Correio de Carajás

Outubro Rosa: Mês abre com zumba e palestra na Praça

A programação do Outubro Rosa em Marabá, que alerta para o câncer de mama, começou com aulão de zumba, dinâmica e palestras de sensibilização nesta segunda-feira (1º) na Praça São Francisco, na Cidade Nova. Também houve sorteio de mamografias ofertadas pela única clínica especializada na doença, em Marabá. As atividades foram organizadas pelo Grupo de Apoio Esperança que reúne 112 mulheres e homens, a maioria em Tratamento Fora do Domicílio (TFD), uma das políticas públicas da área da saúde integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS), cujos recursos são geridos pelas prefeituras municipais.

“Atualmente, cerca de 60% das mulheres ligadas ao grupo estão em tratamento pelo TFD, todas no Hospital Ophir Loyola, em Belém”, diz Aparecida Ferreira, presidente do Grupo Esperança, criado por ela depois de ter sido diagnosticada com câncer na mama esquerda em 2013.

O valor quase simbólico da diária repassada às pacientes pelo TFD, de R$ 25, contudo, mal dá para ajudar nas despesas de deslocamento para a capital, que tem o único hospital de referência para o tratamento da doença no Estado.

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Esse, aliás, é o principal desafio e reivindicação de outra entidade que, a exemplo do Grupo Esperança, atua no apoio aos pacientes com câncer em Marabá, o Grupo Arco-Íris da Justiça. Segundo a presidente da entidade, que integra uma rede nacional de apoio à mulheres com câncer, Rosalina Isoton, Marabá precisa de um hospital de referência para atender a demanda crescente de pacientes diagnosticados com câncer na região.

“Infelizmente, as estatísticas demonstram que essa doença tem avançado em Marabá e em outros municípios do sul e sudeste do Estado. Por não ter um hospital de referência aqui, os pacientes são obrigados a enfrentar, além da doença, outros problemas, como a dificuldade de locomoção e o custeio da estada na capital, uma vez que nem sequer uma casa de passagem ou albergue esses pacientes têm à disposição”, ressalta.

“Foi um presente de Deus, como uma recompensa por todo sofrimento que passei”

Dramas e vitórias

Casada há 21 anos, vendedora e mãe de dois filhos, Carla Cruz Oliveira da Silva foi diagnosticada com câncer de mama em 2011. Desde então, vem fazendo tratamento em Belém. “Vivo um dia de cada vez, pois a luta é diária. Graças a Deus, tive o apoio de toda a minha família, inclusive do meu marido, o que foi fundamental para que mantivesse minha autoestima pra cima”, conta, acrescentando que vai de duas a três vezes no mês para Belém em busca de tratamento.

“Hoje, sou uma pessoa muito mais ativa, faço academia e corrida de rua. Meu conselho para quem foi diagnosticado com essa doença é que procure ajuda e não se isole”, afirma.

Noemi de Oliveira Gonçalves, foi diagnosticada com câncer de mama quando tinha 34 e hoje está curada. Naquela época, nem tratamento particular havia em Marabá. “Fiz seis sessões de quimio e 32 de radioterapia, tirei um quarto da mama esquerda e me tratei com medicamentos por cinco anos. Um ano depois, engravidei”, relata, emocionada.

Durante um ano e três meses ela amamentou o filho somente com uma das mama. “Foi um presente de Deus, como uma recompensa por todo sofrimento que passei. Hoja, faço acompanhamento anual. Refiz todos os exames em setembro e não deu nada”, comemora.

Alerta

Aparecida Ferreira, presidente do Grupo Esperança, alerta para os cuidados com a prevenção, por meio do autoexame e, principalmente, da mamografia, que, segundo ela, deve ser feito pelo menos uma vez a cada ano.

Rosalina Isoton, do Grupo Arco-Íris da justiça, endossa o alerta da colega e acrescenta dizendo que a atenção básica em Marabá ainda é muito escassa de recursos e profissionais especializados, como ginecologistas e oncologistas. “Essa é uma luta com altos e baixos. Já perdemos algumas pessoas queridas, mas ainda lutamos apoiando outras tantas para que consigam a cura”.

O Grupo Arco-Íris está recolhendo assinaturas em todos país para um abaixo assinado que será enviado ao Congresso, em Brasília, e para os governos estaduais, incluindo o do Pará, cobrando mais recursos para os hospitais de referência já existentes e a construção de novas unidades em locais de grande demanda por tratamento contra o câncer. (Adilson Poltronieri)

Hereditariedade aumenta as  chances de se contrair câncer

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 60 mil novos casos de câncer de mama no Brasil em 2018, os números crescem a cada ano e a neoplasia continua sendo a segunda maior causa de morte entre as mulheres brasileiras.

Com foco na conscientização sobre a doença e sua detecção precoce, que aumenta em 95% as chances de cura, o Outubro Rosa segue sendo um movimento com força mundial, e a investigação do material genético pode ser forte aliada para evitar o desenvolvimento do tumor.

Fatores genéticos correspondem à 12% dos casos de câncer de mama e aumentam em 80% as chances do desenvolvimento deste tipo de câncer. O mapeamento genético pode ser importante aliado da prevenção e do tratamento em casos do tipo.

O mapa pode ser feito por qualquer pessoa por meio de uma coleta de sangue, saliva ou qualquer outro fluido que contenha material genético, entretanto, a análise se dá por meio de sofisticadas técnicas de laboratório e é indicada para pessoas que tenham histórico de doenças genéticas em familiares.

No caso do câncer de mama, esse rastreio pode fornecer um programa de prevenção mais efetivo e, se necessário, antecipar intervenções cirúrgicas, afirma o Dr. Ricardo Caponero, médico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Como no caso da atriz americana Angelina Jolie, que em 2015 descobriu ser portadora de uma mutação genética rara, no gene BRCA-1, que aumenta em 87% as chances de uma mulher ter um tumor mamário e em 50% as chances de desenvolver câncer de ovário”, explica o especialista.

Independente de quaisquer fatores, as recomendações usuais devem ser sempre relembradas. “Quando não há histórico familiar da doença, toda mulher deve realizar a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. Manter um estilo de vida saudável, com boa alimentação, prática de exercícios, evitando o tabagismo e consumo elevado de álcool, também são bons aliados na prevenção da doença”, finaliza Dr. Caponero.

Novas terapias para casos avançados

Em 2018 a Anvisa aprovou dois novos medicamentos via oral para o tratamento do câncer de mama em estágio avançado, um inibidor seletivo de CDK4/6, proteínas que podem causar crescimento e divisão rápida das células cancerígenas, capaz de reduzir o risco de progressão da doença em 43,2%, e um destinado a casos de tumores que crescem em resposta ao hormônio estrogênio e não estão relacionados à proteína HER2, que inibe o crescimento deste tipo de tumor. (Fonte: Ascom Hospital Alemão Oswaldo Cruz)