A novela “O Astro” estava estreando na Rede Globo e naquele verão de 1977, Nem Terezinha, nem ninguém imaginaria que, 40 anos depois, ela se tornaria uma mulher bem-sucedida e dona da barraca de alimentos mais badalada da Praia do Tucunaré, em Marabá. A história de superação de dona Terezinha Rodrigues Matos Sales passa pela ajuda de amigos, dedicação e amor ao trabalho. Na próxima segunda-feira, dia 10 de julho, ela completa 70 anos de idade, 40 dos quais com os pés fincados nas areias da praia, barriga no fogão e um sorriso no rosto para atender os “gatinhos e gatinhas”, como chama carinhosamente todos os clientes.
Com lágrima nos olhos logo no início da entrevista, Terezinha fez silêncio e lembrou das dificuldades que enfrentou quando começou seu negócio, de forma muito acanhada, no século passado. “Ah, gato, foi muito difícil, ó. Treze filhos, tudo pequeno, atravessando de canoinha”, conta, emocionada.
Conta que antes de ir para a praia, lavava roupas e o marido fazia fretes em carroças. Os filhos mais velhos cuidavam dos mais novos e ela atravessava em uma canoinha. O primeiro prato que fez para vender foi farofa de frango com uma amiga. Elas ficaram encostadas ao lado da barraca do Félix e a comida rústica foi um sucesso. “Depois, eu comprei a barraca dele, depois a do Bigode, que que se tornou evangélico”, conta.
Leia mais:Terezinha relembra que não tinha uma sombrinha para os clientes. Um dia apareceu uma família com um bebezinho e pediu uma sombrinha. “Eu disse que não tinha – chora ao lembrar – no próximo domingo uma amiga minha veio e me deu uma sombrinha. Comecei com essa única. Me disseram para ir a Belém que comprava bem baratinho. Durante a semana trabalhava e quando era sexta-feira ia em Belém e comprava de duas sombrinhas por vez, lá na Mesbla”.
E os amigos foram os maiores incentivadores. Cada um oferecia algo até que sua estrutura começou a ter cara de barraca de praia. “O Leo da Leolar (Leonildo Rocha) foi meu braço forte. Ele chegava aqui e perguntava ‘o que tá faltando, Terezinha’? Desde a pintura da barraca e muitas outras coisas me ajudava, cuidava de mim”.
Nos anos 80, seu negócio já estava bem fortalecido. As filhas tinham crescido e mesmo os menores ajudavam aos finais de semana. “Eu tinha os 13 comigo. Agora estão chegando os netos aqui na barraca também. Tenho alguns funcionários de fora; são cerca de 20 garçons e uns três que olham as barracas. Os demais são filhos e netos”, orgulha-se.
A praia se transformou em sua casa definitiva. Dormiu muitas noites ali. E a clientela foi aumentando. De uma sombrinha lá no início, agora são 350, com mesas e cadeiras à disposição do público. Muitas pessoas acabam, marcando para se encontrar na praia e a principal referência é a barraca da Terezinha. “A gente atende mais de mil pessoas por dia no final de semana. “Quando dá 11 horas não tem mais mesa disponível. Hoje, tenho quatro barcos que comprei para transportar minhas mercadorias”, comemora.
Dona Terezinha confirma que o prato mais pedido dos clientes é o tradicional tucunaré frito e que a cada final de semana do mês de julho, quando o fluxo de pessoas é maior, ela chega a comprar 200 quilos de peixe, vendendo praticamente tudo. “Dificilmente sobra 5 quilos, graças a Deus”, celebra, contando que também oferece carne de sol, calabresa, isca de peixe e frango a passarinho.
E quando o rio sobe?
Questionada sobre o que faz da vida quando o rio sobe, as águas inundam a praia e os clientes desaparecem, ela tem uma resposta que vem acompanhada de uma gargalhada: “Aí eu tiro férias, fico dois, três meses em casa. Depois estamos de volta”.
Dona Terezinha diz que no passado gostava de visitar cada mesa, conversar com os clientes, mas teme fazer isso de uns anos para cá, com medo de pessoas que possam sondar quem ela é e tramarem algum tipo de maldade contra si. “Não visito mais os clientes na mesa. Eu fico com medo, fiz muito isso, mas não faço mais. Já tive que sair daqui de chapéu, toda coberta, disfarçada, com medo de pessoas suspeitas”, revela.
Por fim, instada a dizer como sonha em ver a praia pela qual se apaixonou, ela diz que a responsabilidade das pessoas em não jogar lixo na areia e dentro do rio, porque embora a Prefeitura faça sua parte, colocando coletores, falta consciência para os banhistas.
Sobre o presente de aniversário para este domingo, diz que ter saúde é a única coisa que pede a Deus, porque o resto, Ele já lhe concedeu. “Não adianta pedir muito hoje, porque está tudo muito bom”. (Ulisses Pompeu, Luciana Marschall e Nathália Viegas)
A novela “O Astro” estava estreando na Rede Globo e naquele verão de 1977, Nem Terezinha, nem ninguém imaginaria que, 40 anos depois, ela se tornaria uma mulher bem-sucedida e dona da barraca de alimentos mais badalada da Praia do Tucunaré, em Marabá. A história de superação de dona Terezinha Rodrigues Matos Sales passa pela ajuda de amigos, dedicação e amor ao trabalho. Na próxima segunda-feira, dia 10 de julho, ela completa 70 anos de idade, 40 dos quais com os pés fincados nas areias da praia, barriga no fogão e um sorriso no rosto para atender os “gatinhos e gatinhas”, como chama carinhosamente todos os clientes.
Com lágrima nos olhos logo no início da entrevista, Terezinha fez silêncio e lembrou das dificuldades que enfrentou quando começou seu negócio, de forma muito acanhada, no século passado. “Ah, gato, foi muito difícil, ó. Treze filhos, tudo pequeno, atravessando de canoinha”, conta, emocionada.
Conta que antes de ir para a praia, lavava roupas e o marido fazia fretes em carroças. Os filhos mais velhos cuidavam dos mais novos e ela atravessava em uma canoinha. O primeiro prato que fez para vender foi farofa de frango com uma amiga. Elas ficaram encostadas ao lado da barraca do Félix e a comida rústica foi um sucesso. “Depois, eu comprei a barraca dele, depois a do Bigode, que que se tornou evangélico”, conta.
Terezinha relembra que não tinha uma sombrinha para os clientes. Um dia apareceu uma família com um bebezinho e pediu uma sombrinha. “Eu disse que não tinha – chora ao lembrar – no próximo domingo uma amiga minha veio e me deu uma sombrinha. Comecei com essa única. Me disseram para ir a Belém que comprava bem baratinho. Durante a semana trabalhava e quando era sexta-feira ia em Belém e comprava de duas sombrinhas por vez, lá na Mesbla”.
E os amigos foram os maiores incentivadores. Cada um oferecia algo até que sua estrutura começou a ter cara de barraca de praia. “O Leo da Leolar (Leonildo Rocha) foi meu braço forte. Ele chegava aqui e perguntava ‘o que tá faltando, Terezinha’? Desde a pintura da barraca e muitas outras coisas me ajudava, cuidava de mim”.
Nos anos 80, seu negócio já estava bem fortalecido. As filhas tinham crescido e mesmo os menores ajudavam aos finais de semana. “Eu tinha os 13 comigo. Agora estão chegando os netos aqui na barraca também. Tenho alguns funcionários de fora; são cerca de 20 garçons e uns três que olham as barracas. Os demais são filhos e netos”, orgulha-se.
A praia se transformou em sua casa definitiva. Dormiu muitas noites ali. E a clientela foi aumentando. De uma sombrinha lá no início, agora são 350, com mesas e cadeiras à disposição do público. Muitas pessoas acabam, marcando para se encontrar na praia e a principal referência é a barraca da Terezinha. “A gente atende mais de mil pessoas por dia no final de semana. “Quando dá 11 horas não tem mais mesa disponível. Hoje, tenho quatro barcos que comprei para transportar minhas mercadorias”, comemora.
Dona Terezinha confirma que o prato mais pedido dos clientes é o tradicional tucunaré frito e que a cada final de semana do mês de julho, quando o fluxo de pessoas é maior, ela chega a comprar 200 quilos de peixe, vendendo praticamente tudo. “Dificilmente sobra 5 quilos, graças a Deus”, celebra, contando que também oferece carne de sol, calabresa, isca de peixe e frango a passarinho.
E quando o rio sobe?
Questionada sobre o que faz da vida quando o rio sobe, as águas inundam a praia e os clientes desaparecem, ela tem uma resposta que vem acompanhada de uma gargalhada: “Aí eu tiro férias, fico dois, três meses em casa. Depois estamos de volta”.
Dona Terezinha diz que no passado gostava de visitar cada mesa, conversar com os clientes, mas teme fazer isso de uns anos para cá, com medo de pessoas que possam sondar quem ela é e tramarem algum tipo de maldade contra si. “Não visito mais os clientes na mesa. Eu fico com medo, fiz muito isso, mas não faço mais. Já tive que sair daqui de chapéu, toda coberta, disfarçada, com medo de pessoas suspeitas”, revela.
Por fim, instada a dizer como sonha em ver a praia pela qual se apaixonou, ela diz que a responsabilidade das pessoas em não jogar lixo na areia e dentro do rio, porque embora a Prefeitura faça sua parte, colocando coletores, falta consciência para os banhistas.
Sobre o presente de aniversário para este domingo, diz que ter saúde é a única coisa que pede a Deus, porque o resto, Ele já lhe concedeu. “Não adianta pedir muito hoje, porque está tudo muito bom”. (Ulisses Pompeu, Luciana Marschall e Nathália Viegas)