Correio de Carajás

Paraense Daniel Munduruku vence Prêmio Jabuti 2025 na categoria melhor livro infantil

Daniel Munduruku é escritor, professor, ator e ativista indígena brasileiro, com mais de 60 livros publicados

Nascido no Pará e pertencente ao povo Munduruku, o escritor soma mais de 60 livros publicados e dois prêmios Jabuti/Foto: Acervo Pessoal

O escritor e ator paraense Daniel Munduruku venceu o Prêmio Jabuti 2025 na categoria Livro Infantil, com a obra “Estações”, criado em parceria com a ilustradora mineira Marilda Castanha. O anúncio foi feito durante a cerimônia de premiação realizada na noite de segunda-feira, 27 de outubro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Munduruku é tricampeão do prêmio. Também foi vencedor na mesma categoria com “Coisas de Índio” (versão infantil), em 2003, e em 2017 com “Vozes Ancestrais”.

Antes do anúncio do prêmio, o escritor falou sobre a indicação com exclusividade ao Grupo Liberal. Os vencedores das 23 categorias, distribuídas nos eixos Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação, incluindo o título de Livro do Ano, foram anunciados na cerimônia. Concorrendo com “Estações”, estavam os livros: “Maior museu do mundo”, de Caio Zero; “O braço mágico”, de Fernando Zenshô; “Quem é esse?”, de Mariana Demuth e Sabrina Berardocco; e “Você dorme como um monstro?”, de Guilherme Karsten.

Segundo Daniel Munduruku, quem escreve para crianças e jovens, geralmente, não está pensando prioritariamente em ganhar prêmios. O que se quer, para ele, é “afetar a alma das crianças”. “Por isso, além do esmero com a escrita, a gente busca parcerias com artistas gráficos, artistas plásticos, que saibam também manipular muito bem a arte da ilustração, para que a escrita e as ilustrações sejam complementares e cumpram a tarefa de afetar o coração das crianças”, explica.

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Como “Estações” é uma publicação na qual houve cuidado na interação entre as duas linguagens (ilustração e literatura), Daniel Munduruku afirma que havia a expectativa de que ele fosse visto “com a mesma acuidade por aqueles que são os julgadores, que fazem parte do júri” do Prêmio Jabuti. “A gente sabe que a CBL (Câmara Brasileira do Livro) é uma entidade muito séria e recebe muitas e muitas obras, e vai selecionando, refinando, até que saiam os cinco finalistas que estão agora na expectativa de serem contemplados; quaisquer um deles têm certamente todos os méritos para serem vencedores”, diz o autor.

Obra construída em conjunto por Munduruku e Marilda Castanha, “Estações” nasceu de uma conversa entre os dois artistas. “Nós estávamos assistindo a uma apresentação de uma orquestra, em Minas Gerais, que começou a tocar a famosa obra ‘As Quatro Estações’ (de Antonio Vivaldi). Foi então que eu disse à Marilda: ‘eu tenho a ideia de criar um texto falando sobre as estações, criando uma paridade entre as estações do tempo e as estações da vida. Falei, mais ou menos, como eu queria trabalhar essa ideia a partir da metáfora do tempo. Ela ficou interessadíssima em ouvir mais. Eu rascunhei então, no dia seguinte, o que eu havia pensado e passei para ela. À medida que fomos conversando, o livro foi se estruturando. Ela pensa por imagens e eu penso por palavras”, descreve o escritor, sobre o processo criativo.

Autor premiado no Brasil e no exterior, além do Jabuti, Daniel Munduruku conquistou também, entre outros: o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor livro infantil, Prêmio Érico Vanucci Mendes (CNPq), Prêmio UNESCO – Madanjeet Singh para a promoção da tolerância e da não-violência Muitos de seus livros receberam o selo Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ. Como ator, ele integrou o elenco da novela “Terra e Paixão” e o programa “Falas da Terra”, ambos da TV Globo. (Fonte: O Liberal)



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