Correio de Carajás

Países do Brics vão tentar levar à COP 30 posição única sobre financiamento climático

Negociadores dos países se reúnem nesta semana em Brasília. País sediará COP 30 em novembro e, na estimativa do governo, é necessário levantar US$ 1,3 trilhão.

Representantes dos países integrantes dos Brics — Foto: Hamad AL-KAABI / UAE PRESIDENTIAL COURT / AFP

Os países que compõem o Brics tentarão chegar a um consenso para levar à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) uma posição única sobre o financiamento de ações climáticas, informou o negociador-chefe do Brasil no Brics, embaixador Maurício Lyrio.

🔎O Brics é um grupo que reúne diversos países, entre os quais o próprio Brasil, além de Rússia, Índia, China e África do Sul. O governo brasileiro ocupa a presidência do bloco em 2025.

Nesta semana, os negociadores dos países que integram o Brics vão se reunir em Brasília para discutir os temas prioritários estabelecidos pelo Brasil e buscar pontos de convergência para a cúpula de chefes de Estado, que acontece no Rio de Janeiro em julho.

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Segundo Lyrio, as estimativas dão conta de que são necessários US$ 1,3 trilhão para combater as mudanças do clima.

A COP em Baku (Azerbaijão), no ano passado, chegou ao valor de US$ 300 bilhões, valor considerado pelo governo brasileiro “muito aquém” do necessário e que representou uma “decepção”.

“Teremos a COP no segundo semestre, daí a importância de se conectar todos os processos: G20, Brics e COP. Os países em desenvolvimento e emergentes não ficaram totalmente satisfeitos com os resultados de Baku porque, em termos de financiamento — e dada a necessidade de volumes mais altos de financiamento no combate à mudança do clima —, os resultados foram modestos”, afirmou Lyrio.

“Há o interesse dos países do Brics de reforçar a coordenação, durante a presidência brasileira, para levar uma posição conjunta sobre a questão do financiamento do combate à mudança do clima. […] Então, isso tem uma prioridade alta da presidência brasileira”, acrescentou.

A COP 30 está marcada para novembro, em Belém (PA). Considerado o maior evento global sobre o clima, o encontro deverá reunir representantes de mais de 190 países, além de representantes de entidades ambientais e da sociedade civil.

Uma das prioridades do governo brasileiro é discutir modelos de financiamento de ações climáticas para garantir que países em desenvolvimento tenham os recursos necessários, repassados, por exemplo, pelos países mais ricos, historicamente os maiores poluidores ambientais.

Saída dos EUA de acordo pode impactar

 

Em entrevista publicada no site oficial da COP 30, André Corrêa do Lago disse que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris pode impactar as decisões do encontro em Belém.

Assinado em 2015, o Acordo de Paris é um tratado que tem como objetivo principal manter o aquecimento global do planeta abaixo de 2°C até o final do século e buscar esforços para limitar esse aumento a até 1.5°C.

Especialistas alertam que, como os Estados Unidos são a maior economia do mundo e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, as decisões do recém-empossado presidente Donald Trump na área ambiental podem ter impacto direto na luta global contra as mudanças climáticas.

“Estamos enfrentando circunstâncias excepcionais, e a conferência será impactada por decisões de países-chave, como os Estados Unidos, que recentemente anunciaram sua saída do Acordo de Paris”, afirmou André Corrêa do Lago.

(Fonte:G1)