Correio de Carajás

Pará vai ampliar rastreamento do câncer do colo do útero com protocolo DNA-HPV no SUS

Belém é a primeira capital do Norte a adotar o procedimento, que detecta o vírus antes de alterações celulares e garante diagnóstico precoce da doença

Foto: Divulgação

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) participou, nesta sexta-feira (15), do lançamento nacional do novo protocolo e das diretrizes para o rastreamento do câncer do colo do útero, com a implantação do teste de DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). O evento, realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Ilha do Combu, que integra a área insular de Belém, reuniu autoridades federais, estaduais e municipais para apresentar a tecnologia, que promete ampliar a detecção precoce da doença e salvar vidas. Belém assume papel de destaque nacional como primeira capital do Norte a adotar o protocolo, servindo de referência técnica e operacional para outros estados.

Para a secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz, a implantação desse procedimento no Pará é um marco para a promoção da saúde da mulher. “Estamos oferecendo um método mais sensível e preciso, capaz de identificar o HPV antes de provocar qualquer lesão. Isso significa salvar vidas, evitar tratamentos mais invasivos e garantir mais tranquilidade para milhares de mulheres paraenses. Começar essa implantação em uma unidade ribeirinha simboliza nosso compromisso de levar avanços tecnológicos a todos os cantos do Pará, sem deixar ninguém para trás”, destacou.

Representando o Ministério da Saúde, Lena Peres, assessora da Secretaria de Atenção Especializada, explicou a relevância da escolha do estado para o lançamento. “Na região Norte inteira, o câncer de colo do útero ainda tem números muito expressivos. Para você ter uma ideia, nós temos o dobro de casos em relação à região Sudeste. E esse câncer provoca uma mortalidade completamente evitável, não só pelo rastreamento, mas também pela vacina, que hoje pode ser aplicada em dose única e prevenir a doença. O Pará foi escolhido por ter capacidade de implantação imediata, pelo Instituto Evandro Chagas estar aqui e pela possibilidade de, em breve, disseminar essa experiência para todo o Norte”, afirmou.

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O exame identifica o material genético do Papilomavírus Humano (HPV) em amostras de células, permitindo detectar tipos de alto risco associados ao desenvolvimento do câncer antes mesmo de surgirem alterações visíveis. Mais sensível que o Papanicolau (preventivo do câncer do colo uterino), o teste possibilita diagnósticos mais precoces e intervenções rápidas, alinhando o Pará às recomendações nacionais e internacionais de prevenção.

Eficiência – A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosems/PA), Jucineide Barbosa, ressaltou a importância da parceria entre Estado e municípios. “A gente já tem uma parceria muito forte nos municípios, e sabemos que o câncer de colo do útero ainda é um grande gargalo, especialmente nas áreas de difícil acesso. Conheço bem o projeto, e sei que o resultado é magnífico. A agilidade no atendimento dessas mulheres, desde a coleta até o seguimento, é fundamental. Estamos juntos na mobilização e no incentivo para que os municípios desenvolvam, cada vez mais, e fortaleçam esse trabalho, garantindo diagnóstico o mais precoce possível”, reforçou.

A ação integra o Programa “Agora Tem Especialistas”, e resulta de uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Sespa e a Prefeitura de Belém. Durante o evento, houve visita técnica à UBS do Combu, demonstração do kit DNA-HPV e explicação sobre o novo protocolo.

Prioridades – Na fase inicial, o projeto será implantado nas regiões de saúde do Marajó I e II e em Belém, com meta de atender mulheres de 25 a 60 anos, público-alvo do Programa. Até agosto de 2026, a previsão é de que sejam realizados 35.551 exames, com média mensal de aproximadamente 3 mil coletas. A primeira remessa de testes deve chegar até setembro, e permitirá o início imediato das coletas nas áreas selecionadas.

A iniciativa faz parte do esforço global para alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública até 2030.

Com a implantação do teste-piloto, o fluxo de atendimento também será mais ágil. Resultados positivos seguirão diretamente para citologia reflexa, colposcopia e, se necessário, biópsia. Em casos negativos, o intervalo para repetição do exame será de cinco anos, reduzindo exames desnecessários e otimizando recursos.

(Agência Pará)