A edição de 2025 da Maratona do Rio foi um marco histórico, reunindo aproximadamente 60 mil corredores, um recorde absoluto para o evento. Entre os dias 18 e 22 de junho, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de uma verdadeira celebração do esporte, com provas para todos os níveis de condicionamento físico: 5k, 10k, 21k, 42k e até mesmo um desafio combinado de 21k e 42k.
Dentre as novidades desta edição, o CORREIO destaca a expressiva participação de corredores de Marabá no evento. Dezenas de atletas da cidade viajaram até a capital fluminense para integrar a Maratona do Rio, distribuindo-se por diversas distâncias. Com o fundamental apoio de seus grupos de corrida e treinadores, a delegação marabaense deu um verdadeiro show, demonstrando paixão, garra e dedicação em terras cariocas.
Os 21 km de Carol e a conciliação de múltiplos papéis
Leia mais:Conciliar a rotina de trabalho, os cuidados com os filhos e a preparação para uma das maiores provas de corrida do Brasil. Essa foi a realidade de Ana Carolina Rodriguês, 40 anos, que recentemente completou os 21 km no Rio de Janeiro, em uma jornada de superação e dedicação.
Para muitos corredores, a evolução é gradual, e com Ana Carolina não foi diferente. “A corrida é um esporte que a gente quer superar limites, então primeiro veio 5km, 7km, 10km, 15km. De repente, você já se pega almejando uma meia maratona”, relata.
A Maratona do Rio, em particular, era um objetivo de longa data para ela, por ser conhecida como uma das principais provas do País.
A preparação para os 21 km exigiu de Ana Carolina um planejamento rigoroso e muita disciplina. “Um dos maiores desafios pra mim foi conciliar a rotina dos treinos com o meu dia a dia. Comecei minha preparação há mais ou menos uns seis meses”, explica.

A rotina de treinos incluía, no mínimo, corrida três vezes por semana, muitos deles realizados de madrugada, além de sessões em academia para fortalecimento muscular. A alimentação e o sono também precisaram de atenção especial.
Tudo isso, ela conta, foi conciliado com as responsabilidades da casa, o cuidado com os dois filhos e a jornada de trabalho. “É uma rotina muito puxada, mas é gratificante. A corrida me devolve bem-estar e qualidade de vida”, afirma Ana Carolina, destacando os benefícios que o esporte trouxe para sua vida.
A chegada ao Rio de Janeiro para a prova trouxe consigo uma nova camada de desafios: o controle mental. “Quando você chega no Rio, pra participar da prova, e você se vê tendo que ter um controle mental. Foi minha primeira grande prova que viajei pra fazer, então estava muito ansiosa”, revela.
Apesar da ansiedade, a atleta descreve a experiência como fantástica. “Eu dei o meu melhor e curti a prova. O visual do Rio não precisa nem de muitas palavras. E agora vão ter muitas viagens pra participar de corridas”, finaliza, indicando que essa foi a apenas a primeira de muitas.
Marcela agora é maratonista
A edição da tradicional prova carioca marcou o início de uma nova jornada para Marcela Maria Araújo, 30 anos, que agora celebra o título de maratonista. Sua participação no evento, que ela descreve como “surreal” e “uma das coisas mais desafiadoras” de sua vida, transcendeu a corrida em si, tornando-se um testemunho de superação e transformação pessoal.

Para a jovem, o maior desafio não foi o dia da prova, mas sim o árduo processo de preparação, que envolve uma rotina intensa de treino até o dia da competição. “É uma mudança total de estilo de vida, de rotina. Conciliar os treinos intensos com a rotina de trabalho, vida social e familiar exige muitos sacrifícios. Não é fácil acordar de madrugada para correr, encaixar treinos de musculação e fortalecimento no dia a dia. A gente precisa treinar, mas precisa descansar. Foi um período que eu fiquei distante de muita gente, inclusive, até da minha família”, admite Marcela, destacando o cansaço e a exaustão que levaram seu corpo ao extremo.
No entanto, toda a dedicação valeu a pena. E ela resume a participação na Maratona do Rio como gratificante. Marcela afirma que conseguiu perceber, de fato, o tanto que é forte. “A gente consegue ver do que é capaz, da nossa superação, do tanto que somos fortes e capazes de mudar, de evoluir”.
O apoio de outras pessoas com o mesmo objetivo, especialmente do grupo de corrida, foi fundamental. Para a atleta, estreante numa maratona, compartilhar a rotina e os desafios com quem tem o mesmo propósito foi muito bom. A rede de apoio tanto no grupo de corrida, como em familiares e amigos foi fundamental.
Ao cruzar a linha de chegada, a sensação foi indescritível. “Foi uma experiência surreal. Corri muito feliz. Curti muito a paisagem. Aproveitei cada segundo, cada pessoa que me dava força, tocava na minha mão sem nem me conhecer. Eu senti a energia de todo mundo”, descreveu, com a voz embargada pela emoção.
Com a experiência da Maratona do Rio agora gravada em sua memória, Marcela já planeja os próximos passos em sua jornada como maratonista. “Com certeza vou participar de outra maratona, e vou correr de novo no Rio”, garantiu, confirmando que este foi apenas o primeiro capítulo de uma paixão que promete levá-la a muitos outros desafios e superações.
Claudinha e o desafio de correr 21km e 42km em dois dias
Apesar da experiência em maratonas, Claudia Corrêa, de 49 anos, já participou de outras quatro (inclusive fora do país, como no Chile e na Argentina), enfrentou um novo desafio em 2025. Além da maratona (42km) ela se propôs a correr 21km um dia antes, no sábado.
O desafio estava dentro da programação da Maratona do Rio, e diversos atletas fizeram as duas provas em dois dias seguidos.
“Foram cinco meses de preparação. Mas, quando eu decidi fazer esse desafio acho que foi um pouco sem pensar, sabe? Todo mundo ‘vamo fazer o desafio’ e eu entrei na onda da turma. Comecei a treinar em fevereiro em um ciclo mais leve, e a partir do terceiro mês, os treinos começaram a ficar mais intensos, tanto de quilometragem como de dias de treino”, detalha.
Claudinha, como é conhecida em Marabá, revela que para participar de uma competição como essa, com uma rodagem muito grande correndo, ela precisou abrir mão de muita coisa para focar nos treinos.

“Tem que ter disciplina, tem que acordar cedo quase todo dia. ‘Ai vamo em tal lugar?’ e você diz que não pode porque tem que treinar no dia seguinte. E a vida, realmente, tirando o trabalho, vida gira em torno de um ciclo de maratona. Pra quem gosta, como eu, é muito legal. Mas, é desafiador participar. Foi maravilhoso, a energia do Rio é diferente, correr lá é muito legal. É a melhor de todas que já fiz. A multidão fica na rua torcendo, vibrando com a gente, fora a paisagem espetacular, que faz a diferença. Estou muito feliz e realizada que consegui fazer, dentro de tudo aquilo que eu planejei”, comemora Claudinha.
45 alunos no Rio e a jornada de treinos do Grupo Elite
Wanderson da Silva, proprietário e professor responsável pelo grupo Elite, compartilha a experiência de sua equipe, relembrando a ideia de participar da Maratona do Rio. “Surgiu ano passado. Temos uma turma ampla que abraçou o projeto de participar desse desafio, tanto nos 5km como nos 42 km. Alguns atletas do grupo já possuíam experiência em maratonas, enquanto outros, como eu, enfrentariam o desafio pela primeira vez”, confessa.

O preparo para o evento foi minucioso. Com uma equipe de professores qualificados, eles fazem a prescrição dos treinamentos físicos, planilhas de corrida personalizadas para cada aluno, individualizando o treino de acordo com a capacidade física de cada um.
Ao todo, 45 alunos do Elite estiveram no Rio de Janeiro para participar da Maratona. Inscritos em percursos diferentes (sendo a grande maioria nos 21km e 42km) todos os alunos concluíram a prova e seus objetivos pessoais.
“Foi surreal. A gratidão dos alunos, a felicidade deles concluírem seus percursos e já ouvi-los planejando uma próxima prova”, celebra o professor, que ressalta que os alunos se dedicaram intensamente à preparação durante um ciclo de 18 semanas.
Correndo pela primeira vez uma maratona, Wanderson compartilha sua experiência pessoal nesse grande desafio. “Eu me propus a correr a maratona em 3h28min. Esse era meu objetivo. Mas, no percurso tive um pequeno incidente, uma torção do joelho no km 14. Consegui correr até o km 30 com o meu objetivo traçado. Só que a partir daí, o joelho começou a chegar no limite. Fui forte mentalmente para aguentar a dor no joelho, porque ainda faltavam 12 quilômetros”, relembra, afirmando que concluiu a prova em 3h55min.

Os percursos da Maratona do Rio 2025
No sábado, 21 de junho, aconteceu a meia maratona (21 quilômetros), que se consolidou como a prova mais popular da edição, atraindo mais de 25 mil inscritos. Contudo, o ápice do evento ocorreu no domingo, dia 22, com a aguardada Maratona (42 quilômetros). Cerca de 15 mil inscritos embarcaram no tradicional e desafiador percurso, que proporcionou aos corredores a oportunidade de apreciar cenários icônicos do Rio de Janeiro, como a deslumbrante orla do Leblon, Ipanema, Copacabana, Botafogo e Flamengo.
A Maratona do Rio 2025 não foi apenas uma corrida, mas um evento que celebrou a paixão pelo esporte, a superação pessoal e a união de comunidades, como a de Marabá, que se fez presente de forma espetacular.
(Ana Mangas)