Em tratamento de um câncer de colo de útero em Belém, a dona de casa Elcilene Azevedo, que mora em Anajás, arquipélago do Marajó, precisa realizar de uma a duas transfusões de sangue todos os meses. Ela faz parte de uma parcela da população da região que conta com o abastecimento de estoques do banco de sangue paraense para receber os componentes sanguíneos necessários e manter a saúde estável. A realidade mudou para ela com a agência transfusional instalada pelo governo estadual no hospital Municipal Teonila Alves, na cidade de Anajás, em 19 deste mês de dezembro.
“Meu tratamento de câncer é feito no hospital Ophir Loyola, em Belém, e tudo surgiu quando eu comecei a perder sangue e precisei receber transfusão. Fui operada, mas continuei perdendo sangue, sempre dependia do estoque para suprir o meu sangue que é O negativo. Com essa agência aqui melhorou em 100% a minha vida, porque agora eu não preciso ir a Belém todo mês”, contou a paciente.
A Fundação Hemopa observa que o tratamento com transfusão de sangue ou em ocorrências de urgência, em que sangue próximo do paciente é decisivo. A necessidade da transfusão pode ser atendida em vários casos, como problemas de sangramentos, em tratamentos de doenças do sangue, dentre elas a hemofilia e a anemia falciforme, assim como nos casos de pacientes oncológicos e pessoas que sofrem lesões graves em acidentes de trânsito.
Leia mais:Um recorte da análise realizada, revela ainda que as unidades transfusionais são um facilitador importante para o atendimento de pacientes do sexo feminino, especialmente mulheres que necessitam de tratamento materno, em decorrência de alto risco de sangramento em gestantes.
Presidente do Hemopa, Paulo Bezerra explica que a instituição desenvolve um projeto dentro da política de descentralização da cobertura transfusional, para destinar sangue seguro aos pacientes em todo o Estado.
“A presença das agências transfusionais nos municípios impactam diretamente na vida dos usuários e equipes de saúde, uma vez que o sangue chega até o paciente com rapidez e segurança. Nós precisamos descentralizar para regionalizar a assistência à população, superando distâncias e facilitando o tratamento daqueles que precisam de transfusão, o sangue salva vidas”, destacou o presidente da Fundação Hemopa.
Paulo Bezerra frisa também a importância da realização dos treinamentos dos profissionais, no preparo do sangue, no atendimento das demandas de alta complexidade chegando até a ponta levando conhecimento e tecnologia aos municípios. “As Agências transfusionais levam para a saúde pública conhecimento especializado com profissionais capacitados, assegurando sangue de qualidade à população paraense”, disse Bezerra.
“Nós necessitávamos de uma agência transfusional, em casos não só de emergência, mas também para as nossos pacientes cirúrgicos, especificamente em cirurgias eletivas. A agência agora abastece tanto o hospital municipal como o materno infantil, as UPAs e clínicas. É um salto em inovação principalmente para nós da área da saúde”, celebrou Tanayny da Silva, diretora do Hospital Municipal de São Félix do Xingu.
De 2019 a 2023, as regiões que mais receberam Agências Transfusionais (AT) no Estado foram a Região Metropolitana de Belém, Marajó, Caetés, Baixo Amazonas, Tapajós e Sul do Pará, com a abertura de 15 agências transfusionais instaladas em hospitais municipais, estaduais e regionais, beneficiando o paciente em seu próprio município, evitando deslocamentos desnecessários.
Somente no ano de 2023 as novas Agências Transfusionais do Hemopa garantiram um aumento de 1.693 atendimentos de transfusões de sangue mensais no Pará. Essas agências são abastecidas por algum dos quatro Hemocentros ou cinco hemonúcleos da Fundação Hemopa espalhados em pontos estratégicos do Pará.
Confira a média mensal de transfusões nas novas Agências Transfusionais (AT), este ano:
A partir do Hemocentro Coordenador de Belém foram abastecidas as seguintes novas ATs:
– AT do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos – Icoaraci (com 271 transfusões mensais);
– AT do Hospital Amazônia (com 92 transfusões mensais);
– AT de Anajás (com 76 transfusões mensais);
– AT do Hospital Municipal de Marituba (com 89 transfusões mensais);
– AT do Hospital Galileu (com 26 transfusões mensais)
A partir do Hemocentro Regional de Santarém foram abastecidas as seguintes novas ATs:
– AT de Uruará (com 20 transfusões mensais);
– AT do Hospital Regional de Itaituba (com 162 transfusões mensais);
– AT de Jacareacanga (com 7 transfusões mensais);
– AT do Hospital Municipal Santarém (com 200 transfusões mensais)
A partir do Hemocentro Regional de Castanhal foram abastecidas as seguintes novas ATs:
– AT de Mãe do Rio (com 19 transfusões mensais);
– AT do Hospital Regional Castanhal (com 287 transfusões mensais)
A partir do Hemocentro Regional de Marabá foi abastecida a nova AT do Hospital Materno Infantil Marabá (com 229 transfusões mensais)
A partir do Hemonúcleo de Altamira foi abastecida a nova AT do Hospital Municipal Altamira (com 68 transfusões mensais)
A partir do Hemonúcleo de Redenção foram abastecidas as seguintes novas ATs:
– AT de São Félix do Xingu (com 23 transfusões mensais)
– AT de Tucumã (com 124 transfusões mensais).
Novas ATs já em fase de implantação:
– Abaetetuba (Hospital Regional do Baixo Tocantins);
– Ananindeua (Hospital do Pronto Socorro de Ananindeua);
– Belém (Hospital da Mulher e Hospital do Bengui);
– Bragança (Unidade Básica de Saúde Waldemar Duarte de Melo);
– Ourilândia do Norte (Hospital Regional da PA-279);
– Portel (Hospital Municipal de Portel).
(Agência Pará)