Há exatos 195 anos, o Pará se unia ao restante do Brasil em sua independência da Coroa Portuguesa. Com fortes influências da elite lusitana, o Grão-Pará, como era conhecido na época, foi a última província a reconhecer o Império Brasileiro, o que só aconteceu em 15 de agosto de 1823, quase um ano depois da Declaração da Independência.
A pesquisadora Magda Ricci, professora da faculdade de pós-graduação em História da Universidade Federal do Pará, explica que esse processo foi conturbado devido a forte ligação da província com os comerciantes de Portugal. “Belém tinha o mesmo status que a cidade lusitana do Porto, por exemplo. A navegação, feita a velas e dependente dos ventos na época, era bem mais segura e rápida até Lisboa”, conta. Isso facilitava as relações comerciais, sociais e políticas com Portugal, criando por aqui uma forte resistência à mudança de governo.
De acordo com Ricci, a assinatura do termo de adesão, na verdade, só foi feita por causa de um golpe do Império, quando o capitão Grenfell aportou o brigue de guerra Maranhão no litoral da cidade, afirmando que era apenas o primeiro de uma frota que invadiria o Estado caso não aceitassem se tornar brasileiros. Quando as elites locais descobriram que se tratava de um blefe, no entanto, já era tarde demais.
Leia mais:“Mas pouca coisa mudou na vida dos paraenses após a adesão, já que os portugueses que aqui viviam continuaram tendo privilégios, o que frustrava a população”, conta Ricci. Isso criou tensão, ocasionando uma série de revoltas e insurgências, entre elas o massacre do Brigue Palhaço, em que 256 paraenses que lutavam por direitos iguais foram confinados no navio São José (Brigue Palhaço) e morreram asfixiados.
A professora conta ainda que o feriado era celebrado desde a época do 2º Reinado (1840-1889) , mas que foi institucionalizado após a Proclamação da República. “A celebração se tronou realmente mais forte durante a Era Vargas, quando havia um sentimento de ‘todos pela nação’”, esclarece.
(Fonte: Diário do Pará)