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Pará é o estado que mais emitiu gases do efeito estufa em 2018, aponta relatório

Pará é o estado que mais emitiu gases do efeito estufa em 2018, aponta relatório

O Pará é o estado que mais emitiu gases do efeito estufa em 2018. O estado emitiu 12,3% dos gases ligados ao desmatamento, seguido do Mato Grosso (11,9%) e Minas Gerais (9,9), segundo dados da 7ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgada nesta terça (5) pelo Observatório do Clima, uma rede de organizações com mais de 40 membros.

O estudo mostra, ainda, que o Brasil é o 6º país que mais emite gases do efeito estufa no mundo. As emissões aumentaram 0,3% em 2018 após dois anos de quedas sucessivas. O índice foi puxado pela mudança de uso do solo, responsável por 44% das emissões do Brasil.

O efeito estufa ocorre quando a camada natural que cobre a superfície da Terra é reduzida e, com a incidência direta dos raios solares, acaba provocando problemas ambientais. As alterações ambientais ocorrem devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa, como por exemplo mudanças no clima, diminuição das calotas polares, enchentes e maiores períodos de estiagem. Existem mais de 600 fontes de emissão de gases de efeito estufa, principalmente as causadas pelo homem.

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O levantamento feito pelo Observatório do Clima mostra a emissão dos gases por setor. O de energia teve redução de 5%; e o da agropecuária, de 0,8%. Por outro lado, houve crescimento na setor industrial, com 1,8%; nos resíduos, com 1,4%; e, principalmente, com o desmatamento (uso do solo), que teve 3,6% de aumento.

Infográfico mostra a evolução das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, de 1990 a 2018, de acordo com a 7ª edição do SEEG — Foto: Elida Oliveira/G1
Infográfico mostra a evolução das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, de 1990 a 2018, de acordo com a 7ª edição do SEEG — Foto: Elida Oliveira/G1

Os estudos mostram que as florestas têm função importante para ajudar a reduzir o efeito estufa, porque as árvores precisam capturar carbono da atmosfera. O desmatamento traz dois problemas – o carbono deixa de ser absorvido pelas árvores derrubadas e quando queimadas elas acabam devolvendo todo o carbono que tinha armazenado.

Segundo o Observatório do Clima, a maior parte da emissão por uso de solo vem da Amazônia, onde também houve aumento no desmatamento em 2018.

Infográfico mostra a participação de setores nas emissões de gases do efeito estufa no Brasil, em 2018 — Foto: Elida Oliveira/G1
Infográfico mostra a participação de setores nas emissões de gases do efeito estufa no Brasil, em 2018 — Foto: Elida Oliveira/G1

O coordenador da pesquisa, Tasso Azevedo, afirma que o Brasil está longe de atingir a meta de reduzir o desmatamento em 80%, prevista pela Polícia Nacional sobre a Mudança do Clima. “A nossa meta para 2020, declarada pelo Brasil, é reduzir o desmatamento para no máximo 3,9 mil km² até 2020.; Mas tivemos 7,5 mil km² em 2018 e caminhamos, certamente, para um número maior este ano. Então é preciso fazer um esforço bastante grande para reduzir o desmatamento, baixar as emissões e estabilizá-las em níveis cada vez mais baixos”, explicou.

Em Mojuí dos Campos, no oeste do estado, a derrubada de florestas aumentou de 10 km² para 25 km² em dois anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O crescimento acendeu sinal de alerta na prefeitura municipal.

O dono de uma área foi multado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente após expandir a lavoura de soja desmatando sem autorização. “Ocorreu desmatamento ilegal de uma vegetação ainda em estágio de médio a avançado de regeneração. Como esse tipo de vegetação está em fase de desenvolvimento, há uma grande significância para esse sequestro de carbono”, explica o secretário do município, Yago Estouco.

O proprietário da área desmatada em Mojuí dos Campos não quis se pronunciar.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) disse que não vai comentar a pesquisa, porque ainda não teve acesso ao levantamento. A Semas também informou que intensificou o combate ao desmatamento ilegal em todo o estado.

O Ministério do Meio Ambiente não enviou resposta até o fechamento desta matéria.

O aumento de hectares desmatados, segundo o pesquisador Tasso Azevedo, traz impactos para o estado do Pará e para o todo o país. “No Brasil, a gente perde 25% da chuva, com isso não tem agricultura que sobreviva, nem produção de energia elétrica em hidrelétricas que sobreviva. Então, isso é uma questão essencial para o Brasil, com impacto para todo mundo”.

(Fonte:G1)