Correio de Carajás

País asiático apaixonado por futebol se divide entre Brasil e Argentina

A TV começou a se tornar mais comum no pobre país asiático nos anos 1980, e as partidas de futebol passaram a ter mais audiência no país. Desde então, as duas maiores seleções sul-americanas ganharam milhares de fãs do outro lado do mundo.

Torcedores compram bandeiras de Brasil e Argentina nas ruas de Dhaka, em Bangladesh — Foto: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

O clima de Copa do Mundo começou a tomar conta das ruas e torcedores já estão hasteando bandeiras de Brasil e Argentina nas cidades de Bangladesh, país asiático que nunca jogou um mundial de futebol.

Artistas dão os toques finais em murais espalhados pelas cidades, pintando imagens de craques como Messi e Neymar. Há décadas o Brasil e a Argentina mobilizam multidões de torcedores no país.

Bangladesh é uma ex-colônia inglesa que já foi parte da Índia e do Paquistão e se tornou independente em 1971. Sua seleção não tem um histórico significativo no futebol e o esporte mais praticado no país é o críquete.

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Jogadores famosos do Brasil e Argentina são venerados no país como astros de Bollywood, a indústria indiana do cinema.

A televisão começou a ficar mais acessível em Bangladesh na década de 1980, permitindo que as pessoas conhecessem melhor o futebol. As torcidas de Argentina e Brasil por lá se formaram a partir daí.

 

De acordo Ifty Mahmud, um repórter do jornal “Prothom Alo” que deu uma entrevista para a revista americana “Time”, os bengaleses se identificam com o Brasil por causa da origem pobre de grande parte dos jogadores brasileiros e também pela cor da pele: “Pelé, Romário e Neymar têm pele escura, como nós, e o Brasil é pobre, como nós”, ele afirmou.

Jovem torcedor experimenta camisa da Argentina numa rua de Dhaka, capital de Bangladesh — Foto: Mohammad Ponir Hossain/Reuters
Jovem torcedor experimenta camisa da Argentina numa rua de Dhaka, capital de Bangladesh — Foto: Mohammad Ponir Hossain/Reuters

A torcida pela Argentina teria outra natureza: a rivalidade com o Reino Unido, ex-metrópole que explorou a região por mais de dois séculos.

Os sociólogos têm dificuldade em explicar o fenômeno do futebol em Bangladesh. “Muitas dessas pessoas não sabem onde ficam Brasil e Argentina. Não há laço de sangue ou língua, e ainda assim são loucos por eles”, disse à agência AFP Nehal Karim, professor de sociologia da Universidade de Dhaka.

Imagem de rua decorada com bandeiras da Argentina e do Brasil em Bangladesh — Foto: Reprodução/@tanzid__mihad

Confrontos

 

As torcidas bengalesas não se mobilizam apenas para festejar Brasil e Argentina. Ao contrário, seu fanatismo também gera violência.

Em junho de 2022, sete pessoas ficaram feridas em uma briga entre torcedores dos times do Brasil e da Argentina.

Mais de 300 pessoas se envolveram na briga. Os torcedores jogaram pedras e tijolos nos rivais —o confronto, ironicamente, aconteceu em um campo de críquete nos arredores de Daca, a capital de Bangladesh.

 

O confronto deste ano não foi o primeiro. Em 2014, houve uma briga na cidade de Barisal —o conflito começou quando um torcedor do Brasil começou a cantar uma música que diz que o gol de Maradona contra a Inglaterra na Copa de 1986 foi irregular.

Em 2018, um menino de 12 anos morreu após ser eletrocutado enquanto colocava uma bandeira do Brasil em um poste.

A Copa do Catar começa no dia 20 de novembro.

Mapa - Bangladesh — Foto: Rodrigo Cunha/G1
Mapa – Bangladesh — Foto: Rodrigo Cunha/G1

(Fonte:G1)