Através de um trabalho conjunto de investigação das polícias Civil e Militar, foi identificado e preso no início da noite de ontem, terça-feira, 23, Matheus Lima dos Santos, acusado de matar a golpes de faca e chave de fenda o cabeleireiro Ary Ribeiro da Silva, que era popularmente conhecido como “Arielza”.
O crime aconteceu por volta de 22h30 do dia anterior, segunda-feira, 22, na casa onde a vítima morava, na Rua Santa Catarina, Bairro Liberdade I, em Parauapebas.
O corpo do cabeleireiro foi encontrado no final da manhã de ontem pela dona da casa onde ele morava e onde funcionava o salão dele. Segundo o delegado Nelson Alves Júnior, que está à frente do caso, a mulher achou estranho o fato da central de ar da casa de “Arielza” estar ligada até tarde, uma vez que seria hábito dela desligar cedo o aparelho.
Leia mais:“Já era mais de 9 horas e a central ainda estava ligada. A mulher estranhou o fato e, depois, como ele não abriu o salão e a central continuava ligada, usou a chave reserva a abriu a porta da sala, já vendo no local muito sangue. Imediatamente ela ligou para a polícia que, ao chegar no local, encontrou o corpo da vítima dentro de um casco de geladeira, que ela usava como uma banheira improvisada”, detalha o delegado.
De acordo com o sargento Leomar, da Polícia Militar, que atendeu à ocorrência junto com o soldado Coutinho, após os primeiros levantamentos do local de crime, uma amiga da vítima informou que tinha estado com ela até por volta de 22 horas em um local ali mesmo no bairro Liberdade, onde foram jantar. Essa pessoa informou que quando saiu do local, “Arielza” já ficou na companhia de um rapaz.
Ainda de acordo com o sargento, através de informações de outras pessoas, descobriram que o cabeleireiro bebeu com esse rapaz em um bar e depois foi com ele para a casa. Essa mesma pessoa foi vista saindo da casa da vítima por volta de 22h30.
“Nós fomos até o bar, mas estava fechado. Seguimos ouvindo pessoas que a gente conhece ali e recebemos mais informações e conseguimos chegar até a identidade do acusado. Fomos até a casa da mãe dele, na Travessa Buriti, ali mesmo no Bairro Liberdade, mas ele não estava lá. Procuramos por ele também em casas de amigos, mas não o achamos. Seguimos nas buscas e, por volta de 18 horas, voltamos à casa da mãe dele, o encontramos e o prendemos”, detalha o policial.
Ao ser preso, o acusado negou o crime. Depois, diante das provas contra ele, admitiu ter matado o cabelereiro. “Além das testemunhas, as digitais dele estavam no local”, frisa o sargento Leomar.
De acordo com o delegado Nelson Júnior, ao prestar depoimento, ele também tentou negar o crime. “Nós mostramos as imagens de câmeras da vizinhança, que mostram ele saindo da casa da vítima e outros detalhes. Sem ter mais argumentos, confessou o crime e deu os detalhes de como tudo aconteceu”, enfatiza Nelson.
Segundo o delegado, Matheus detalhou que estava bebendo com o cabeleireiro, que depois o convidou para seguir bebendo vinho na casa dele. Ele aceitou o convite e, quando estavam na casa, a vítima começou a acariciá-lo.
Isso teria irritado Matheus, mas Ary teria oferecido uma certa quantia em dinheiro, para que ele mantivesse relação sexual com ele. “Ele disse que aceitou, mas antes de transar com a vítima, deu uma mata-leão, que a fez desmaiar. Depois ele usou uma faca e uma chave de fenda para ferir a vítima no pescoço, arrastou o corpo e jogou na banheira improvisada”, conta o delegado.
Após confessar o crime, Matheus pediu para não ser colocado em cela junto com integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Ele disse que teme ser morto na cadeia, porque seria simpatizante da facção rival ao CV.
O acusado já esteve preso por furto e roubo, chegando a ficar quatro meses na cadeia. Agora, estava em liberdade condicional. “Como ele já tem histórico de prisão, vamos oficiar a direção da Carceragem do Rio Verde, para que o deixe em cela separada de membros da dessa facção, para evitar que seja agredido sob custódia do Estado”, ressaltou o delegado.
“Arielza” era muito conhecido em Parauapebas e ativista do movimento LGBT. Vários amigos estiveram no local e lamentaram a morte dele. Segundo um dos amigos, a banheira improvisada de casco de geladeira era a diversão de Ary, que costumava tirar fotos dentro dela, para brincar com os colegas em redes sociais. (Tina Santos – com informações de Ronaldo Modesto)