Em sete anos Parauapebas reduziu 7,92% o número de casos de gravidez na adolescência. Ainda assim, os dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) apontam que no ano passado, 2019, 16% das crianças que nasceram no município eram filhas de mães na faixa etária entre 13 e 19 anos.
Para combater esta estatística e alertar para os riscos de uma gravidez precoce a Secretaria lançou a campanha com o tema “Não pule etapas, tudo tem o seu tempo”.
O levantamento da Semsa mostra que no ano de 2013, 24,04% das mães eram adolescentes, no ano seguinte o número caiu para 23,9%, já em 2015 registrou 21,97%. O número de gravidez indesejada caiu ainda mais em 2016, com 18,4%, voltando a subir no ano seguinte, com 19,51%, e registrando 17,51% em 2018.
Leia mais:A enfermeira e supervisora da Rede Cegonha, Cleice Reis, uma das responsáveis pela campanha, destaca ser “muito importante a sociedade estar ciente dos nossos indicadores. Ao longo dos anos nós conseguimos reduzir muito a gravidez na adolescência, isso se deve a vários fatores, como ações voltadas aos direitos sexuais reprodutivos”.
A articulação para a Campanha teve início ainda no ano passado. “Dentro da Secretaria a gente tem um programa que chama Programa de Saúde na Escola (PSE), ele é a saúde dentro da escola. A partir dessas articulações nós conseguimos programar e o que a gente precisa é orientar da melhor forma. O grande compromisso é com a orientação”, defende Cleice.
A supervisora da Rede Cegonha afirma ainda que a campanha segue com programações durante o mês de fevereiro, em escolas municipais e estaduais. “Nas escolas municipais a campanha entrou como tema transversal, ou seja, o professor vai utilizar dessa temática para falar de história, geografia, educação em saúde”.
A profissional cita que alguns estudos apontam sobre o que leva uma menina a engravidar precocemente. “Algumas realmente é por dificuldade no acesso ao método contraceptivo, ou por vergonha, ou por achar que não vai acontecer com elas, ou casos de adolescentes que realmente querem ser mães”.
Para Cleice, a estatística só pode ser menor com o debate e a orientação aos adolescentes. “Os jovens precisam ter voz, vez e fala, nós precisamos saber quais são seus anseios, as dúvidas e atuar dessa forma”.
O secretário de Saúde, Gilberto Laranjeiras, destacou a importância de incentivar leis voltadas para a prevenção da gravidez na adolescência. “A gravidez precoce se tornou um problema na saúde pública, com reflexos sociais, econômicos e financeiros”, destacou.
NACIONAL
O governo federal lançou nesta segunda (3) a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída por meio da Lei nº 13.798/2019.
De acordo com Associação Médica Brasileira (AMB), anualmente em torno de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes.
RISCOS
A enfermeira e supervisora da Rede Cegonha, Cleice Reis, aponta que os riscos de uma gravidez na adolescência são inúmeros. “Aumenta o risco de morte materna, aumenta o risco de morte infantil e fetal, inclusive a gente faz um alerta porque tem aumentado o número de óbito de crianças menores de um ano justamente de mães que tem essa faixa etária, que são adolescentes”.
Outro fator de risco, aponta, é o de adolescentes que colocam em risco a própria vida para fazerem abortos clandestinos. “Aumenta o risco de abortamentos inseguros, é alto também, a gente percebe que por mais que não tenha registro oficiais, é um público que muitas vezes procura realizar aborto de forma clandestina”. (Theíza Cristhine)