Correio de Carajás

Pará recebe efetivamente o certificado de zona livre de aftosa sem vacinação

A conquista posiciona o estado, detentor do segundo maior rebanho bovino do país com mais de 26 milhões de cabeças, em um novo patamar

A conquista também reforça a posição do Brasil como um dos principais fornecedores mundiais de proteína animal
Por: Da Redação
✏️ Atualizado em 28/10/2025 08h43

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) realizou na última semana a entrega oficial do certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que reconhece o Brasil como zona livre de febre aftosa sem vacinação. A conquista posiciona o estado, detentor do segundo maior rebanho bovino do país com mais de 26 milhões de cabeças, em um novo patamar no comércio internacional de carnes.

O reconhecimento foi oficializado em maio deste ano durante a 92ª Assembleia Geral da OMSA, realizada na França, e representa o resultado de três décadas de esforço conjunto entre produtores rurais, órgãos de defesa sanitária e entidades do setor pecuário. A certificação abre as portas para mercados de alto valor agregado, como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, que exigiam essa condição sanitária para importação de carne bovina brasileira.

A certificação da OMSA representa muito mais do que um reconhecimento técnico. Para o setor produtivo paraense, o título significa acesso a mercados que pagam melhor pela carne brasileira e valorizam os padrões de qualidade e sanidade animal. Daniel Freire, presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado do Pará (Sindicarne), explica que a abertura de fronteiras não se traduz apenas em maior volume de exportações, mas fundamentalmente em melhor cotação para o boi e para a carne.

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“O objetivo é aumentar as exportações para valorizar a produção e gerar mais renda no campo. Com acesso a mercados mais exigentes, o produtor paraense terá melhor remuneração pela sua atividade”, afirma Freire.

O impacto econômico da certificação é significativo quando se analisa os números da produção paraense. O estado produz cerca de 1 milhão de toneladas de carne bovina por ano, mas consome internamente apenas 250 mil toneladas. Essa diferença entre produção e consumo torna essencial a abertura de novos mercados para o escoamento da produção excedente.

Com a certificação, cortes menos consumidos no mercado interno, como músculo e patinho, poderão ser direcionados para exportação, enquanto cortes nobres, como o contrafilé, terão melhor valorização no mercado europeu, conhecido por pagar preços premium por produtos de alta qualidade.

Três décadas de trabalho

A conquista do status de zona livre de febre aftosa sem vacinação não aconteceu da noite para o dia. Rose Remor, assessora técnica do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Pará (Fundepec/Faepa), destaca que o resultado é fruto de três décadas de esforço, vigilância e conscientização no campo.

“O produtor rural fez a parte dele: vacinou, notificou e caminhou junto com o serviço veterinário oficial. Essa conquista é coletiva e demonstra o comprometimento de toda a cadeia produtiva com a sanidade animal”, ressalta Rose.

Jamir Macedo, diretor-geral da Adepará, reforçou durante a cerimônia de entrega do certificado que a conquista pertence a todo o setor, que gera riquezas e empregos para o estado. Francisco Victer, presidente da União das Indústrias Exportadoras de Carnes (Uniec), afirmou que o novo status é um símbolo da confiança internacional no controle sanitário brasileiro.

Pecuária sustentável

Além da excelência sanitária, a pecuária paraense também se destaca pelo compromisso com a sustentabilidade ambiental. Segundo dados apresentados pelo Sindicarne, apenas 15,5% do território do estado é utilizado para a produção de animais. Esse índice demonstra que é possível conciliar uma pecuária pujante e produtiva com a preservação ambiental e a responsabilidade social.

“Esse dado fortalece a imagem da carne paraense no cenário global. Os mercados internacionais, especialmente a União Europeia, valorizam cada vez mais produtos que respeitam o meio ambiente e são produzidos de forma sustentável”, destaca Daniel Freire.

A certificação como zona livre de febre aftosa sem vacinação coloca o Pará em posição privilegiada para atender às crescentes exigências dos consumidores internacionais, que buscam não apenas qualidade e segurança alimentar, mas também garantias de que a produção respeita critérios ambientais e sociais.

Perspectivas para o futuro

Com o novo status sanitário, a expectativa do setor é de crescimento expressivo nas exportações de carne bovina paraense nos próximos anos. A abertura de mercados como Estados Unidos e Japão, que estão entre os maiores importadores mundiais de carne bovina e pagam os melhores preços, representa uma oportunidade histórica para os produtores do estado.

A conquista também reforça a posição do Brasil como um dos principais fornecedores mundiais de proteína animal de qualidade, consolidando a confiança internacional no sistema de defesa sanitária brasileiro e abrindo caminho para que outros estados da federação busquem a mesma certificação.

Para os produtores rurais paraenses, o reconhecimento da OMSA representa o reconhecimento de décadas de trabalho dedicado à melhoria da sanidade do rebanho e o início de uma nova era de valorização e rentabilidade para a pecuária estadual.



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