Correio de Carajás

Parauapebas e Marabá são os piores municípios para ser mulher no Pará

Estudo publicado pela Tewá 225 aponta que 85% dos 319 municípios analisados estão performando de maneira “muito baixa” para promover a igualdade de gênero

Em 2023, mais de 1,2 milhão de casos de violência contra mulheres foram registrados no país, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania/Foto: Evangelista Rocha

Um levantamento realizado em outubro de 2024 e publicado pela Tewá 225, indica que Parauapebas e Marabá são os piores municípios para ser mulher no Pará. A capital do minério ocupa o lamentável primeiro lugar e a terra de Francisco Coelho, o segundo. No ranking nacional, Parauapebas ocupa a 5ª posição e Marabá, a 12ª.

O estudo investigou cidades com população acima de 100 mil habitantes, para garantir uma comparação mais justa. As informações foram extraídas do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC), com números foram atualizados até novembro de 2024. Os dados são públicos e foram analisados pelo Correio de Carajás.

A partir dessa exploração, a Reportagem identificou que 15 municípios paraenses aparecem entre os 319 municípios brasileiros que compõem o ranking. A apuração utiliza cinco variáveis: taxa de feminicídio a cada 100 mil mulheres, desigualdade salarial por sexo, percentual de mulheres na câmara de vereadores, taxa de jovens mulheres (15 a 24) que não estudam nem trabalham, diferença percentual entre homens e mulheres que não estudam nem trabalham.

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Dados do Portal da Transparência da Segurança Pública do Estado do Pará mostram que em 2024, foram registrados dois feminicídios em Marabá e três em Parauapebas.

No que diz respeito a vereadoras, em Marabá, apenas 19% das 21 cadeiras estão ocupadas por mulheres na Câmara Municipal: Dra Cristina Mutran, Vanda Americo, Mayana Stringari e Priscila Veloso.

MUNICÍPIOS PARAENSES

Em Parauapebas a proporção é um pouco menor, sendo apenas três mulheres (17%) entre 17 vereadores: Maquivalda, Graciele Brito e Erica Ribeiro.

Os indicadores do estudo formam um índice que varia de 0 a 100, sendo a menor escala “muito baixo” (0 a 39,99) e a maior “muito alto” (80 a 100). Todos os municípios paraenses estão enquadrados na classificação “muito alto”. Considerando o ranking nacional, temos: 5º – Parauapebas (19,23); 12º – Marabá (23,30); 25º – Santarém (26,33); 29º – Paragominas (26,61); 35º – Bragança (27,87); 37º – Marituba (27,90); 48º – Itaituba (28,98); 62º – Barcarena (30,26); 73º – Altamira (30,73); 97º – Breves (31,88); 125º – Abaetetuba (33,23); 158º – Castanhal (34,62); 194º – Belém (36,53); 201 – Ananindeua (36,85); e 227º – Cametá (37,82).

Conforme o levantamento, 85% dos 319 municípios analisados estão performando de maneira “muito baixa” para promover a igualdade de gênero para mulheres.

DESIGUALDADES

Embora representem 51,5% da população, as mulheres seguem sendo as principais vítimas de desigualdades estruturais. Em 2023, mais de 1,2 milhão de casos de violência contra mulheres foram registrados no país, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Feminicídios, agressões domésticas e violência sexual compõem esse cenário alarmante, que atinge com ainda mais força as mulheres negras, representando 63,6% das vítimas.

Esses dados expõem a urgência de políticas públicas que enfrentam as múltiplas camadas da desigualdade, especialmente no contexto local. Nesse sentido, os indicadores do IDSC-BR podem orientar a formulação de ações efetivas para diferentes formas de desigualdade e discriminação. (Luciana Araújo)