Correio de Carajás

Pai e filho assassinados violentamente na zona rural de São João do Araguaia

Vários golpes de arma branca e tiros de arma de fogo. Assim foram assassinados João Batista Dias, 79 anos e Remilson dos Santos Dias, 29 anos, na noite de 12 de novembro, na pequena localidade Bacuri Grande, no município de São João do Araguaia. Eles eram pai e filho e o horror da ação praticada por pelo menos três algozes, demonstra que havia ódio e vingança na motivação.

Outra vítima foi a mulher de João, a senhora Gercina Alves dos Santos, que foi espancada pelos invasores da casa ao tentar defender o esposo e o filho, mas ela sobreviveu. Consta que a ocorrência foi por volta das 23 horas, quando a família já estava recolhida. Os assassinos tiveram a frieza de cortar a energia da casa, para facilitar a invasão e a ação criminosa.

A vila onde ocorreu o crime é tranquila e fica à margem do Rio Araguaia, local de muitas chácaras de quem quer uma vida de paz de frente para os encantos naturais do vale do rio. Também fica perto do conhecido porto da balsa para Esperantina (TO).

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Aposentado, João morava na localidade há pelo menos 40 anos, para ficar perto do seu gado, numa área ali próxima. Também era vizinho de um outro filho que tem um bar na vila. Todos da família são naturais de São João do Araguaia, onde são bastante conhecidos.

Os comentários no local são de que o alvo dos assassinos seria Remilson dos Santos Dias e que o pai só teria sido morto por estar na casa e ter tentado proteger o filho. Apesar disso, não há ninguém que ateste algo de errado na vida de Remilson, que inclusive era cadeirante, tendo perdido a perna após um acidente de motocicleta no mês passado, na Transamazônica, em Marabá.

Ainda sobre o assassinato, o Jornal apurou com exclusividade que os três envolvidos estavam encapuzados, um ficou do lado de fora da casa, de vigília, os outros dois invadiram o imóvel pela porta de trás, arrombada aos chutes. O primeiro a morrer foi João Batista que levantou no escuro achando que o filho tivesse caído da cama. Tão logo chegou no corredor, ele foi apunhalado pelas costas.

Os assassinos seguiram pelos cômodos da casa de lanternas nas mãos até arrombarem a porta do quarto da frente, onde estava Remilson. Este teria levado um primeiro tiro no rosto e depois as facadas.

A faca, uma das armas usadas no duplo homicídio, foi encontrada num dos quatro cômodos da casa, ao lado dos corpos. Fala-se que ela teria sido deixada cravada na cabeça de Remilson, e depois retirada do corpo por um dos parentes antes da chegada das autoridades, mas a polícia não confirma essa informação.

Os criminosos também estavam munidos de um galão com gasolina, o qual usaram para atear fogo num barraco de palha que ficava atrás da casa e que protegia a moto de Remilson.

No início da fuga, ao passarem pelo bar do irmão da vítima, ainda atearam fogo numa parte de palha e numa mesa de bilhar. Acredita-se que o trio possa ter fugido pelo rio, onde um barco teria sido deixado à espera deles. Barulho de motor de embarcação coincidentemente foi ouvido ali perto na mesma hora.

Consultado pelo CORREIO, o delegado de Polícia Civil Jailson, titular em São João, foi prudente em sua fala, limitando-se às informações gerais sobre local e nomes das vítimas. Respondeu que, no mais, o crime está agora sob investigação.

Plantonista na seccional em Marabá, o delegado Lênio Duarte foi quem acionou o Instituto Médico Legal (IML) às 2 horas da manhã deste sábado (13) para o levantamento de local de crime e resgate dos corpos.

VELÓRIO

Até a metade da tarde deste sábado, os corpos ainda não haviam sido liberados pelo IML. O CORREIO apurou que tão logo isso ocorra, as urnas funerárias serão levadas para a sede da cidade de São João do Araguaia para velório na casa de uma filha de João, Regina, esposa do vereador Sebastião Mercês. (Da Redação)