A Polícia Federal prendeu temporariamente hoje, segunda-feira (10), 11 policiais militares, dentre eles um coronel, e dois policiais civis suspeitos de envolvimento nas mortes de 10 trabalhadores rurais ocorridas em uma ocupação na fazenda Santa Lúcia, no dia 24 de maio, no município de Pau D’arco, a 60 km de Redenção, no sul do Pará.
As prisões foram deferidas pelo Poder Judiciário após pedido do Ministério Público do Estado do Pará, por meio dos promotores de Redenção, Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas. De acordo com o MPPA, em breve será oferecida a denúncia acerca do caso ao Poder Judiciário.
As prisões temporárias foram cumpridas em Redenção e em Belém e têm prazo de 30 dias, mas neste caso podem ser prorrogadas por mais 30, tratando-se de crime hediondo. Os presos estão o coronel da PM Carlos Kened Gonçalves de Souza, o tenente Rômulo Neves de Azevedo, os cabos Cristiano Fernando da Silva e Ricardo Moreira da Costa Dutra, os sargentos Advone Vitorino da Silva, Orlando Cunha de Sousa e Ronaldo Silva Lima, os soldados Rodrigo Matias de Souza, Jonatas Pereira de Silva, Neuily Sousa da Silva e Welington da Silva Lira. Da Polícia Civil foram presos o escrivão Douglas Eduardo da Silva Luz e o investigador Euclides da Silva Lima Júnior.
Leia mais:Todos deverão ficar custodiados no Comando de Missões Especiais e no Batalhão de Polícia Ambiental. Na ação em que ocorreram as mortes, policiais civis e militares foram ao local com o intuito de cumprir 16 mandados de prisão, mas acabou na morte de nove homens e uma mulher.
Procurada pelo Correio de Carajás, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) encaminhou nota afirmando que está garantindo total apoio logístico e operacional para o cumprimento dos mandados de prisão de 13 dos 29 policiais que compunham a missão realizada no município de Pau D’Arco.
Destacou que entre os onze policiais militares estão dois oficiais já custodiados na sede da Polícia Federal em Belém, conforme acordo da PF com a Segup. Destacou, ainda, que os demais militares se apresentaram espontaneamente ao V Comando Regional da Polícia Militar em Redenção, onde aguardam transferência para Belém. Os dois policiais civis também se apresentam espontaneamente em Belém e ficarão sob custódia para prestar esclarecimentos.
A Segup acrescentou que o procurador geral do Ministério Público, Gilberto Valente, foi a Redenção orientar o pedido de prisão, acatado pelo juiz. “A Secretaria de Segurança Pública, por meio do V Comando Regional da PM e da Superintendência Regional da Polícia Civil, também está dando o suporte logístico e colaborando para o cumprimento dos mandados”, diz a nota.
A Segup reforçou, ainda, que vem trabalhando em conjunto com o Ministério Público e Polícia Federal “com o objetivo de garantir a lisura e precisão dos inquéritos, laudos e depoimentos, em busca do objetivo maior que é a conclusão das investigações, que são conduzidas com absoluto rigor, transparência e isenção”.
RELEMBRE
Ainda em maio, em um primeiro momento, a Segup informou que o relato policial preliminar era de que o grupo de posseiros recebeu com disparos de armas de fogo os policiais que foram ao local e que foram apreendidas onze armas, incluindo um fuzil 762 e uma pistola Glock modelo G25. A instituição acrescentou, ainda, que os mandados foram emitidos em decorrência de investigação sobre homicídio, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.
Os corpos foram removidos do local pelos próprios policiais que participavam da ação antes da chegada de equipe do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”. Pouco depois, pessoas que estavam no local passaram a relatar terem sido atacados pelos policiais. Essas informações e também o número elevado de pessoas mortas rapidamente chamaram a atenção da imprensa, órgãos de investigação e direitos humanos e movimentos sociais, que passaram a cobrar esclarecimentos.
No último mês o CPC Renato Chaves entregou os primeiros laudos do caso. De acordo com a perícia, os coletes dos policiais não apresentaram vestígios de projéteis. A análise destacou, também, que dentre os mortos nove pessoas foram atingidas no peito e apenas a mulher foi alvejada com tiro lateral na cabeça. Na última semana a Polícia Federal – que assumiu a investigação do caso – realizou a reprodução simulada dos fatos.
Enquanto ocorria a reconstituição, no último dia 7, o trabalhador rural Rosenilton Pereira de Almeida, de 44 anos, uma das lideranças do acampamento onde aconteceram as 10 mortes. Ele foi executado a tiros em Rio Maria, distante 70 km de Pau D’arco. Não está descartada a possibilidade de os casos estarem interligados.
Representantes de movimentos sociais e defesa dos direitos humanos questionam a cena onde aconteceram as mortes ter sido modificada, principalmente com a remoção dos corpos antes da chegada da perícia. Além disso, afirmam que outras provas foram destruídas no local. Os sindicatos de delegados, de policiais e a Associação dos Delegados de Polícia do Pará (Adepol) acompanham as investigações e saíram em defesa dos servidores que participaram da ação, reiterando que a força policial foi recebida a tiros e que os agentes agiram em legítima defesa. (Luciana Marschall)
A Polícia Federal prendeu temporariamente hoje, segunda-feira (10), 11 policiais militares, dentre eles um coronel, e dois policiais civis suspeitos de envolvimento nas mortes de 10 trabalhadores rurais ocorridas em uma ocupação na fazenda Santa Lúcia, no dia 24 de maio, no município de Pau D’arco, a 60 km de Redenção, no sul do Pará.
As prisões foram deferidas pelo Poder Judiciário após pedido do Ministério Público do Estado do Pará, por meio dos promotores de Redenção, Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas. De acordo com o MPPA, em breve será oferecida a denúncia acerca do caso ao Poder Judiciário.
As prisões temporárias foram cumpridas em Redenção e em Belém e têm prazo de 30 dias, mas neste caso podem ser prorrogadas por mais 30, tratando-se de crime hediondo. Os presos estão o coronel da PM Carlos Kened Gonçalves de Souza, o tenente Rômulo Neves de Azevedo, os cabos Cristiano Fernando da Silva e Ricardo Moreira da Costa Dutra, os sargentos Advone Vitorino da Silva, Orlando Cunha de Sousa e Ronaldo Silva Lima, os soldados Rodrigo Matias de Souza, Jonatas Pereira de Silva, Neuily Sousa da Silva e Welington da Silva Lira. Da Polícia Civil foram presos o escrivão Douglas Eduardo da Silva Luz e o investigador Euclides da Silva Lima Júnior.
Todos deverão ficar custodiados no Comando de Missões Especiais e no Batalhão de Polícia Ambiental. Na ação em que ocorreram as mortes, policiais civis e militares foram ao local com o intuito de cumprir 16 mandados de prisão, mas acabou na morte de nove homens e uma mulher.
Procurada pelo Correio de Carajás, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) encaminhou nota afirmando que está garantindo total apoio logístico e operacional para o cumprimento dos mandados de prisão de 13 dos 29 policiais que compunham a missão realizada no município de Pau D’Arco.
Destacou que entre os onze policiais militares estão dois oficiais já custodiados na sede da Polícia Federal em Belém, conforme acordo da PF com a Segup. Destacou, ainda, que os demais militares se apresentaram espontaneamente ao V Comando Regional da Polícia Militar em Redenção, onde aguardam transferência para Belém. Os dois policiais civis também se apresentam espontaneamente em Belém e ficarão sob custódia para prestar esclarecimentos.
A Segup acrescentou que o procurador geral do Ministério Público, Gilberto Valente, foi a Redenção orientar o pedido de prisão, acatado pelo juiz. “A Secretaria de Segurança Pública, por meio do V Comando Regional da PM e da Superintendência Regional da Polícia Civil, também está dando o suporte logístico e colaborando para o cumprimento dos mandados”, diz a nota.
A Segup reforçou, ainda, que vem trabalhando em conjunto com o Ministério Público e Polícia Federal “com o objetivo de garantir a lisura e precisão dos inquéritos, laudos e depoimentos, em busca do objetivo maior que é a conclusão das investigações, que são conduzidas com absoluto rigor, transparência e isenção”.
RELEMBRE
Ainda em maio, em um primeiro momento, a Segup informou que o relato policial preliminar era de que o grupo de posseiros recebeu com disparos de armas de fogo os policiais que foram ao local e que foram apreendidas onze armas, incluindo um fuzil 762 e uma pistola Glock modelo G25. A instituição acrescentou, ainda, que os mandados foram emitidos em decorrência de investigação sobre homicídio, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.
Os corpos foram removidos do local pelos próprios policiais que participavam da ação antes da chegada de equipe do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”. Pouco depois, pessoas que estavam no local passaram a relatar terem sido atacados pelos policiais. Essas informações e também o número elevado de pessoas mortas rapidamente chamaram a atenção da imprensa, órgãos de investigação e direitos humanos e movimentos sociais, que passaram a cobrar esclarecimentos.
No último mês o CPC Renato Chaves entregou os primeiros laudos do caso. De acordo com a perícia, os coletes dos policiais não apresentaram vestígios de projéteis. A análise destacou, também, que dentre os mortos nove pessoas foram atingidas no peito e apenas a mulher foi alvejada com tiro lateral na cabeça. Na última semana a Polícia Federal – que assumiu a investigação do caso – realizou a reprodução simulada dos fatos.
Enquanto ocorria a reconstituição, no último dia 7, o trabalhador rural Rosenilton Pereira de Almeida, de 44 anos, uma das lideranças do acampamento onde aconteceram as 10 mortes. Ele foi executado a tiros em Rio Maria, distante 70 km de Pau D’arco. Não está descartada a possibilidade de os casos estarem interligados.
Representantes de movimentos sociais e defesa dos direitos humanos questionam a cena onde aconteceram as mortes ter sido modificada, principalmente com a remoção dos corpos antes da chegada da perícia. Além disso, afirmam que outras provas foram destruídas no local. Os sindicatos de delegados, de policiais e a Associação dos Delegados de Polícia do Pará (Adepol) acompanham as investigações e saíram em defesa dos servidores que participaram da ação, reiterando que a força policial foi recebida a tiros e que os agentes agiram em legítima defesa. (Luciana Marschall)