Correio de Carajás

Parauapebas contabilizou 50 acidentes domésticos em 2019

Thays se machucou em 2017, fazendo limpeza, e até hoje passa por cirurgias. (Foto: Theiza Cristhine)

No dia 1° de março de 2017 a enfermeira Thays Rodrigues sofreu um acidente doméstico. “Eu estava limpando a casa e quando fui limpar aquele vidrinho do banheiro que a gente coloca o shampoo e o condicionador, o da minha casa era em formato de pizza, passei o pano úmido e ele criou atrito no vidro, então ele puxou e voltou, quando o vidro voltou na parede ele quebrou em duas partes, e quase decepou o meu dedo médio”, relembra.


Thays passou por uma primeira cirurgia e ser da área de saúde não bastou para que ela sarasse rapidamente. Ao não ter sido feita a correção da forma que deveria ela acabou sendo submetida a mais três cirurgias corretivas. Hoje, Thays não tem mais o movimento total do dedo, após perder um dos tendões, e não é a única a conviver com a sequela de um simples acidente doméstico.

Conforme Joselito, objetos como uma simples panela de pressão podem ser perigosos. (Foto: Theiza Cristhine)


Neste ano, Parauapebas registrou 10% dos acidentes domésticos que ocorreram no Estado do Pará, dado contabilizado por meio de atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros. Em torno de 40% dos casos, as crianças são atingidas. “No ano de 2019 nós tivemos em média 50 acidentes domésticos”, afirma Joselito, oficial dos Bombeiros.

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Sobre as estatísticas dos acidentes no município, o oficial afirma ser um “fator a ser considerado, tanto em relação às crianças quanto aos idosos, mas principalmente às crianças que têm sofrido acidente doméstico com panelas, com fogões, com escada, com objetos que são deixados na casa e tomadas. Esses são os principais acidentes domésticos que são atendidos em Parauapebas”, explica.


Sobre os cuidados em casa, Joselito diz que “qualquer ambiente doméstico vai apresentar os perigos” então os adultos devem ensinar às crianças a identificarem os riscos presentes no ambiente, além de prevenir o uso de tomadas abertas e adquirindo tapetes antiderrapantes para evitar escorregões.


A orientação do Corpo de Bombeiros é que os banheiros também tenham piso antiderrapante. Sobre os materiais cortantes, como tesouras e facas, estes devem estar em local que fique longe do acesso das crianças. “Nós temos situações das crianças maiores que se acidentam principalmente por brincadeira, por um desafio”, diz.


Quando a prevenção não foi suficiente e o acidente ocorreu, conforme o bombeiro, o procedimento inicial é acionar a emergência. “Em se tratando de queda você tem que de imediato isolar o local e manter a vítima imóvel, o mais imóvel possível, até a chegada do serviço de emergência, se você tem um treinamento de primeiros socorros você deve fazer a contenção hemorrágica”.


Em caso de parada cardiorrespiratória, afirma, deve-se iniciar as compressões torácicas. “Se não tiver o conhecimento como fazer, o próprio serviço de emergência vai te orientando enquanto as viaturas com os especialistas vão chegar ao local. Nós temos dois casos críticos aí, as grandes hemorragias têm que ser de imediato contidas e nós temos também as paradas cardiorrespiratórias, se for esperar cinco minutos até o serviço de emergência chegar essa pessoa não vai sobreviver, então a ação tem que ser imediata, mas tem que saber fazer o procedimento”, alerta o oficial.


Conforme ele, a aplicação dos primeiros socorros tem que ser uma cultura internalizada desde a infância. “Uma criança tem que ser capaz de salvar um adulto ou outra criança de forma simples, uma linguagem aplicada didaticamente correta para cada nível de conhecimento desde a criança da alfabetização até o estudante universitário, todos precisam receber treinamento dentro da sua faixa etária. O mínimo de conhecimento é capaz de salvar uma vida”, destaca.


Outro acidente muito comum é com a panela de pressão. “Nós temos atendido bastante acidente em Parauapebas com panela de pressão”. Isso acontece porque a válvula com pino foi feita para liberar vapor, logo, se durante a operação da panela a válvula parar de soltar vapor e fazer aquele chiado característico, isso pode indicar que ela foi obstruída. Caso a panela apresente liberação de vapor pela área circular onde fica localizada a borracha, significa que a borracha está danificada e precisa ser substituída, e não fechada por outros objetos, o que pode proporcionar um acidente.


Conheça a lei que obriga escolas a capacitar profissionais em primeiros socorros


Após a Lei Nº 13.722/2018 ser sancionada, escolas públicas e privadas da educação básica são obrigadas a capacitar seu quadro de professores e funcionários para prestarem primeiros socorros, quando necessário, no corpo estudantil. A proposta foi criada para homenagear o estudante Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que em 2017 faleceu vítima de engasgo durante um passeio escolar. (Theíza Cristhine)