A quatro dias do Dia Internacional da Mulher, momento de debates sobre as conquistas e os desafios que as mulheres ainda enfrentam, a violência contra elas ainda é, talvez, a principal pauta, imposta pela realidade cruel em todo o País e também nesta região. A Central do Disque Denúncia Sudeste do Pará divulgou que no período de 1º de janeiro de 2020 a 22 de fevereiro deste ano recebeu 169 denúncias de violência contra a mulher, representando o sexto crime mais denunciado à Central.
As denúncias anônimas são oriundas de vários municípios e o mais denunciado é Parauapebas com 97 casos. Marabá é o segundo município mais denunciado (58).
O perfil dos agressores e das vítimas dos municípios de Parauapebas e Marabá foi traçado por meio da aplicação de um questionário realizado no momento do recebimento das denúncias.
Leia mais:Hellen Machado, coordenadora do Disque Denúncia do Sudeste do Pará, observa que esse tipo de violência tem certas caraterísticas que dificultam sua denúncia. “É um crime que acontece entre quatro paredes. Por isso, a gente precisa estimular as pessoas a estarem denunciando, especialmente os vizinhos e familiares”, orienta.
Ainda de acordo com ela, a sociedade precisa se unir para quebrar esse ciclo de violência. “O primeiro passo é a denúncia”, resume, acrescentando que onde existe violência contra a mulher pode ocorrer um feminicídio. “E a gente não pode ser conivente com isso”, alerta.
Raios X de Marabá
No município de Marabá, 76,2% das vítimas vivem com os autores da violência e 11,9% não vivem com os agressores. Os autores da violência são maridos (75%), ex-marido (12,4%), filhos (9,38%) e outros (3,16%). Sobre os filhos, 41,67% das vítimas possuem filhos, 8,33% não possuem, 2,78% estava grávida no momento da agressão e 86,48% dos filhos também sofrem agressão.
Em relação ao tipo de violência, 46.97% é física, 28.79% é verbal e 16,67% são ameaça de morte, 3,03% é sexual ou a vítima sofre com cárcere. Os tipos de agressão são socos (30,76%), empurrões (23,07%), agressões com a mão (19,23%), estrangulamentos (15,38%) e chutes (11,54%). Das armas e materiais utilizados, 50% são arma branca, 25% são pedaços de madeira e 12,5% são armas de fogo ou fio.
Os agressores realizam o consumo de álcool e/ou drogas (28,57%) e os atos de violência contra mulher ocorreram no turno da noite (22,22%), tarde (13,89%) e pela manhã ou madrugada (11,11%).
Raios X de Parauapebas
Segundo a análise dos questionários respondidos, observou-se que 78,33% das vítimas vivem com os autores da violência e 13,33% não vivem com os agressores. Em relação ao autor da violência, 80,85% são os próprios maridos, 8,51% são ex-maridos, 4,25% filhos ou outros e 2,12% são namorados. Das vítimas 29,09% possuem filhos, 3,64% não possuem, onde 85,45% dos filhos sofrem agressão e 5,45% não sofrem agressões.
Em relação ao tipo de violência, 56.04% é física, 29,67% é verbal e 13,19% são ameaça de morte. Os tipos de agressão são socos (40%), agressões com a mão ou empurrões (20%), chutes (12%) e estrangulamentos ou outros tipos de agressão (4%). Dentre as armas/materiais utilizados 36,36% são fios ou arma de fogo e 27,27% são arma branca.
Os agressores realizam o consumo de álcool e/ou drogas (34.55%) e os que não consomem (1,82%). Os atos de violência contra mulher ocorreram no turno da noite (30,8%), tarde (13,5%), madrugada (3,85%) e pela manhã (1,92%).
Sua voz pode fazer toda a diferença
Diante dos números de denúncias sobre violência contra mulher, o Disque Denúncia Sudeste do Pará tem desenvolvido a campanha: “Sua Voz Pode Fazer Toda a Diferença”, que tem como objetivo central, estimular as pessoas a denunciarem o crime de Violência contra a mulher, conscientizar a população de que violência contra mulher é crime e que uma ligação pode salvar a vida da pessoa que está sofrendo violência.
As denúncias que chegam à central são enviadas de forma imediata para os órgãos responsáveis pela verificação e apuração dos fatos.
Para denunciar, a população pode ligar no telefone fixo (94) 3312-3350, enviar mensagem pelo WhatsApp (94) 3312-3350/98198-3350 ou pelo APP do “Disque Denúncia Sudeste do Pará”. O Disque Denúncia garante o anonimato do denunciante. (Da Redação)
SAIBA MAIS
Vale dizer que os números divulgados nesta matéria dizem respeito apenas às informações que chegam ao conhecimento do Disque Denúncia. Não estão incluídos aí os flagrantes de violência doméstica que são denunciados diretamente à polícia.