Correio de Carajás

País festeja dia do Zumbi dos Palmares

País festeja dia do Zumbi dos Palmares

“A consciência negra é uma mudança de realidade da sociedade brasileira para lutar, em conjunto, para que essa sociedade deixe de ser racista, para que o Estado Brasileiro deixe de ser racista”. Assim a professora, ativista do movimento negro e co-fundadora do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), Zélia Amador, define o significado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado hoje em referência à morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência do povo negro à escravidão. 

A data foi incluída no calendário escolar nacional em 2003, mas apenas em 2011 o Governo Federal sancionou a lei 12.519, que determina que o dia 20 de novembro seja comemorado anualmente. “Mas o Dia da Consciência Negra é uma conquista do movimento negro, uma construção que vem desde 1971. Ela foi se avolumando a cada ano, e o movimento continuou trabalhando a questão do 20 de novembro”, explica Zélia Amador.

Foto: Ary Souza / O Liberal

Entretanto, a lei não definiu a data como feriado nacional, o que ficou a cargo dos estados e municípios. No Pará, por exemplo, não é feriado em nenhuma cidade. Os únicos estados onde é feriado em todos os municípios são: Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro. “Para nós, do movimento negro, é pouco importante que seja feriado”, afirma a pesquisadora. “Ser feriado, pra nós, é um dado a mais, porque a gente continua na luta. Se for feriado, melhor, mas se não for, a gente não vai parar de lutar por isso”.

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Para Zélia, a maior dificuldade do movimento negro nos dias atuais é ter que lidar com uma sociedade que ainda acredita no “mito da democracia racial”, e que não vê a desigualdade sofrida pela população negra. “As pessoas sequer acreditam na existência do racismo. Só acredita quem sente na pele. Esse é o problema”, diz. “A consciência negra, nós, do movimento negro, já temos. Só que a gente precisa despertar essa consciência na sociedade. Aí sim, a consciência negra não seria só no 20 de novembro, como feriado. Mas sim todos os dias”, finaliza a professora.

Programação

Em celebração à data, haverá programação especial em vários lugares da capital e do interior do Pará. No Quilombo do Abacatal, em Ananindeua, será realizado o II Jacafest, com um dia inteiro de atividades, como trilha ecológica, rodas de conversa, oficinas de percussão, feira gastronômica de pratos feitos com jaca, feira agroecológica, artesanato, além de muita música, com Bando Mastodontes, Coletivo Caixa Preta, Grupo Tamboiaras e muito mais. O evento inicia às 9h e vai até às 20h.

Também em Ananindeua, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) vai promover uma programação alusiva ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, com seminários ministrados por alunos do 1º ano do curso integrado de informática e oficina de capoeira realizada pelo mestre Antônio Gomes. Será das 9h às 10h, no campo de futebol do IFPA, Campus Ananindeua.

Em Belém, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) promove roda de conversa que discutirá a importância do combate ao racismo e à intolerância religiosa, sobretudo referente às religiões de matrizes africanas. Durante o evento, autoridades poderão discutir, junto à população, mecanismos de inclusão e políticas públicas que garantam a igualdade e o respeito da população negra. A programação inicia a partir das 8h30, e será realizada no auditório do edifício sede do MPPA, localizado no bairro da Cidade Velha.

Ainda na capital, a Universidade Federal do Pará (UFPA) encerra a 1ª Semana da Consciência Negra da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da instituição (FAU), a partir das 15h. O evento será realizado no hall do atelier de arquitetura, e debaterá o Dia Nacional da Consciência Negra, com a roda de conversa “O mercado de trabalho e a questão negra”. No centro da roda estarão o engenheiro civil Aaron Kadima, a arquiteta e urbanista Taynara Gomes e o arquiteto e urbanista Yuri Rebello.

Já no município de Pará de Minas, grupos étnicos, com o apoio de escolas, associações e da comunidade em geral, promovema Caminhada pela Igualdade Racial. A concentração será às 9h, na Praça Padre José Pereira Coelho, de onde os participantes sairão em caminhada pelas ruas Benedito Valadares e Rosário, onde haverá dispersão. Neste ano, as ações serão lideradas pelo Grupo Dandara e o Instituto Étnico.

(Fonte: O Liberal / João Paulo Jussara )