Correio de Carajás

Pará é o segundo estado brasileiro que mais gerou empregos durante o mês de junho

Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, o Pará foi o segundo estado que mais gerou empregos de carteira assinada em todo o país durante o mês de junho deste ano, e o melhor resultado da região Norte de acordo com Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) confirmados pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).

Entre admitidos e desligados o Pará teve saldo de 4.550 novos postos formais de trabalho, número esse puxado principalmente pelo setor de serviços. Com este resultado, o Pará encerrou o período janeiro-junho/2020 com saldo positivo de quase 1,6 mil postos de trabalho, o melhor e maior resultado em toda a região Norte. 

O titular da pasta, Inocêncio Gasparim, destaca o peso desses dados em um momento em que boa parte das atividades econômicas ou ainda estavam interditadas ou haviam sido retomadas há pouco tempo. “Só no mês de junho foram 1.125 novas carteiras assinadas pelo setor de serviços. Tivemos 6.905 admissões contra e 5.780 desligamentos, e o que torna essa atividade diferenciada em relação ao comércio, indústria, agropecuária e construção civil é que praticamente foram zeradas as perdas do semestre passado”, detalha. 

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Crescimento – De acordo com o secretário, o cenário positivo indica que os empregos perdidos foram retomados, e ainda deve melhorar. “Temos outras atividades de serviços a serem retomadas, em áreas onde, neste momento, não pode haver aglomeração – em estádios de futebol, bares, grandes festas, o que impede o emprego do garçom, do servente, dos copeiros”, justifica.

Ele explica que a Seaster reforçou o foco do atendimento de todos os 44 postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) espalhados pelo Pará especialmente junto a quem precisa de recolocação, providenciar documentação e ainda do seguro desemprego. “Temos sentido melhoras, mas é muito importante que isso ocorra em paralelo às atribuições do Governo Federal, principalmente em relação ao aumento dos valores destinados aos programas que garantem renda mínima às famílias”, analisa Gasparim.

Recomeçar – Pedro Lúcio da Luz é diretor de trabalho e emprego do Sine, e revela que havia grandes expectativas para a retomada da empregabilidade em 2020, antes da Covid-19 chegar ao Brasil. “Fechamos 2019 com 5,5 mil empregos formais positivos, teríamos uma alavancada. Mas veio a pandemia, e junto, a retração. A recuperação acelerada se deve às políticas públicas fundamentais, como a agenda de obras, que não parou, e continuou empregando durante a crise”, credita.

O gestor conta que vem dialogando com várias empresas do setor de serviços sobre a retomada, e que as previsões são positivas. “É retomar o crescimento com força, fechar o ano com um cenário positivo, compreendendo que se trata de uma situação que não é fácil, que é complicada”, avalia Pedro Lúcio.

Expectativas – Para o próprio Dieese, embora a economia ainda não tenha voltado à normalidade, ou ao estado pré-pandemia, a retomada gradual das atividades não essenciais, seguindo as premissas do projeto Retoma Pará, do Governo do Estado, deu condição de respiro a muitos setores. “E quando você olha os dados nacionais, vê que o Pará, guardadas as devidas proporções de tamanho e de população, foi o segundo que mais gerou emprego em junho. Quando eu olho o comparativo do primeiro semestre, vejo que passamos dificuldades notadamente em março e abril, mas geramos emprego nos outros quatro”, compara Everson Costa, técnico e pesquisador do Departamento. 

Os dados empolgam e, inevitavelmente, levam a uma conclusão: a de que a agenda pública e o protagonismo do próprio Estado têm papel de extrema importância, e precisa ser mantido.

“À medida em que o Estado entende que precisa fazer uma intervenção, e principalmente, fomentar as atividades, e com isso também gerar empregos, obtemos uma boa equação. O Estado foi lá e colocou crédito à disposição de vários segmentos. Alguém pode dizer: mas isso resolve tudo? Não, não resolve. Mas foi esse protagonismo que permitiu, não só aqui na Grande Belém, mas nos municípios do interior do Estado, acessar algum tipo de recurso. Coisa que muita gente, mesmo com as linhas federais, não conseguiu. Então isso aqui foi fundamental”, atesta. 

Everson reitera a necessidade de que os investimentos sejam destinados também à qualificação de mão de obra, o que no entendimento dele será crucial a curto, longo e médio prazo para manter a empregabilidade em alta. “O Pará movimenta, em carteira assinada, cerca de 300 mil pessoas contratadas por ano. A gente está torcendo para que a gente possa chegar até o final deste ano, de novo, pelo menos com essas 300 mil pessoas tendo acesso a esse mundo do trabalho com carteira assinada no Pará. A gente precisa melhorar a logística, precisa verticalizar mais a indústria, mas essa organização é fundamental para manter os investimentos aqui”, alerta. (Agência Pará)