A aposentada Isabel Barros Melo diz que está cansada de pagar “tanta coisa que não sei, que não usei”. Conta que já chegou a chorar por uma conta de energia no valor de R$ 700,00: “Paguei o que não foi consumido. Eles botam a bandeira e a gente tem que pagar?”.
O questionamento da aposentada é o mesmo de muitos consumidores, por isso, o Correio de Carajás procurou o consultor de relacionamento com o cliente, da Celpa, Thiago Dourado, para detalhar os tributos inclusos na conta, entre eles dois federais, um municipal e um estadual. Aliás, o famoso ‘gato’ alheio também é pago pelo consumidor que está legalizado.
Conforme Thiago Dourado, o consumidor paga quatro tributos na fatura mensal. “Os tributos são pagamentos compulsórios devidos ao poder público, a partir de determinação legal, e que asseguram recursos para que o governo desenvolva suas atividades. O Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) são federais, e sofrem alteração mensal. Já o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é estadual, e a taxa de Iluminação Pública (IP) é municipal. A Celpa só arrecada esses tributos e repassa”, diz.
Leia mais:Dourado explica que o mês de outubro continua com a bandeira tarifária amarela, uma determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com custo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Outubro é um mês de transição entre a estação seca e o início do período úmido nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo o consultor, as bandeiras têm o intuito de deixar “mais claro para o consumidor as alterações de valores. Isso é para todas as concessionárias do Brasil”.
Além da bandeira amarela, também tem a vermelha, que no patamar 1 é cobrado R$4,00, e no patamar 2 a cobrança é R$6,00 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Já a verde não tem acréscimo.
Todo mundo paga o ‘gato’
O gerente alerta que o Pará tem um dos maiores índices de perda, o que encarece a conta de energia, e um dos itens que compõem o índice de perda é o famoso ‘gato’, ou seja, ligações clandestinas que caracterizam furto de energia. O gerente detalha, ainda, a composição de consumo, ou seja, os itens que estão descritos na conta.
“A gente tem a compra de energia, qual o valor da sua fatura este mês, o que você está pagando por aquilo, a compra de energia, a transmissão, a distribuição, encargos setoriais, perdas de energia e itens financeiros, onde está colocado iluminação pública, multas, juros”, descreve.
O consultor da Celpa, orienta o que o consumidor pode fazer na dúvida do que foi consumido. “Na nossa fatura tem essa orientação de consumo que mostra a leitura anterior e a leitura atual. É sempre bom o consumidor, ao pegar essa fatura, conferir com o medidor, visualizando os números e conferir se de fato estão iguais. É uma forma do consumidor fazer sua própria economia, ele vai ter ciência de que dia de fato ele consumiu mais, se ele fizer um controle diário, mas pode fazer mensal também. Aqui também na fatura diz qual dia vai ser a previsão da próxima leitura. Caso o consumidor esteja com dúvida, pode acompanhar”, explica.
Ainda segundo o consultor o histórico de consumo também é uma forma do cliente ver se está seguindo a normalidade. “Tem meses que pode estar vindo maior, mas usou uma energia a mais, a exemplo do período de férias. A fatura está bem explicativa para o consumidor, mas na dúvida, as queixas podem ser feitas nas agências e pelo 0800-0910196”, destaca.
Principais reclamações do consumidor
Thiago Dourado conta que as maiores reclamações são relacionadas a dúvidas acerca da leitura. “Às vezes a pessoa acha que não consumiu aquilo, a gente faz uma conferência em campo, a gente pede para um fiscal ir ao local e tirar foto e conferir com o medidor do cliente. Em casos atípicos a gente faz uma fiscalização, se está tendo vazamento, fuga. A fuga de energia muitas vezes é um fio que está descascado e liberando corrente, o fio terra se não estiver adequado, ou furto de energia de terceiros e o consumidor não ter ciência”.
Alguns consumidores questionam o fato do Pará produzir energia e ainda assim a conta ser cara, no entanto, Thiago Dourado explica que a energia comprada pela concessionária se dá através de um leilão. “Muitas vezes a energia de outro estado está mais econômica. E optamos em comprá-la, e isso tudo é determinado pela Aneel”, justifica.
Fatura detalhada
Para ficar ainda mais claro, vamos detalhar uma fatura com vencimento no mês de setembro, onde o consumo totalizou o valor de R$ 293,43, mais o adicional da bandeira amarela no valor de R$ 1,01 e o adicional da bandeira vermelha no valor de R$14,58. Em seguida, é somado o valor do ICMS, no valor de R$115,10, sendo este, o imposto estadual, o mais caro. Há, ainda, a cobrança do PIS no valor de R$6,48, seguido pelo Cofins no valor de R$29,81. Depois as cobranças são a dos itens financeiros, com a taxa de iluminação pública de R$71,44, uma multa no valor de R$5,72, juros de R$0,38 e com todas essas cobranças o total a pagar é de R$537,70. Ou seja, este consumidor pagou R$244, 27 em tributos e multas.
Reajustes
O reajuste tarifário anual é encaminhado para a Celpa pela Aneel, explica o representante da empresa, sempre no mês de agosto. “Você pode verificar que ele altera no mês de agosto para setembro o valor, ou pode reduzir ou pode aumentar, dependendo do que foi apresentado lá na revisão tarifaria pela concessionária. A revisão tarifária acontece a cada quatro ano, e o reajuste é a cada ano. Isso é proposto pela Aneel. A revisão tarifária é onde a concessionária apresenta todos os investimentos que ela fez, qual índice de perda, isso vai determinar a futura tarifa”.
Dicas para economizar
O consumidor pode adotar hábitos que o ajudem na economia da energia, orienta Dourado, como usar a energia de uma forma consciente. “O uso da geladeira, por exemplo, abrir quando for necessário e não colocar alimentos quentes. Quando for usar o ar-condicionado não deixar janelas e portas abertas, sempre manter os filtros limpos, e utilizar a forma time”, descreve.
A concessionária de energia também orienta o consumidor a trocar as lâmpadas incandescente pelas de Led. “A Celpa hoje tem um programa de troca de Led gratuito, o cliente traz sua lâmpada incandescente ou fluorescente e a gente entrega as de Led. Para cada unidade consumidora é possível trocar cinco lâmpadas, o que pode gerar uma economia de até 80%”.
Outro ponto que pode encarecer a conta são os aparelhos deixados em stand-by. “A televisão, o rádio, que o consumidor passa o dia fora, e a luz vermelha acesa, está consumindo, não deixar carregadores na tomada, evitar o uso de lâmpadas acesas em cômodos que não está usando”, sugere o gerente.
O ferro de passar também pode se tornar um vilão para a dona de casa. “Utilizar quando for passar todas as roupas, e dividi-las por segmento, calça, camisa, por exemplo, porque para cada roupa tem uma temperatura e ficar mudando também altera o consumo”, finaliza. (Theíza Cristhine)