Uma definição diz que “destino” é o conjunto de fatos supostamente considerados fatais que constituem a vida de uma pessoa e que estão fora de seu controle. Uma outra, descreve “encontro” como a junção de pessoas ou coisas que se movem em vários sentidos ou se dirigem para o mesmo ponto. E foi o destino que traçou os caminhos de Dyeggo Rocha Guedes, 35, e Juliana de Sales Silva, 36, para que o encontro do casal acontecesse bem aqui, em Marabá.
Ambos nasceram na Bahia, pertinho um do outro. Ela em Salvador e ele em Feira de Santana. As cidades são distantes cerca de 115 quilômetros uma da outra, mas apesar da coincidência, não foi em solo baiano que o casal se encontrou. Ao longo dos anos eles percorreram diversas estradas e lugares pelo Brasil, até que, em 2017, vieram para Marabá pelo mesmo motivo: a aprovação no certame para docente do curso de Ciências Econômicas na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), onde são professores até hoje.
“Eu vim por causa de um concurso. Naquele momento eu estava morando em Viçosa (MG), fazendo meu doutorado e fiquei sabendo por um ex-colega de turma de mestrado, que aqui em Marabá ia ter concurso para servidor docente na Unifesspa”, diz Juliana, com um sorriso doce e transbordando simpatia enquanto relembra os primeiros passos de seu relacionamento com Dyeggo.
Leia mais:“Eu já tinha chegado antes porque o meu concurso havia sido em 2016, se eu não me engano foi no mês de agosto. Minha nomeação demorou mais um pouquinho pra sair e tomei posse em fevereiro (2017). Ela estava fazendo o concurso, a gente se conheceu, mas naquela dinâmica, né? A gente estava conhecendo todo mundo, conhecendo a cidade”, conta ele, um pouco mais contido.
Pouco antes de tomar posse do cargo em Marabá, Dyeggo finalizou o doutorado em Porto Alegre (RS). Naquela época, a distância que separava os dois era um pouco maior, cerca de 1.700 quilômetros.
Quando ainda eram recém chegados, enquanto estavam se “entrosando” com os colegas de trabalho, conhecendo os estabelecimentos e um pouco mais a cidade, o sentimento entre o casal foi crescendo aos poucos. Foi no abraço de Marabá que a distância se estreitou o suficiente para que, enfim, o casal se conhecesse e, a partir daí, entre os prédios da Unifesspa nasceu um amor que aos poucos foi ocupando diversos outros espaços marabaenses, principalmente bares e restaurantes.
“Depois de alguns meses de trabalho e de convivência no dia a dia, a gente começou a namorar e no finalzinho do ano (2017) e já passamos a morar juntos, a ser “namoridos”. E em 2019 a gente casou”, narra Juliana.
Provocados pela Reportagem se o romance é um encontro de almas que estava destinado a acontecer, o casal sorri com brilho no olhar ao responder que sim. Dyeggo descreve que a química que existe com a esposa é forte desde o início, elencando os elementos principais dessa sintonia. “A gente tem uma relação muito baseada no diálogo, na compreensão, e eu acho que até um pouco da nossa educação familiar é parecida. Temos muitos interesses em comum também, isso facilita e eu acho que essa maturidade – que a gente já tinha – favoreceu na construção de relações com um pouco mais de solidez”, diz ele.
Juliana também acredita que o caminho desenhado pelo destino foi o que os trouxe até aqui. Em meio a tantas oportunidades que os dois tiveram de se conhecerem antes, foram encaminhados para o mesmo ponto de encontro: Marabá. “Por sermos formados na mesma área, quando é assim, principalmente no universo acadêmico, a gente vai muito para congressos. Então, é comum a gente conhecer pessoas de outras faculdades. Mas eu não conheci Dyeggo em nenhum congresso, vim conhecê-lo em Marabá. Eu acho que, de certa forma, estávamos destinados a nos conhecer aqui”.
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MARABÁ = LAR
O encontro de Dyeggo e Juliana não foi apenas de almas, mas de lugar. Em solo marabaense os baianos se sentiram abraçados, acolhidos pela cidade e pelas pessoas que fazem parte dela. O sentimento de pertencimento foi tão forte que os planos para o futuro foram solidificados aqui. Eles já possuem um apartamento próprio e um terreno, onde planejam construir uma casa e uma família.
“Eu vejo Marabá como uma cidade muito acolhedora, não sei se é porque tem pessoas de diversos lugares, é uma região de fronteira, né? Então desde quando eu fiz o concurso, eu fui muito bem acolhida pelas pessoas da cidade, eu tenho um carinho muito grande mesmo por Marabá. Eu vejo como se fosse uma cidade de coração, onde eu quero continuar morando, constituir minha família e que ela cresça aqui, devido esse acolhimento que eu sinto na cidade e nas pessoas”, confidencia Juliana.
Dyeggo não fica atrás e logo relaciona o sentimento que tem pela cidade, o seu desenvolvimento e os pontos de convergência com a universidade. “Quando a gente chega de fora num lugar, tem muito isso de ainda tentar se encontrar um pouco e sentimos que Marabá nos acolheu, apesar de todos os desafios que a cidade tem, que também são desafios dos estudantes. Sentimos que Marabá é um embrião que está gerando bons frutos. Eu acho que a universidade tem um papel grande de ajudar a cidade, porque ela também ajuda a Unifesspa a entender seus desafios”.
Como não poderia ser diferente para um relacionamento que floresceu no meio acadêmico, os planos de Juliana e Dyeggo estão intrinsecamente ligados à Unifesspa. Em 2023 a universidade completa dez anos, e assim como o romance do casal, a instituição tem raízes fortes fincadas em Marabá, cidade onde foi fundada.
“A gente sente que nossa contribuição é mais importante e ela tem um valor agregado, isso conta muito. A Unifesspa tem essa característica de ser uma universidade muito inclusiva, então as pessoas que são da região vêm para cá e se sentem acolhidas, isso forma também o sentimento”, reflete Dyeggo.
Juliana exala afeto ao contar que na Unifesspa eles têm a oportunidade de colaborar na construção da universidade. “Como ela é nova, sentimos que estamos construindo juntos. Sentimos que aqui estamos ajudando mesmo a educação da região, construindo coisas que talvez a gente não tenha a mesma oportunidade numa universidade que tem 80, 100 anos. Isso faz a gente gostar mais ainda daqui”.
(Luciana Araújo)
Foto: Reprodução Redes Sociais