Correio de Carajás

Pacientes com hanseníase em Marabá passam a ganhar cesta básica mensal

O cuidado e tratamento de pacientes com hanseníase em Marabá agora tem sotaque japonês. É que a Fundação Nipônica Sasakawa deu as mãos ao governo do Pará e à gestão municipal. Uma cerimônia no auditório da prefeitura na manhã desta quarta-feira, 3, resultou na apresentação da Lei Municipal 17.915, que permite a concessão de cesta básica aos pacientes portadores de hanseníase em tratamento no município.

Participaram do evento o prefeito Sebastião Miranda Filho, o secretário municipal de Saúde, Luciano Lopes Dias, o presidente da Câmara Municipal, Pedro Corrêa Lima, além de seis membros da comitiva japonesa, três do Ministério da Saúde e dois da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública).

Tião exibe a lei de doação de cestas básicas de alimentos ao lado de Sasakawa, Luciano Dias e Pedro Corrêa

A parceria da fundação japonesa com o governo brasileiro objetiva diminuir episódios de hanseníase, com a ampliação do trabalho de detecção de casos novos, além de promoção da educação permanente para os profissionais da Atenção Primária à Saúde, fortalecimento dos centros de referência, redução da proporção de casos novos com grau 2 de incapacidade física, por meio do diagnóstico precoce e ações de prevenção de incapacidades; e enfrentamento do estigma e discriminação contra as pessoas acometidas pela doença.

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O grupo de japoneses visitou Marabá há poucas semanas, ocasião em que o prefeito Tião Miranda anunciou que enviaria um Projeto de Lei à Câmara para conceder cesta básica aos 172 pacientes que estão em tratamento de saúde nas unidades básicas do município. Ele informou que cada cesta tem o valor de R$ 150,00 e tem a condição de que o paciente não abandone o tratamento, que varia de seis meses a um ano. “Com essa lei, mesmo que mude o prefeito, as pessoas que venham a contrair essa doença no futuro terão a garantia desse benefício”, disse ele.

Yohei Sasakawa: “Nenhuma cidade do mundo usa essa estratégia de Marabá no combate à hanseníase”

A comitiva japonesa contou com a presença do presidente do Conselho de Administração da Nippon Foundation e embaixador da Boa Vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Eliminação da Hanseníase, Yohei Sasakawa, o qual elogiou a iniciativa do prefeito Tião Miranda, revelando que a entidade monitora casos de hanseníase em vários países no mundo e que nenhum deles há um programa de apoio aos pacientes como o estabelecido em Marabá nesta quarta-feira.

O secretário de Saúde, Luciano Dias, informou que os 172 casos de hanseníase em tratamento em Marabá, atualmente, não estão concentrados em uma única área, mas se espalham por todo o município, inclusive na zona rural. “As equipes da Estratégia de Saúde da Família fazem busca ativa para descobrir novos casos. Hoje, 90% dos pacientes recebem a cura após o período de tratamento. Os que não são curados é porque o caso foi descoberto tardiamente ou porque abandonam o tratamento”, lamentou Luciano Dias.

O presidente da Câmara, Pedro Corrêa, ressaltou que tão logo o projeto de lei enviado pelo Executivo chegou ao Poder Legislativo, tramitou com bastante celeridade (menos de 15 dias) porque os vereadores entenderam a importância de contribuir com o tratamento de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social. “O prefeito pediu rapidez na aprovação e não houve nenhum vereador que se opusesse a esse pedido. A hanseníase é uma doença que assola muitas pessoas no País e também em nosso município. Sabemos que é preciso desenvolver estratégias eficazes para erradicá-la. A Prefeitura está no caminho certo”, contou.

Tião Miranda diz que lei ajuda a evitar abandono do tratamento de hanseníase

O município ofereceu uma recepção calorosa à comitiva japonesa e do Ministério da Saúde, com dança de carimbó apresentada pela Cia. de Dança Yaguara; e visita à Unidade Básica de Saúde.

Yohei Sasakawa mostrou-se um baluarte da campanha de combate à hanseníase e informou à Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS que, mesmo aos 80 anos de idade, usa 40% de seu tempo anual viajando pelo mundo promovendo campanhas de combate à doença. “Precisamos unir o esforço para curar a hanseníase à luta contra a discriminação”, certificou ele.

SAIBA MAIS

O tratamento da hanseníase é realizado pelo SUS gratuitamente e está disponível nas unidades de saúde. Conforme a gravidade, dura de seis a 12 meses. Com o início da terapia, não é preciso nenhuma medida higiênica, como separação de talheres ou isolamento domiciliar, pois o risco de contágio cai drasticamente a partir da primeira dose da medicação.

(Ulisses Pompeu)