Justificar “o ódio e a violência” em nome de Deus é “uma grave profanação”, declarou nesta segunda-feira (4) o Papa Francisco em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, em discurso feito durante um encontro inter-religioso internacional.
“Em nome de Deus Criador, é preciso condenar sem vacilação toda forma de violência, porque é uma grave profanação do nome de Deus usá-lo para justificar o ódio e a violência contra o irmão. Não há violência que possa ser religiosamente justificada”, disse Francisco.
Papa Francisco, que se tornou o primeiro pontífice a visitar a Península Arábica, fez um apelo à “liberdade religiosa”, ressaltando que ela “não se limita apenas à liberdade de culto” e que nenhuma prática religiosa deve ser “forçada” a outra pessoa.
Leia mais:“A liberdade religiosa (…) vê no outro um verdadeiro irmão, um filho da mesma Humanidade que Deus deixa livre e que por consequência nenhuma instituição humana pode forçar”, declarou diante de centenas de líderes de várias religiões.
Primeira viagem à Península Arábica
A viagem do Papa Francisco é a primeira de um pontífice à Península Arábica, berço do islamismo. Os países localizados ali, como os Emirados Árabes Unidos, têm a religião de Maomé como oficial – que, inclusive, determina algumas das leis locais.
Na região, apenas uma minoria pratica o catolicismo. Praticamente todos os católicos desses países são trabalhadores estrangeiros.
O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al-Nahyan, é o homem forte dos Emirados Árabes Unidos, que se orgulha da “coexistência pacífica” entre as religiões em seu país.
No início da visita a Abu Dhabi, o papa participou de uma cerimônia militar: caças sobrevoaram o gigantesco palácio presidencial, liberando uma fumaça amarela e branca, cores da bandeira do Vaticano.
Ele presenteou seu anfitrião com uma medalha representando o encontro, em 1929, em plena Cruzada, entre São Francisco de Assis e o sultão Malek al-Kamel no Egito, um marco nos 800 anos de diálogo entre muçulmanos e católicos. (Fonte:G1)