Correio de Carajás

Parauapebas: Traje Antichoque poderá evitar mortes no parto

As gestantes de Parauapebas contam agora com um reforço para que tudo corra bem nos partos realizados na maternidade do Hospital Geral. A Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) recebeu do Governo do Pará, nesta quinta (16), um Traje Antichoque Não Pneumático (TAN), empregado principalmente em casos de hemorragia pós-parto.

A entrega foi realizada após a obstetra Rita Coutinho participar, em Belém, do Primeiro Treinamento Estadual para Formação de Instrutores da Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia no Pará de 2020, realizado pela Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A médica Rita Coutinho recebeu treinamento para uso do equipamento em Belém

A médica explica que o Pará possui pacto de redução da mortalidade materna e que uma das principais complicações em partos são as hemorragias graves. “O traje é confeccionado de neoprene e tem como função fazer uma compressão que vai do tornozelo ao abdome para diminuir a velocidade do sangramento, assim a gente pode transferir a paciente ou podemos tratar, realizar uma cirurgia, por exemplo, ganhando tempo extra”.

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A partir de agora a obstetra tem a missão de ministrar o treinamento para outros profissionais da saúde de Parauapebas. “Não adianta a cidade ter o traje e não saber usar, então vamos replicar esse conhecimento pelo curso ‘Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia’”, diz, destacando que a cada quatro minutos uma mulher morre no mundo por complicações que levam à hemorragia e que muitos dos casos são tratáveis.

Em caso de haver a necessidade de transferência da paciente para uma unidade mais adequada, o traje garante o ganho de tempo na corrida para salvar a vida. “Em média ele é usado de 6 a 8 horas para ganhar tempo para preparar uma cirurgia ou fazer uma transferência, mas há relatos de uso por até 48 horas”, afirma.

Para a obstetra, o ideal seria que todas as unidades hospitalares tivessem o TAN à disposição. “Há protocolo para colocar e para tirar e só pode ser retirado se a paciente estiver em local seguro, onde possa ser realizada alguma outra manobra necessária, portanto seria importante todos terem para quando entregarmos o paciente recebermos um traje de volta”.

Como esta ainda não é a realidade de Parauapebas, por enquanto o traje será utilizado apenas dentro do hospital. “Mas no futuro com certeza usaremos em transferências de forma estratégica”, garante.

Railane Macedo, supervisora da Rede Cegonha, ressalta treinamentos para redução da mortalidade materna

Railane Macedo, supervisora da Rede Cegonha, informa que em setembro já havia sido organizado um treinamento envolvendo a rede municipal e a privada, principalmente médicos e enfermeiros, relacionado à redução da mortalidade materna. “Estamos recebendo este equipamento hoje e a partir de então vamos utilizar dentro de intercorrências”, afirma.

A gerente da maternidade do Hospital Geral, Nilcelia Faria, fala em zerar mortes

A gerente da maternidade do Hospital Geral, Nilcelia Faria, afirma que os índices locais são considerados baixos em relação à mortalidade materna, mas a meta é zerá-los. “A gente quer eliminar completamente e fazer esforços para que não aconteça. Há várias etapas para evitar e esse traje já é para estabilizar numa situação extrema”, conclui. (Luciana Marschall – com informações de Rayane Pontes)