Correio de Carajás

Parceria garante R$ 3 milhões para a proteção das árvores gigantes da Amazônia

Com recursos viabilizados pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o Ideflor-Bio dará início aos estudos para a criação de uma nova Unidade de Conservação no Pará

Foto: Paulo Ricardo Rezende / Ascom Sectet

O Pará deve ganhar, em breve, novas Unidades de Conservação (UCs) graças ao Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre o Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). A parceria foi celebrada nesta terça-feira (8), no Centro de Acolhimento do Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, em Belém.

Inicialmente, serão viabilizados recursos na ordem de R$ 3 milhões através da Andes Amazon Fund para dar apoio à criação, recategorização e implementação de UCs no Pará. A primeira delas prevista é a recategorização de 500 mil hectares da Floresta Estadual (Flota) do Paru, no município de Almeirim, região oeste paraense que, atualmente, é uma UC de Uso Sustentável e será elevada à categoria de Proteção Integral.

É nessa localidade que foi identificada em 2016 a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo que, de acordo com especialistas, possui de 400 a 600 anos. O vegetal, um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro foi descoberto no território paraense. Além dessa, estima-se que haja outras 35 árvores acima de 80 metros, distribuídas pelos estados do Pará e Amapá.

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Foto: Paulo Ricardo Rezende / Ascom Sectet

 

O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, ressaltou a importância dessa parceria para a preservação ambiental no Pará. “A criação, recategorização e implementação de UCs são fundamentais para garantir a proteção de áreas de grande relevância ecológica no estado. Essa cooperação com a FAS fortalecerá nossa capacidade de atuação, permitindo a criação de UCs mais eficientes e a implementação de ações de conservação mais abrangentes”, destacou.

Possibilidades – O ACT entre as duas instituições permitirá a troca de conhecimentos técnicos e experiências, além do compartilhamento de recursos e a realização de ações conjuntas. A FAS, que já possui expertise na criação e gestão de UCs na Amazônia, poderá contribuir com seu conhecimento e apoio técnico para fortalecer as ações do Ideflor-Bio nessa área.

De acordo com o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, “esse acordo é muito importante porque representa a oportunidade de fortalecer o trabalho que já vem sendo feito aqui no Estado e fazer com que esse enorme patrimônio, que é a maior árvore do Brasil, da Amazônia e uma das maiores do mundo, seja cuidada de uma maneira a permitir tanto a pesquisa científica quanto o próprio turismo de natureza”, pontuou.

Atualmente, a FAS desenvolve projetos bem-sucedidos de conservação na Amazônia, como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no Amazonas. Neste sentido, a parceria com o Ideflor-Bio permitirá a replicação dessas boas práticas no Pará, contribuindo para a ampliação do número de UCs e para a proteção de áreas de extrema importância para a biodiversidade e os ecossistemas.

Início – A parceria já começa a valer a partir desta sexta-feira (11), quando uma equipe de especialistas do Ideflor-Bio fará o sobrevoo na área em que estão localizadas as árvores gigantes da Amazônia, com o intuito de ter um panorama da região e obter imagens de ângulos mais diferenciados.

Além disso, já estão previstas para o segundo semestre deste ano duas expedições, para fazer um levantamento minucioso das espécies da flora e da fauna do entorno e das condições gerais ambientais, como relevo, tipo de solo, hidrografia e outras informações pertinentes que justifiquem a recategorização da área.

Segundo o diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, a iniciativa é fundamental para garantir a continuidade de ecossistemas como florestas, rios, lagos e manguezais, além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e a proteção de espécies ameaçadas de extinção.

“Com essa parceria, o estado do Pará dá um importante passo em direção à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. A união de esforços entre as instituições fortalece a capacidade de criação e implementação de UCs, garantindo a proteção de áreas de grande relevância ecológica e promovendo um futuro mais sustentável para o estado”, afirmou o dirigente.

Na ocasião, também participaram da assinatura do ACT o vice-presidente do Ideflor-Bio, Thiago Valente; o diretor de Gestão e Monitoramento das UCs do Ideflor-Bio, Clésio Santana; a diretora do Fundo de Compensação Ambiental, Tatiana Rodrigues; o superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati; a gerente do Programa de Soluções Inovadoras, Gabriela Sampaio e o representante do Andes Amazon Fund, Enrique Ortiz.

Cúpula – Vale destacar que a cooperação foi celebrada justamente quando a capital paraense recebe a Cúpula da Amazônia, evento que reúne chefes de Estado de países amazônicos para discutir iniciativas para o desenvolvimento sustentável na região. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participam os presidentes da Bolívia, Colômbia, Guiana, do Peru e da Venezuela. O Equador e o Suriname, por questões internas, enviaram representantes.

A Cúpula teve início após os “Diálogos Amazônicos”, encontro que reuniu representantes de entidades, movimentos sociais, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região e que também discutiu a proteção das árvores gigantes da Amazônia. O resultado desses debates está sendo apresentado na forma de propostas aos chefes de Estado.

(Agência Pará)