Regulamentar discurso de ódio na internet “não é censura”, disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk. A declaração foi feita nesta sexta-feira (10), três dias após a Meta anunciar que vai suspender seu programa de verificação de fatos.
A empresa também alterou sua política contra discurso de ódio em posts no Facebook, no Instagram e no Threads. As diretrizes passaram a permitir, por exemplo, que termos referentes a doenças mentais sejam associados a gênero ou orientação sexual.
“Autorizar discursos de ódio e conteúdos prejudiciais na internet tem consequências no mundo real. Regular esse conteúdo não é censura”, disse Türk, na rede social X, cujo proprietário, Elon Musk, acusou os programas de verificação de informações de censurar vozes conservadoras.
Leia mais:O alto comissário também fez um apelo à “responsabilidade e governança no espaço digital, em conformidade com os direitos humanos”.
Na terça-feira (7), a Meta afirmou que seu programa de verificação de fatos será substituído por um sistema de notas da comunidade semelhante ao usado pelo X, em que os próprios usuários fazem correções ao conteúdo de postagens. A mudança começará pelos Estados Unidos.
Como argumento para sua decisão drástica, o fundador do Meta, Mark Zuckerberg, afirmou que os verificadores de fatos “estão muito politizados e contribuíram para reduzir a confiança em vez de melhorá-la, especialmente nos Estados Unidos”.
Segundo ele, a Meta busca “restaurar a liberdade de expressão em suas plataformas”.
O anúncio da Meta ocorre após republicanos dos EUA como o empresário Musk, que é próximo do presidente eleito Donald Trump e fará parte do governo americano, reclamarem nos últimos anos sobre os programas de verificação de fatos, considerando-os uma forma de “censura”.
O programa de verificação de conteúdo inclui parcerias com veículos jornalísticos. A Meta paga para usar verificações de cerca de 80 organizações ao redor do mundo no Instagram, no Facebook e no WhatsApp.