Correio de Carajás

Parauapebas: Motoristas do transporte escolar param e crianças ficam a pé

Grande parte dos estudantes de escolas públicas de Parauapebas está com dificuldades de chegar até as instituições nesta quinta (7) devido a uma paralisação surpresa por parte dos motoristas e monitores do transporte escolar, que na cidade é executado pela empresa Kapa Capital. Aproximadamente 110 ônibus escolares estão presos na garagem da empresa depois que o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Parauapebas (Sintrodespa) atravessou um veículo em frente ao portão, impossibilitando a saída.

De acordo com o presidente da entidade, Joel Pedro Alves, a medida foi necessária porque os trabalhadores estavam sendo ameaçados de demissão caso não fossem às ruas. Ele explica que na Data Base, em março passado, foi firmado acordo entre representantes sindicais e a empresa para reajuste salarial de 8%, o que não vem sendo cumprido. Além disso, a tratativa da empresa tem sido com um sindicato de Belém, sendo que os funcionários locais são sindicalizados em Parauapebas.

“Fizemos um acordo há 90 dias e a empresa até hoje não pagou os reajustes dos trabalhadores. Além de descumprir a norma coletiva já assinada, ainda trouxe outro sindicato para representar os trabalhadores, sendo que a base territorial aqui é o nosso sindicato”, explicou, acrescentando que a paralisação foi a maneira encontrada para chamar a atenção da empresa em relação ao cumprimento do que já foi acordado.

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O presidente cobra, ainda, que o Poder Executivo intermedeie as negociações. “Queremos que o Poder Público possa se envolver, a prefeitura municipal possa chamar a empresa para agilizar o retorno o mais rápido porque é um transtorno para a sociedade e a gente não está aqui para trazer transtorno para a sociedade. A gente quer até pedir desculpas, mas como trabalhar com o trabalhador insatisfeito, carregando essas crianças com ônibus superlotado, sem receber o salário devido? É uma covardia”, define.

Edson da Cruz Silva, diretor de relações sindicais da entidade, afirma que os manifestantes irão bloquear o portão até a empresa fazer os pagamentos. “Eles precisam ser reconhecidos. A responsabilidade de um motorista sabemos que é alta porque carregam vidas, principalmente estes, que são guerreiros, porque a frota está sucateada, olha as condições os pneus e dos carros que estão rodando, pelo amor de Deus, pedimos ao Poder Público que olhe com carinho essas crianças que serão nosso futuro”, declarou.

POSICIONAMENTO

O Portal Correio de Carajás procurou os representantes da empresa e Marcelo Costa, encarregado operacional da Kapa Capital, conversou com a Reportagem, informando que o acordo coletivo foi homologado junto ao sindicato de Belém porque o sindicato local não fez a homologação dentro do que foi acordado com a empresa.

Afirmou, ainda, que a empresa cumpre com o acordado e neste momento aguarda apenas a homologação junto à Prefeitura Municipal, em relação ao aditamento referente ao reajuste salarial de 8%.

Questionado sobre como ficará a situação dos estudantes, Marcelo Costa declarou que a empresa não sabe informar quando as atividades serão regularizadas. “Não é paralisação da Kapa e, pela Kapa, os motoristas estão aí aguardando a autorização para poderem trabalhar desde às 5 horas”, declarou. Por fim, ao ser questionado se a empresa está movendo ação judicial contra os manifestantes, respondeu apenas que ‘isso está nas mãos da diretoria’ da empresa.

A Kapa Capital foi contratada pelo município em fevereiro de 2018, pelo valor de R$ 15,4 milhões, para prestação de serviços diversos, dentre eles o transporte escolar, durante um ano. Em março passado, a gestão municipal realizou aditivos em mais de R$ 22,1 milhões para e aumento a vigência do contrato até fevereiro de 2020.

O Portal solicitou posicionamento da Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal sobre o assunto, questionando, inclusive, o número de estudantes afetados. Segue nota, na íntegra:

“Em relação ao bloqueio da garagem do transporte escolar por representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sintrodespa), na madrugada de hoje, 7, a Prefeitura de Parauapebas esclarece que foi surpreendida pelo ato, uma vez que não possui nenhuma pendência com a empresa que presta serviço para o transporte escolar, a qual os motoristas estão vinculados.

A ação prejudicou mais de 13 mil estudantes que dependem diariamente do transporte escolar para chegar às instituições de ensino. A prefeitura lamenta o transtorno gerado, uma vez que tem se empenhado para prestar o melhor serviço de transporte escolar aos nossos alunos.

Representantes do sindicato já foram convidados para uma reunião com o secretário municipal de Educação, mas até o momento não responderam ao convite. Aos pais, responsáveis e demais interessados, a prefeitura informa que está tomando todas as providências cabíveis para solucionar o problema o mais breve possível e reitera o compromisso de oferecer não só um transporte escolar de qualidade, mas uma educação de referência em toda a região” (Luciana Marschall)