Correio de Carajás

ONU: mundo deve fazer ‘muito mais’ para frear a mudança climática

O relatório da ONU é a primeira fase do primeiro "balanço global" (Global stocktake) sobre o progresso nos objetivos do Acordo de Paris de 2015

Bandeiras dos países-membros balançam na parte de fora do prédio da Assembleia Geral, na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York - (crédito: Reprodução/Adam Rountree/Associated Press)

O mundo precisa fazer “muito mais, agora, em todas as frentes” para frear a crise climática, de acordo com a primeira avaliação global sobre os progressos nos objetivos do Acordo de Paris, publicada pela ONU nesta sexta-feira (8), 83 dias antes da COP28 em Dubai.

O documento foi publicado no momento em que os líderes das principais nações do G20 começam a se reunir em Nova Délhi, com poucas esperanças de alcançar progressos ambiciosos na questão climática.

Embora as emissões de gases com efeito de estufa dos Estados Unidos e da Europa tenham diminuído nos últimos anos, as da China (o principal emissor) e da Índia continuam aumentando.

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O relatório é a primeira fase do primeiro “balanço global” (Global stocktake) sobre o progresso nos objetivos do Acordo de Paris de 2015, incluindo o mais ambicioso, que consiste em limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

Os países que assinaram o acordo terão que tomar uma decisão política adequada às circunstâncias durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima.

A COP acontecerá de 29 de novembro a 12 de dezembro nos Emirados Árabes Unidos, após o verão mais quente já registrado na história, repleto de eventos climáticos extremos favorecidos pela mudança climática.

O relatório da ONU será a base indiscutível das negociações desta COP, que poderá ser a maior da história (90 mil participantes previstos) e que terá como questão central o futuro das energias fósseis como o carvão, o petróleo e o gás.

“O mundo não está no caminho certo para cumprir os objetivos de longo prazo do Acordo de Paris”, concluiu o relatório.

O aumento da temperatura já é de quase 1,2ºC em comparação com a era pré-industrial e os seus efeitos devastadores multiplicam-se a cada décimo de grau extra.

“Enquanto a ação continua, ainda há muito a ser feito em todas as frentes”, resumiu o documento.

Entre as condições essenciais para “uma transição energética justa para a neutralidade do carbono” está o abandono progressivo do uso de combustíveis fósseis cujas emissões não podem ser capturadas e o desenvolvimento de energias limpas.

Além disso, as emissões de gases de efeito de estufa devem atingir o pico antes de 2025 e diminuir 43% antes de 2030 e 60% antes de 2035, em comparação com os níveis de 2019, atingindo a neutralidade do carbono em 2050.

– Uma janela ‘está se fechando’ –

No entanto, o tempo passa e “uma janela está se fechando rapidamente para aumentar as ambições e implementar os compromissos existentes”, alertou o relatório.

O documento foi elaborado por um especialista sul-africano e seu homólogo americano, após anos de consultas com especialistas de países membros da Convenção-Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) e observadores de ONGs ambientais.

A ONU pediu mais esforços econômicos, principalmente aos países em desenvolvimento, a redução das emissões e uma maior adaptação à mudança climática.

“Os princípios fundamentais do Acordo de Paris ainda não são respeitados por todas as 197 partes”, mas “o fardo da resposta recai sobre 20 países” em primeiro lugar, disse Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, à AFP na quinta-feira, referindo-se às nações do G20.

O presidente da COP28 e da empresa petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, Sultan Al Jaber, respondeu apelando à “triplicação da energia renovável até 2030, à comercialização de outras soluções livres de carbono, como o hidrogênio, e ao desenvolvimento de um sistema energético livre de qualquer combustível fóssil sem captura de CO2”.

(Correio Braziliense)