De janeiro a maio de 2023, o Pará registrou 931 mortes em decorrência de pneumonia. No ano passado, foram 2.971 óbitos por conta da doença no estado. Já em 2021, foram 2.415 óbitos. O balanço foi divulgado pela Secretaria do Estado de Saúde Pública (Sespa), que também explicou que o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) tem recebido várias solicitações de transferência para realizar tratamentos referentes à pneumonia em crianças. Segundo a Sespa, os casos estão em alta na região.
Em balanço divulgado na quinta-feira (15), a Sespa informou que dos 12 internados por pneumonia no HRBA, oito são crianças. A Secretaria ponderou que, devido a particularidades climáticas, o Pará atravessa momentos sazonais de alta e baixa de casos de pneumonia. E que as crianças são mais suscetíveis a desenvolver pneumonia porque ainda estão em fase de formação do sistema imunológico.
“Como trata-se de um período que anualmente os números de casos de pneumonia aumentam, os hospitais do estão preparados com antecedência para a resolução de casos, abastecido com medicamentos necessários e equipe pronta para atender.”, pontuou a gestão estadual de Saúde.
Leia mais:A rede hospitalar não trabalha com leitos exclusivos para casos graves de pneumonia. Os pacientes deste hospital que precisarem de atendimento ocuparão um dos leitos de UTI da unidade, conforme pontuou a Sespa. “O HRBA tem conseguido garantir o atendimento necessário para atender a demanda da região.”, garantiu.
A pneumonia, em sua forma grave, pode resultar em complicações como derrame pleural, pulmão necrosado ou fístula pulmonar, especialmente, em crianças. De acordo com um levantamento realizado pelo HRBA, no período de janeiro a abril de 2023, a UTI pediátrica atendeu um total de 47 pacientes, sendo que 22% deles apresentavam transtornos pulmonares e pneumonia.
Caso exista suspeita de sintomas gripais estarem evoluindo para pneumonia, deve-se buscar atendimento na atenção básica de saúde, de competência municipal. Em caso de quadro mais grave, o paciente é transferido para hospitais de competência estadual. A Sespa também explicou que não possui dados exatos de casos de pneumonia no estado por não tratar-se de um agravo de notificação compulsória, apenas internações e óbitos.
Dados globais
De acordo com a ONU, cerca de 6,3 milhões de crianças com menos de 5 anos correm o risco de falecer devido à pneumonia entre 2020 e 2030, considerando as tendências atuais.
Números divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) destacam a gravidade dessa doença. A cada ano, aproximadamente 4,2 milhões de crianças sofrem com pneumonia grave, resultando em mais de 800 mil óbitos de crianças menores de 5 anos. Esses números superam as estatísticas de mortes causadas por malária, sarampo e diarreia combinadas.
O que é pneumonia?
O especialista em Pneumologia Walter Netto explica que a pneumonia é uma doença inflamatória aguda que acomete os pulmões e pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos. “Clinicamente é representada pela manifestação de sintomas como tosse, febre, piora do estado geral e desconforto respiratório. Na maioria das vezes, a doença possui bom prognóstico quando adequadamente tratada, isto é, costuma responder bem ao tratamento quando bem aplicado”, detalhou.
Segundo Walter, alguns fatores pesam a favor de más respostas como o extremos de idade, caso de crianças e idosos, além do estado geral do paciente, quando possuem comorbidades descompensadas, como diabetes e hipertensão. Outro fator é o tipo de pneumonia, a chamada pneumonia hospitalar, que é adquirida em ambiente hospitalar e pode ser causada por agentes patógenos mais agressivos do que os responsáveis pelas formas adquiridas na comunidade.
“O paciente que estiver apresentando sintomas respiratórios deve procurar ajuda profissional do clínico ou pneumologista, tendo o quadro confirmado pela história clínica, exames laboratoriais e de imagem, como o raio-X de tórax. Assim, o profissional já deverá iniciar o tratamento direcionado para combater o agente patógeno causador do quadro”, explicou Walter Netto.
No caso das pneumonias bacterianas, o especialista acrescenta que os antibióticos são as drogas mais escolhidas para o tratamento. Porém, o paciente precisa passar por avaliação médica, pois é necessário observar se o caso pode ser tratado em casa ou se será preciso levar o paciente para internação hospitalar.
“As estratégias de combate à pneumonia são medidas como lavagem das mãos, evitar ambientes de aglomeração, não fumar e não consumir álcool excessivamente. Devemos possuir hábitos para manter o sistema imunológico adequadamente apto para a resposta, como a prática de atividades físicas, sono regular e alimentação equilibrada. E, claro, a adesão às campanhas de vacinação é de importância fundamental”, orientou pneumologista Walter Netto.
(Fonte: O Liberal/ Texto: João Thiago Dias e Vitória Reimão)