Esta sexta-feira (19) é marcada pelo ‘Dia Mundial da Prevenção a Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes’. A data enfatiza o combate contra atitudes que ferem a dignidade e integridade desses grupos nas primeiras fases de desenvolvimento da vida.
No Pará, houve aumento de 1.331 casos de crimes praticados contra crianças e adolescentes, de janeiro a setembro de 2021, em comparação ao mesmo período no ano passado. É o que apontam os dados divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup).
De acordo com a secretaria, em 2020 foram computados 5.345 casos de violência contra esses grupos em todo o estado. Já este ano, foram registrados 6.676 casos.
Leia mais:A Segup informou que dentre os crimes praticados estão: lesão corporal, lesão corporal seguida de morte, homicídio, maus tratos e outros tipos de violência.
Quando essas ocorrências se dão dentro do ambiente familiar, são caracterizadas como violência doméstica. A violação dos direitos da criança e adolescente dentro do meio doméstico pode provocar consequências para toda a vida, explica a psicóloga comportamental Ana Claudia Machado.
“O ambiente familiar é muito primordial para o desenvolvimento infantil e do adolescente. É dentro desse ambiente que a criança consegue desenvolver suas primeiras características emocionais, psicológicas, e também o desenvolvimento físico. Então, a violência doméstica pode afetar seriamente essas pessoas. Eles podem colher as consequências disso em todas as fases da vida”, argumenta.
Além da agressão física e psicológica, a omissão e negligência também são considerados tipos de violência, já que são descuidos que vão desde a ausência de auxilio financeiro à desnutrição de pessoas que dependem de terceiros para sobreviver.
Comportamento da criança pode indicar violência
A prevenção contra crimes de violência praticados contra crianças e adolescentes parte da atenção dos cuidadores para os sinais que as vítimas expressam.
A psicóloga Ana Claudia explica que os sinais mais comuns, principalmente de abuso sexual, são comportamentos agressivos e isolamento social. Mas outros tipos de comportamentos podem acender um alerta em pais e responsáveis para possíveis violações.
”Se uma criança mostra que tem muito medo dos pais e quer passar o máximo der tempo fora de casa, por exemplo. Crianças que desconfiam muito de contato com adultos, que estão sempre muito alerta , ansiosas, esperando que algo ruim aconteça, com dificuldade de aprendizagem na escola, dificuldade de concentração ou então é muito tímido e muito submisso”, explica.
Em caso de violência sexual, a psicóloga enfatiza que é importante observar se há busca por isolamento social, depressão. Pode ser que esse tipo de violência leve a vítima a fugir de casa ou até mesmo a uma gravidez precoce.
‘Desmistificar que famílias são intocáveis’
Ainda de acordo com a psicóloga, o primeiro passo para prevenção de violência contra crianças e adolescentes é entender que o lar não é, necessariamente, um ambiente sagrado “que não tem problemas e que as famílias são perfeitas”, diz.
Segundo Ana Claudia, é preciso “desmistificar que as famílias estão em um local intocável dentro da nossa sociedade e a partir disso, prestar atenção no comportamento dos integrantes dessa família e nos sinais que as crianças e adolescentes dão, porque muitas vezes eles não se comunicam de forma direta”, explica.
Uma das ferramentas de combate à violência é a educação sexual. A psicóloga explica que as crianças precisam ter noção do que está acontecendo com elas para terem mecanismos que as possibilitem se comunicar com os cuidadores.
Também é essencial a elaboração de políticas públicas para acolhimento de famílias vítimas de violência.
“É necessário políticas públicas porque muita gente fica desamparada por não saber para onde ir, não terem recurso financeiro. Então a política publica é muito importante para isso”, diz.
O que fazer ao identificar crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica?
No Pará, há de doze unidades integradas à Delegacia Especializada no Atendimento a Criança e ao Adolescente (Deaca) responsáveis pelo atendimento de crianças e jovens vítimas de qualquer tipo de violência, realizando atendimento e acompanhamento psicossocial e até mesmo médico, de acordo com a necessidade.
A Fundação ParáPaz disponibiliza a plataforma digital “ParáPaz Acolhe“, que funciona como um canal de orientação para a população em geral e, principalmente, para vítimas de violência doméstica e sexual no território paraense.
Locais de atendimento
Na região metropolitana de Belém, o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e Santa Casa fazem o atendimento exclusivo de vítimas de violência sexual. Em todas, o acolhimento é realizado por meio de encaminhamentos de outros órgãos ou de forma espontânea.
No interior, dez municípios contam com unidades integradas da Fundação ParáPaz: Altamira, Bragança, Breves, Marabá, Paragominas, Santarém, Tucuruí, Parauapebas, Vigia e Santa Maria.
(Fonte:G1)