Iniciado em 2018, Plano Parauapebas pela Cidadania LGBTI+ já foi cumprido em quase 80% e deu vida ao Comitê de Políticas Públicas para o Segmento LGBTI+ de Parauapebas, provando que união entre as forças é capaz de render resultados rápidos e necessários.
Conforme Elton Reis, coordenador da União Nacional LGBT de Parauapebas, uma das entidades que integram o movimento, há menos de dois anos várias lideranças decidiram trabalhar unidas, ao serem convidados pelo Departamento de Relações com a Comunidade (DRC), da Prefeitura Municipal, para pensarem a proposição e fomento de políticas públicas para o segmento dentro daquelas já existentes no âmbito da administração municipal, como, por exemplo, nas áreas de educação, saúde, segurança pública e assistência social.
“Nossa função é articular dentro dessas políticas já existentes ações específicas que contemplem à comunidade LGBTI+, que atendam nossas necessidades de acordo com nossas diversidades”, explica, acrescentando que um passo também importante que vem sendo trabalhado é a reeducação tanto da comunidade interessada quanto da sociedade geral.
Leia mais:“Nosso objetivo é desfocar a ideia de que o movimento é bagunça. A gente quer atuar para cidadania plena, a gente quer mecanismos de inserção de pessoas transexuais no mercado de trabalho, diminuir os índices de violência da população LGBTI+ de Parauapebas, o índice de trans e travestis que se prostituem na região do Terminal Rodoviário, então estamos trabalhando neste sentido, para consolidar as políticas públicas, combater o preconceito, levar formação para os gestores de escolas, estudantes e professores, no sentido de também construir no sistema educacional um ambiente seguro e saudável para a população LGBTI+”, destaca.
Atualmente, afirma, o grupo está em fase de expor as ações já desenvolvidas pelo plano. “O movimento está muito bem articulado, a gente trabalha de forma coletiva e colegiada – governo e movimento – no sentido de propor as nossas necessidades. Lançamos em 2018 o plano e está com cerca de 70% a 80% concluído com ações que a gente pensou junto ao governo e já consolidou”, comemora.
Elton destaca que, ao contrário da forma como uma parcela da população ainda encara a luta, não se trata de conquistar privilégios sobre outros setores, mas sim de equidade de direitos. “É garantir o que está na lei, o direito à cidadania plena”, diz, destacando ser necessário também mudar a forma como a comunidade é encarada até pelos próprios membros. “É levar para a população não LGBTI+ e também para ela que a gente não é bagunça, não é apenas parada, não só festa, mas que a gente acima de tudo é cidadã, pagadora de impostos e possui direitos”.
Ele aponta que Parauapebas está revolucionando a forma de tratar as políticas públicas para o segmento, sendo referência inclusive para o estado. “Muitas das nossas ações foram ampliadas para o nível estadual, estamos com discussão bem receptiva em todos os setores da sociedade”.
O comitê formado pela União Nacional LGBT, Articulação Brasileira de Gays, Instituto Abraço a Diversidade, Frente de Apoio as Trans e Travestis de Parauapebas, MST- Diversidade, IDESC, LGBTI+ Consciente e Associação Amigos para Sempre foi uma das ações desenvolvidas pelo plano, assim como a reestruturação da Parada do Orgulho LGBT, a criação da Semana da Diversidade, capacitações, campanhas de educação e segurança e a articulação com toda a estrutura de governo.
A Semana da Diversidade, por exemplo, consiste numa gama de ações sociais, culturais e esportivas com jogos da diversidade, miss e mister Beleza Gay e Garota Top Drag, serviços de saúde, emissão de documentos e embelezamento, além de palestras educativas. Hoje, após o trabalho coletivo, as Unidades de Saúde locais estão preparadas e capacitadas no que tange às políticas de humanização do SUS nas políticas LGBTs, como utilização do nome social e adequação de internamento com base na identidade de gênero das pessoas trans. Também já há emissão da carteira de Identidade Social pelo SAC.
Já são oferecidos cursos de capacitação direcionado aos profissionais de segurança pública quanto ao atendimento da população LGBTI+ e ainda na área de campanhas educativas, o comitê tem desenvolvido um trabalho ativo com os estudantes da rede pública de ensino, no sentindo de construir um ambiente escolar saudável e livre de preconceitos.
“A gente quer que seja uma cidade onde travestis e transexuais não precisem se prostituir, que a gente tenha no mercado de trabalho mais LGBTIs, principalmente trans e travestis e que os tenhamos também em todas as esferas de poder, a gente quer igualdade no sentido de oportunidades”, conclui Elton. (Luciana Marschall)