A recente decisão de adiar o Carnaval em Parauapebas tem gerado intensos debates e críticas na comunidade local sobre o real motivo por trás da escolha. A Liga das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Parauapebas e Região (Liabespr) optou por transferir as festividades para o período de 5 a 7 de abril, após enfrentar oposição de grupos religiosos que se opõem à celebração da festa durante a Quaresma no município.
A mudança, embora tenha sido apresentada como uma medida para permitir mais tempo de preparação para os participantes do evento, tem sido duramente questionada por membros da comunidade, especialmente aqueles ligados à Igreja Católica.
PREFEITURA
Em uma nota de esclarecimento, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Parauapebas disse que a mudança da data do evento, inicialmente planejado para o período de 29 de fevereiro a 3 de março, visou proporcionar mais tempo de preparação para os blocos e escolas de samba do município.
Entretanto, a nova data proposta gerou manifestações contrárias, especialmente por ocorrer durante o tempo da Quaresma, celebrado por algumas vertentes do Cristianismo, incluindo a Igreja Católica. Em resposta a essas preocupações, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), disse que participou de uma reunião conduzida pelos dirigentes de blocos e escolas de samba, ocorrida nesta sexta-feira, 16.
Na reunião, a Liabespr propôs uma nova data para o Carnaval na cidade, a fim de atender às demandas da comunidade. Dessa forma, a nova data defendida pela Liga para a realização da festa carnavalesca vai de 5 a 7 de abril. Ademais, ficou estabelecido que o dia 29 de fevereiro será dedicado apenas ao concurso de escolha da Rainha do Carnaval de Parauapebas 2024.
VERSÃO DA IGREJA
O padre Cristiano Martins Borges, da Paróquia de São Francisco, em Parauapebas, expressou em uma entrevista à reportagem deste CORREIO sua preocupação com a decisão de realizar o Carnaval fora de época. Ele enfatizou a importância da Quaresma como um período de reflexão, oração, jejum e penitência, no qual os fiéis são convidados a mergulhar em uma profunda espiritualidade.
Segundo o padre Cristiano, a mudança da data do Carnaval para um período dentro da Quaresma interrompe esse processo espiritual, desviando a atenção das questões fundamentais propostas por esse tempo litúrgico. Ele ressaltou que o Carnaval, que já foi uma festa cristã, perdeu seu significado original e se transformou em uma celebração pagã, afastando-se dos princípios religiosos.
O líder espiritual enfatizou a importância de respeitar a tradição e os ensinamentos da Igreja Católica, convidando os fiéis a refletirem sobre a necessidade de manter a integridade espiritual durante a Quaresma.
Além disso, o padre Cristiano mencionou iniciativas da paróquia para promover a espiritualidade durante esse período, como a realização de orações matinais às 5h30 da manhã, que têm atraído uma significativa participação dos fiéis.
A decisão da Liabespr de adiar o Carnaval para abril, embora tenha sido justificada por motivos organizacionais, levanta questões sobre a importância das tradições religiosas na cidade. (Thays Araujo com informações de Ronaldo Modesto e ASCOM/Parauapebas)