O Estado do Pará ocupa a sexta posição no ranking de unidades federativas que mais mataram em 2017 e número de mortes saltou em 116,0% em relação aos anos anteriores. Em 2007 foram registrados 144 e em 2017 mais 311. Em um ano, entre 2016 e 2017, a variação foi de 5,8%. No primeiro ano, 294 mulheres foram vítimas.
A maior parte delas é negra: foram 112 em 2007 e outras 286 em 2017, uma variação de 155,4%. Em 2017, 21 das vítimas eram não negras, cinco a menos que 10 anos atrás, quando foram registrados 26 casos de não negras mortas. Os dados são do Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quarta-feira (5).
Segundo o estudo, o crescimento dos homicídios femininos é percebido em todo o país, que registra cerca de 13 assassinatos por dia. Ao todo, em 2017, 4.936 mulheres foram mortas, o maior número registrado desde 2007.
Leia mais:O estado que mais registrou crescimento nas mortes violentas contra elas foi o Rio Grande do Norte, com variação de 214,4% entre 2007 e 2017, seguido por Ceará (176,9%) e Sergipe (107,0%). Quando analisado apenas o ano de 2017, o estado de Roraima respondeu pela maior taxa, com 10,6 mulheres vítimas de homicídio por grupo de 100 mil mulheres, índice mais de duas vezes superior à média nacional (4,7).
A desigualdade racial a partir da comparação entre mulheres negras e não negras vítimas de homicídio também é representada em taxas: homicídios de mulheres não negras tiveram crescimento de 1,6% entre 2007 e 2017, enquanto a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 29,9%.
Em números absolutos a diferença é ainda mais brutal, já que entre não negras o crescimento é de 1,7% e entre mulheres negras de 60,5%. Considerando apenas o último ano disponível, a taxa de homicídios de mulheres não negras foi de 3,2 a cada 100 mil mulheres não negras, ao passo que entre as mulheres negras a taxa foi de 5,6 para cada 100 mil mulheres neste grupo.
O atlas aponta que a desigualdade racial pode ser vista também quando verificamos a proporção de mulheres negras entre as vítimas da violência letal: 66% de todas as mulheres assassinadas no país em 2017. (Luciana Marschall)