabá e Tucuruí. A proposta da hidrovia, que pretende explodir parte do leito rochoso do rio, tem gerado forte preocupação nas comunidades ribeirinhas, que denunciam a ameaça direta aos seus modos de vida, direitos e culturas.
Durante o evento, ocorreram rodas de diálogo, debates, exposições locais e uma visita à Comunidade Praia Alta. A programação foi marcada por uma abertura simbólica, com místicas e falas de resistência que ecoaram não apenas do Tocantins, mas também das bacias dos rios Tapajós e Madeira. O tom coletivo foi de denúncia e fortalecimento das alianças em defesa da Amazônia.
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Segundo os participantes, o projeto da hidrovia vem sendo viabilizado sem a devida consulta às populações afetadas, ignorando os vínculos profundos entre os povos ribeirinhos e o território do Pedral do Lourenção — uma relação que envolve espiritualidade, subsistência e identidade cultural.
Estiveram presentes estudantes da Unifesspa, dos cursos de Saúde Coletiva e Biologia do IESB, além de mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Sustentabilidade na Amazônia (PDTSA), que contribuíram para os diálogos com olhares técnicos e sensíveis à justiça ambiental.
O seminário foi organizado por uma rede de parceiros, incluindo Instituto Zé Claudio e Maria, GT Infraestrutura, Fundo Casa Socioambiental, Unifesspa, Associação da Comunidade Ribeirinha e Extrativista da Vila Taury e a Articulação COP do Povo.
Com a COP30 se aproximando, o evento reforça o papel das comunidades tradicionais na linha de frente das lutas climáticas e ambientais, colocando em pauta a urgência de alternativas sustentáveis e participativas para o futuro da Amazônia.