Correio de Carajás

Pará: Piloto de avião que fez pouso de emergência nega ter atirado em passageiro

A Polícia Civil esclarece que, em depoimento prestado ao delegado João Milhomem, na Seccional de Itaituba, na última semana, Sergio Vanderlei Becker, piloto do avião que fez o pouso forçado em um rio, perto da comunidade de Jardim do Ouro, zona rural do município, alegou não ter atirado no passageiro identificado por ele como “Polaco”, após este matar a tiros outro passageiro identificado como “Turco”.

O piloto afirma não ter dado qualquer outra versão anterior a policiais militares e que a informação inicial de que teria atirado em Polaco teria sido mal interpretada pelos PMs que o detiveram enquanto seguia na garupa de um mototáxi para a comunidade de Morais de Almeida, em Itaituba.

O piloto alega que teria dito aos PMs que, “para salvar a própria vida”, atiraria em Polaco, negando ter declarado a versão inicial reportada por PMs em um boletim de ocorrência registrado na Seccional de Itaituba. No depoimento ao delegado, Sérgio Becker afirma que é piloto freelancer e que foi contratado por Turco para pilotar o avião, que pertenceria a Polaco.

Leia mais:

A versão do piloto diz que ele teria partido do Aeroporto de Guarantã do Norte na quarta-feira (27), por volta de 12h40. Segundo ele, após uma hora de voo, já na região de Itaituba, os dois passageiros iniciaram uma discussão por causa de valores em dinheiro e após alguns minutos de silêncio, ouviu barulho de disparos e que, ao virar o rosto para trás, viu Turco morto, caído no assento com tiros na cabeça e Polaco segurando um revólver.

Nesse momento, o piloto alega ter decidido retornar ao Mato Grosso. Ainda de acordo com Becker, Polaco teria colocado um pano na cabeça de Turco e arrastado o corpo pelo piso entre as poltronas.

Segundo ele, Polaco teria aberto a porta principal do avião, que fica do lado esquerdo e nesse momento, teria avistado a rodovia BR 163 (Cuiabá-Santarém) e as comunidades de Jardim de Ouro e Morais de Almeida, em Itaituba. Após isso, o piloto afirma que sentiu um novo desequilíbrio no avião. Foi então que afirma ter visto Polaco jogar o corpo de Turco para fora da aeronave.

Em seguida, o piloto alega que entrou em desespero e, temendo por sua vida, decidiu iniciar o pouso de emergência. Becker afirma ter simulado uma pane na aeronave e, em seguida, avisou a Polaco que “havia perdido o motor esquerdo”.

Por fim, o piloto pousou no leito do rio, perto da comunidade Jardim do Ouro. Ao perceber que o aparelho afundava, o piloto alega que saiu pela porta de emergência no lado direito do avião, enquanto que Polaco permaneceu perto da porta principal aos fundos.

O piloto disse ter ficado sobre a asa direita do avião já submersa, de onde afirma ter visto Polaco ser arrastado pela correnteza, não sabendo informar se ele conseguiu chegar à margem do rio. O piloto contou ainda que, após isso, retornou ao interior do avião para pegar sua mochila e uma caixa térmica, que continha gelo e água, e ficou sentado no teto do avião, no aguardo de ajuda.

Segundo ele, cerca de 20 minutos depois, apareceu no local uma pequena embarcação de pescadores, que o levaram até a comunidade de Jardim do Ouro, que fica distante cerca de 25 minutos do local onde ficou o avião. O piloto afirmou que, em seguida, se hospedou em um hotel, onde permaneceu até o dia 28 quando, de tarde, pegou um mototáxi até a comunidade de Moraes de Almeida, onde alega que pretendia procurar as autoridades para comunicar o ocorrido. Foi quando ele foi detido pela PM na estrada à noite. (Agência Pará)