A parauapebense Tatiany Milhomens saiu da cidade paraense para cursar medicina na Argentina, mas desde que a pandemia do coronavírus atingiu o país onde vive, o sonho acadêmico deu lugar ao desejo de voltar para casa, assim como outros quase 40 paraenses que criaram um grupo em uma rede social, reivindicando o repatriamento às autoridades brasileiras, já que é inviável sair do país sem a interferência dos órgãos competentes.
“Hoje estou bem desanimada”, confessa a universitária que mora em La Rioja. “Estou de quarentena aqui, há mais de um mês, aqui a quarentena está bem restrita, muito policiamento nas ruas”, diz, afirmando sair de casa apenas uma vez por semana para atividades essenciais.
A dificuldade em voltar ao Brasil depois de voos cancelados, fronteiras e aeroportos fechados, motivou paraenses a se unirem, compartilhando a indefinição da volta e o relato de quem retornou para casa. “Fomos criando grupos e quem conseguiu compartilha a situação no Brasil, um vai ajudando o outro”, destaca.
Leia mais:“Estamos em contato com o Consulado, eles prorrogaram a data de partida. Já saíram quatro ônibus de Buenos Aires, porém, com poucas pessoas sendo repatriadas”, conta Tatiany.
Inicialmente estavam cobrando do grupo que a parauapebense faz parte o preço unitário de 3.500 a 5.500 pesos, dependendo do local de partida, mas no último e-mail enviado pelo Consulado-Geral, o valor diminuiu para 1.950 pesos, que deve ser transferido até as 16h desta quinta-feira (16), mas ainda sem data definida para a viagem.
Outro motivo de incerteza dos paraenses que vivem na Argentina é como chegar até a cidade onde residem, uma vez que o trajeto do ônibus que parte da Argentina tem como destino final a cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. “A partir de lá é cada um por si”, diz a universitária, acrescentando que repatriados tiveram dificuldade para sair da cidade, por não haver viagens de ônibus ou avião.
A brasileira Laís Bellini usou as redes sociais para desabar e pedir solução para quem está na Argentina. “Estou em uma província distante da capital, muitos de nós brasileiros estamos em diálogo via consulado e Itamaraty. Estamos tentando nossa repatriação com pedidos urgentes de socorro, muitos já precisam de ajuda para se alimentar e até para dormir”, descreve.
O primeiro grupo, segundo Laís, saiu da Argentina relatando experiências lamentáveis. “Nós cobramos um posicionamento mais respeitoso, queremos voltar para casa e não sermos abandonados em uma fronteira”, reivindica. (Theíza Cristhine)