Para marcar o Dia Nacional de Luta Antimanicomial, celebrado sábado, 18, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Parauapebas, realizará diversas ações alusivas à data. A programação começa hoje, quarta-feira, 15, e segue até dia 29 deste mês, desenvolvidas por meio da Supervisão de Saúde Mental.
Nesse período serão ofertados serviços como apresentações culturais, oficinas de relaxamento e sensibilização artística, corte de cabelo, design de sobrancelha, palestra, entre outros.
Hoje, de 8h às 12 horas, está sendo realizado o Dia do Orgulho Louco, com apresentações artísticas e culturais, no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Rua G, nº25, bairro União.
Leia mais:No dia 23, de 16 às 19 horas será realizado o Açaí Filosófico, com apresentações artísticas e culturais, na Concha Acústica, PA-275, entre as Ruas 2 e3. Dia 27, de 14 às 18 horas, será realizada a assembleia geral para usuários, trabalhadores e familiares, no CAPS.
A programação segue no dia 28, com reunião, a partir das 8 horas, para usuários e familiares do CAPS no Centro Universitário de Parauapebas (Ceup), Bairro Cidade Nova. Às 14 horas, acontece reunião com vereadores.
Encerrando a programação, no dia 29, às 8 horas, haverá formação para trabalhadores da rede municipal, no Ceup. Das 14 às 17 horas, será realizada uma Palestra “Saúde Mental e do Trabalhador”, no Ceup.
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial foi instituído após profissionais da saúde mental, cansados do tratamento desumano e cruel dado a usuário do sistema de saúde mental, organizarem o primeiro manifesto público a favor da extinção dos manicômios durante o II Congresso Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental realizado em 1987, na cidade de Bauru (SP). Naquela manifestação, nasceu o Movimento Antimanicomial.
Segundo os dados mais recentes da Organização Munidial da Saúde (OMS), no Brasil cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum atendimento em saúde mental. Desse total, pelo menos 5 milhões (3% da população) sofrem com transtornos mentais graves e persistentes.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, apesar de a política de saúde mental priorizar as doenças mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, as mais prevalentes estão ligadas à depressão, ansiedade e a transtornos de ajustamento.
No mundo, os problemas de saúde mental ocupam cinco posições no ranking das dez principais causas de incapacidade, de acordo com a OMS. Nesse caso, os distúrbios mentais ou comportamentais atingem mais de 400 milhões de pessoas.
Cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de depressão e 50 milhões têm demência. A esquizofrenia acomete 23 milhões, e o distúrbio bipolar atinge 60 milhões.
No Brasil, desde a aprovação da chamada Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216/2001), os investimentos visam substituir o atendimento em hospitais psiquiátricos (principalmente as internações) pelos serviços abertos e de base comunitária.
Uma das principais metas da reforma é a redução do número de leitos nessas instituições. Até agora, foram fechados 17,5 mil, mas ainda restam 35.426 leitos em hospitais psiquiátricos públicos ou privados em todo o País.
A implementação da rede substitutiva – com a criação dos centros de Atenção Psicossocial (Caps), das residências terapêuticas e a ampliação do número de leitos psiquiátricos em hospitais gerais – avançaram nos últimos anos, mas ainda convive com o antigo modelo manicomial, marcado pelas internações de longa permanência.
De acordo com um diagnóstico realizado por uma comissão de 28 cientistas sobre a crise de saúde mental, essa é uma epidemia que se alastra por todo o planeta, provoca prejuízos exorbitantes e que tão cedo não será remediada. De acordo com um relatório publicado pela revista “Lancet”, casos de doenças como ansiedade e depressão aumentaram “dramaticamente” nos últimos 25 anos e nenhum país está investindo suficientemente para combater esta tendência.
A falta de políticas dedicadas à área pode custar US$ 16 trilhões à economia global entre 2010 e 2030. No Brasil, as novas formas de cuidar da saúde mental que está em estudo pelo Ministério da Saúde já recebeu críticas de especialistas.
Em fevereiro deste ano, o MS chegou a divulgar uma nota técnica do documento, mas depois retirou devido as críticas. É que documento coloca em prática a antiga forma de tratamento, tão condenada por especialista na área.
Entre outros pontos, a ‘nova politica de saúde mental’ prevê a internação em hospitais psiquiátricos e o financiamento para compra de máquina de eletrochoques. De acordo com parte dos especialistas, os principais itens da nota técnica do MS vão na contramão à Lei da Reforma Psiquiátrica, que estabeleceu novas diretrizes para o cuidado à saúde mental no Brasil.
Antes da lei de 2001, era comum que pessoas com transtornos mentais fossem internadas indefinidamente em hospitais psiquiátricos que funcionavam como asilos, onde sofriam maus-tratos. (Tina Santos)